sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Nhô Pai

(Paraguaçu Paulista/SP, 28/3/1912 ******* Paraguaçu Paulista/SP, 12/3/1988)

O cantor e compositor João Alves dos Santos, artisticamente conhecido como Nhô Pai, é considerado um dos grandes do universo da música regionalista brasileira.

Fez grande sucesso nas décadas de 1940 e 1950, interpretando rasqueados, música na qual as cordas da viola são puxadas todas ao mesmo tempo com as costas dos dedos, e muito utilizadas nas polcas paraguaias.

A partir de 1930, passou a atuar com Nhô Fio. Nos anos 1940, fez diversas atuações com Nhá Zefa, com quem gravou inúmeros discos. Em 1940, gravou com Nhá Zefa a toada "Nunca mais que a gente esquece", de Tirso Pires e Laureano, e a moda de viola "Num tenho medo de home", de Ariovaldo Pires e Nhá Zefa. Em 1941, gravou com Nhá Zefa e Ariovaldo Pires, o Capitão Furtado, o cateretê "Agricultura hoje tem seu lugar", de Ariovaldo Pires e Laureano. No mesmo ano, gravaram as modas-de-viola "Outro drama da vida", de Nhá Zefa e Ariovaldo Pires, "Moda da fila", de Nhá Zefa e Sereno, e "Tenho visto", de Nhá Zefa e Ariovaldo Pires. Em 1942, formou dupla com Tonico, da dupla Tonico e Tinoco, e interpretaram o rasqueado "Casinha de carandá", de sua autoria, e a valsa "Gauchita", de Zé Mané. No mesmo ano, gravou com Nhô Fio a moda de viola "O Brasil entrou na guerra", de sua autoria e Ariovaldo Pires, e o rasqueado "Fronteira", com Edgard Cardoso.

A partir de 1943, foi-se embrenhando cada vez mais na fronteira paraguaia. Naquele ano, empreendeu excursão por todo o Estado de São Paulo e mais Triângulo Mineiro, Goiás e Mato Grosso, dirigida pelo Capitão Furtado e contando ainda com Nhá Fia e Mário Zan. Atravessaram pastos em carros de bois, viajaram em caminhões de mudança, apresentando-se em todos os lugares possíveis, cinemas, salões de igrejas e pracinhas. Em 1943, gravou com Nhá Zefa a moda de viola "Meu carro encrencô", de Laureano e Irmãos Cachoeira. Em 1944, gravou com Nhô Fio, de sua autoria e do parceiro de dupla, o desafio "Corinthians x São Paulo", introduzindo na música sertaneja um elemento naquele momento mais caracteristicamente urbano, que era o futebol.

Em 1945, gravou com Nhô Fio a toada "Meu Brasil", de sua autoria e Jota Efegê. No mesmo ano, as Irmãs Castro gravaram o corrido "Beijinho doce", que se transformaria no seu maior sucesso e num dos maiores clássicos da música popular no Brasil. "Beijinho doce" foi regravado inúmeras vezes, entre as quais por Adelaide Chiozzo e Eliana, em forma de valsa, incluída no filme "Aviso aos navegantes", em 1950, e em ritmo de baião por André Penazzi em 1952. Em 1976, a cantora da Jovem Guarda Nalva Aguiar gravou "Beijinho doce", que se tornou novamente um grande sucesso, estabelecendo um segundo marco na migração de artistas da Jovem Guarda para o gênero sertanejo. Em 1946, a dupla Zé Pagão e Nhô Rosa gravou a moda de viola "Caboclo de azar", de sua autoria. No mesmo ano, Luizinho e Limeira gravaram o tango "Vinte anos a mais", com Luizinho, e a valsa "Cidade feitiço", com Limeira. Em 1947, gravou com Nhá Fia a moda de viola "Burro satanás", de sua autoria e Sebastião Gody, e a valsa "Choro sim", de Pedro Paraguaçu e Paulo Patrício. No mesmo ano, viajou para Mato Grosso com Nhô Fio e Riellinho, compondo na ocasião diversas chalanas, entre as quais "Casinha de carandá", em parceria com Bolinha, e grande sucesso com Cascatinha e Inhana. No mesmo período, a dupla Torres e Florêncio gravou de sua autoria, Raul Torres e Godoy, a moda-de-viola "Égua branca".

Em 1952, gravou com Fiico a valsa "Araçatuba", de sua autoria, e o rasqueado "Eu queria saber", de Sebastião Godoy. Em 1953, a dupla Palmeira e Biá gravou de sua autoria o valseado "Sombranceia grossa". Em 1954, a dupla Cascatinha e Inhana gravou a valsa "Com Deus". Gravaram também de sua autoria, "Iracema" e "Seu aniversário". Em 1955, compôs com Mário Zan o tango "Amor e ciúme", gravado pelo próprio Mário Zan e "Coração sem dono", gravado pelo Duo Irmãos Vieira. Entre seus parceiros estão Ariovaldo Pires, com quem compôs "Meus oito anos", Piraci, com quem fez o rasqueado "Lencinho nanduty", e Mário Zan, com quem compôs "Orgulhosa" e "Seriema".

Deixou mais de 50 composições. Nhô Pai deixou um expressivo repertório de composições em nossa música caipira, tendo tido diversos parceiros como Riellinho, Ariowaldo Pires, Piraci, Ado Bennati, Nalva Aguiar, Sulino, Mario Zan e Raul Torres, além dos já citados Nhô Fio e Nhá Zefa.

Paraguaçu Paulista, por ser sua terra natal, tinha a presença constante do artista, seja dirigindo o famoso "Circo Nhô Pai", seja em shows beneficentes com seus vários parceiros.

Em 2002, o corrido "Beijinho doce" foi regravado pelas Irmãs Galvão em CD lançado pela Chantecler. Em 2007, teve sua música "Beijinho doce" regravada por Mazinho Quevedo e Tinoco, no álbum ao vivo "Coração caipira", do selo Som Livre, produzido por Mazinho Quevedo, Tinoco e José Carlos Perez.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB.

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