sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Ademilde Fonseca

(São Gonçalo do Amarante/RN, 4/3/1921 ****** Rio de Janeiro/RJ, 27/3/2012)

A cantora Ademilde Fonseca nasceu no Povoado de Pirituba, no município de São Gonçalo do Amarante (RN). Mudou-se para Natal (RN) aos quatro anos de idade, onde morou até o início da década de 40.

Casou-se com o músico Naldimar Gedeão Delfim, com quem foi para o Rio de Janeiro, em 1941.

Em 1942, quando tinha 21 anos de idade, Ademilde Fonseca decidiu cantar durante uma festa, acompanhada por Benedito Lacerda e seu regional, uma música que conhecia desde criança: o choro "Tico-Tico no Fubá", de Zequinha de Abreu. Acabou sendo levada aos estúdios de gravação para registrar a tal façanha. Sucesso total. A partir daí, vieram outros lançamentos imortais, como "Apanhei-te Cavaquinho", "Urubu Malandro" (com letra), "Rato, Rato, Teco-Teco", "Pedacinhos do Céu", "Acariciando", além de "Brasileirinho" e do baião "Delicado". Essas duas últimas acabaram rodando o mundo em sucessivas regravações internacionais.

Em 1944 foi contratada pela Rádio Tupi. Tocou com grandes músicos, como Waldir Azevedo, Claudionor Cruz, Garoto, Severino Araújo, Jacob do Bandolim, Pixinguinha, Canhoto, Radamés Gnattali e maestro Chiquinho.

Em 1950, Ademilde Fonseca teve enorme sucesso com a gravação de outro choro clássico, "Brasileirinho", de Waldir Azevedo e Pereira da Costa.

Ela foi a criadora do choro cantado. Foi também a primeira cantora nordestina a tomar de assalto o país com esse gênero gracioso, brejeiro e bastante difícil de ser cantado. Ademilde Fonseca tirou de letra aqueles intervalos criados normalmente para serem executados por instrumentos, que não têm as limitações da escala vocal. Com um aparelho vocal para lá de privilegiado, ela ainda conseguiu manter uma dicção impecável e clara em suas interpretações.

Ademilde teve algumas chances de se apresentar fora do país. Em 1952, cantou em Paris, numa festa dada por Assis Chateaubriand aos vips locais, e, em 1984, abriu o carnaval brasileiro de Nova York. Ela ainda atuou muitos anos nas rádios Tupi e Nacional, até o fechamento dessa última, em 1964. Depois, chegou a defender um belo choro de Pixinguinha e Hermínio Bello de Carvalho ("Fala Baixinho") no II Festival Internacional da Canção da TV Globo, em 1967, e teve um expressivo revival nos anos 70 com apresentações concorridas no Teatro Opinião, gravando dois novos discos.

Chegou a pensar em se aposentar, mas nunca a deixaram abandonar a música.

Com mais de sessenta anos de carreira, Ademilde Fonseca confessava que só não fora mais longe por pura acomodação. E que só nos últimos anos de carreira se deu conta de seu valor e de que ninguém jamais cantou choro como ela. Ao mesmo tempo, a cantora não estranhava as novas tendências musicais como o funk e o rap. Achava tudo muito natural, parte das mudanças que a música vinha sofrendo ao longo dos tempos. Aliás, serenidade é uma boa palavra para definir o jeito de Ademilde, embora ela fosse uma pessoa muito ativa. Não parava em casa e estava sempre atenta às novidades do mundo via TV.

Romântica, admitia que não resistia a vozes como as de Orlando Silva e Lucho Gatica.

Desde 1997 integrava o conjunto As Eternas Cantoras do Rádio.

Em 2001, Ademilde Fonseca participou do CD Café Brasil, produzido por Rildo Hora, ao lado de Marisa Monte, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Henrique Cazes, Leila Pinheiro e o conjunto Época de Ouro, entre outros.

Quando, em 2001, completou 80 anos, Ademilde Fonseca recebeu duas homenagens. Em São Paulo, ela foi recebida na Rua do Choro, com direito a um recital dos chorões locais. E em Pirituba, onde nasceu, teve uma praça batizada com seu nome. Ela aproveitou a viagem a sua terra e abriu o Projeto Seis e Meia em Natal, no Teatro Alberto Maranhão.

Ademilde mesmo com idade avançada continuava trabalhando. Uma semana antes de falecer fez um show em Porto Alegre e no dia anterior à sua morte gravou dois programas da Globo News.

Conhecida como a "Rainha do chorinho", ela tinha 91 anos e sofria problemas cardíacos. Segundo a neta, Ana Cristina, Ademilde sofreu um mal súbito e morreu em casa, por volta das 23h.

Ademilde deixou uma filha, a também cantora Eimar Fonseca, três netas e quatro bisnetos. O enterro da cantora foi realizado no Cemitério São João Batista, em Botafogo.

Fonte: Cliquemusic, Kuarup Discos e G1.

Nenhum comentário:

Postar um comentário