segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Neguinho do Samba

(Salvador/BA, 21/6/1954 ---------- Salvador/BA, 31/10/2009)

Nascido em 1954, na região do Dique do Tororó, Neguinho do Samba (Antonio Luís Alves de Souza) é terceiro da fila de 14 irmãos. Já mostrando intimidade com a música, montou um grupo de percussão com meninos que tinham entre 11 e 12 anos, do bairro onde morava, tocando em tambores feitos a partir de latas de leite e sacolas de supermercado. Aos 13 anos, começou a tocar em blocos de carnaval, como Coruja, Internacionais e blocos de percussão como Filhos da Liberdade, Ritmistas do Samba.

O apelido tem a ver com o ritmo que aprendeu a tocar ainda na infância. “Comecei a fazer som na bacia de roupa da minha mãe”, a lavadeira Nilza Souza, ajudando nos afazeres dela. Com medo de apanhar da mãe, já que ela sempre tinha que repor sua ferramenta de trabalho, já avariada, o pequeno percussionista chamou um marceneiro que conhecia para colocar uma placa de madeira na bacia. No entanto, como a madeira é um material duro, ele precisou providenciar outro instrumento para exercitar suas habilidades musicais.

Fundador da escola de percussão do Olodum e do bloco Didá, ele também foi o inventor do ritmo "samba-reggae", modificando tambores para conseguir afinações e sonoridades diferentes, criando um ritmo musical único, com a cara da Bahia.

O projeto Didá nasceu pelas mãos de Neguinho, que via a necessidade de oferecer para as mulheres, principalmente as negras, um espaço para expor suas idéias e desenvolver atividades. Didá é uma associação cultural e sem fins lucrativos fundada em 1993 e que atua promovendo gratuitamente atividades educativas com base na arte e nas manifestações populares criadas e mantidas pelos africanos e por seus descendentes.

Atualmente, a instituição oferece 11 cursos - percussão, dança afro, teatro, capoeira, artesanato, canto, bateria, violão, cavaquinho, teclado e sopro, e chega a atender entre 600 a 800 crianças e adolescentes por ano.

Além dos cursos, o projeto se estende ao bloco afro carnavalesco, loja de artigos Didá e o projeto Sòdomo, centro de aprimoramento feminino Didá Banda Feminina.

Filho de um tocador de "bongô" e de uma lavadeira, Neguinho foi eletricista, ferreiro e camelô. Sua música chegou a ser internacionalmente reconhecida. Maestro do Olodum, tocou com David Byrne, Paul Simon e Michael Jackson. Com Simon, o Olodum gravou o CD "The Rhythm of the Saints", em 1990. Feliz com o resultado do trabalho, Simon procurou o músico e lhe ofereceu um carro importado como forma de agradecimento. Neguinho agradeceu a oferta, mas preferiu mudar o presente, e, em vez de um carro, escolheu uma casa no Pelourinho, no mesmo valor, onde fundou sua escola.

Neguinho do Samba aparece no clipe de Michael Jackson They Don't Care About Us, vestido nas cores do pan-africanismo (verde, amarelo e vermelho) regendo os percussionistas do Olodum. Ele foi responsável pelo arranjo de percussão para a música de Michael Jackson, cujo clipe foi gravado no Pelourinho, em 1996. À época, ele comandava o grupo Olodum, onde ajudou a formar a escola de percurssão.

Neguinho do Samba, morreu aos 54 anos, vítima de uma parada cardíaca. Ele era diabético e cardiopata e deixou sete filhos.

O músico foi velado na Câmara dos Vereadores e o enterro foi realizado no Cemitério Jardim da Saudade, em Salvador.

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