quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Tinoco

(Pratânia/SP - até 1993 distrito de Botucatu, 19/11/1920 ****** São Paulo/SP, 4/5/2012)

José Perez, o Tinoco, era filho do imigrante espanhol Salvador Perez, chegado ao Brasil em 1892, com cinco anos de idade. Instalou-se na região de Botucatu. Dedicou-se ao trabalho agrícola, ao desbravamento do sertão e criação de novas fazendas. Entre muitas fazendas trabalhou numa propriedade da família de Ademar de Barros. Lá se casou com a filha de outro peão que era sanfoneiro. Os irmãos João e José cresceram sob a influência musical dos avós maternos que tocavam em bailes de aniversário e casamento. O avô Olegário era o mais famoso e solicitado tocador de sanfona de oito baixos da região. Na família da mãe todos eram músicos. Havia também o tio materno, José, renomado sanfoneiro com quem João (Tonico) conviveu até sete anos. Ainda meninos na fazenda Vargem Grande começaram a cantar com o violeiro Virgílio de Souza, que lhes apresentou a primeira viola. A família mudava-se constantemente de fazenda em fazenda. Na fazenda Tavares, em Botucatu conheceram o violeiro Bonifácio Bonetti, que os ensinou os primeiros acordes de violão. Lá começam a animar as primeiras festinhas cantando serenatas. Em 1937 mudam-se para Sorocaba onde continuam apresentando-se em festas de bairro, ao mesmo tempo em que José trabalhava como engraxate e João na pedreira Santa Helena.

Tinoco formou uma das duplas sertanejas mais famosas e respeitadas do País ao lado do irmão mais novo João Salvador Perez, o Tonico, ainda nos anos 30.

Com a paixão pela música herdada dos avós maternos, Olegário e Izabel, Tonico e Tinoco começaram a carreira em 1930, quando moravam em Botucatu, no interior de São Paulo. A primeira apresentação profissional aconteceu cinco anos mais tarde, junto com um primo, em show em uma quermesse local.

Em 1941 a família se mudou para a capital paulista e, devido às dificuldades financeiras, começaram a fazer apresentações aos finais de semana, ao lado de Raul Torres Florêncio, como o trio Os Três Batutas do Sertão.

Increveram-se em um programa de calouros na Rádio Emissora de Piratininga, chegando à final do concurso, quando foram aplaudidos de pé pelo público. Outros violeiros da competição também se emocionaram e cumprimentaram a dupla que já dava sinais de sucesso. A partir daí começaram a colher os frutos e, no início da década de 50, já eram considerados um dos maiores nomes da música sertaneja no País.

Nos anos 60, realizaram quase mil gravações, dividas em 83 álbuns. A dupla teve fim com a morte de Tonico, em 1994.

Em 2010, Tinoco foi homenageado por Roberto Carlos durante a gravação do especial "Emoções sertanejas". Na ocasião, Tinoco completava 90 anos e 75 de carreira e, no palco, ao receber uma placa das mãos de Roberto Carlos e Chitãozinho e Xororó, afirmou que aquela era a saudação mais importante que havia ganhado por sua trajetória até então. "É a maior pelo valor humano. Sabe o que é o valor humano? É a coisa mais linda que nós temos", disse.

Tinoco morreu no Hospital Municipal Ignácio de Proença de Gouvêa, na Mooca. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, ele deu entrada no hospital na noite do dia 3 com insuficiência respiratória e morreu à 1h42. Tinoco tinha 91 anos e seis filhos.

O corpo de Tinco foi velado no Cemitério da Quarta Parada, no Belém, Zona Leste de São Paulo. O enterro ocorreu no Cemitério da Vila Alpina, também na Zona Leste.

Fonte: G1

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