(Palmeira dos Índios/AL, 1933 ******* Caruaru/PE, 2/3/2001).
Sebastião Jacinto Silva foi um cantor, compositor e mestre do coco de roda.
O alagoano foi para Caruaru no final da década de 50, para cantar nos programas de rádio. O chapéu era a sua marca registrada.
Discípulo de Jackson do Pandeiro. Iniciou a carreira em 1942. Seu trabalho serviu de inspiração para bandas pernambucanas como a Cascabulho.
Em 1962 gravou na Mocambo seu primeiro disco com o baião "Justiça divina", de Onildo Almeida e a moda de roda "Bambuê bambuá", de Joaquim Augusto e Luiz Plácido. No mesmo ano, teve o rojão "Moça de hoje", parceria com Ari Lobo gravado na RCA Victor pelo próprio Ari Lobo. Em 1963, na mesma gravadora gravou de sua autoria o coco "Coco trocado" e de Onildo Almeida, a moda de roda "Chora bananeira". No mesmo período, registrou de Genival Lacerda e Antônio Clemente, o rojão "Carreiro novo".
Em 1964 gravou dois dos últimos 78 rotações da série 15.000 da Mocambo com a moda de roda "Aquela rosa", de sua autoria e o coco "Na base do tamanco", parceria com José Maurício. Na ocasião, os discos foram divididos com Toinho da sanfona, que gravou no lado B. Em 1966 lançou o LP "Cantando", pela gravadora CBS.
Em 1973 participou do disco "Forró na palhoça" lançado pela CBS no qual interpretou "Tarrabufado", de sua autoria e Isabel Biluca e "Flor de croatá", de João Silva e Raimundo Evangelista.
No ano de 1974 lançou pelo selo Tropicana-Cantagalo o LP "Eu chego lá", que na época recebeu calorosa crítica do jornalista José Ramos Tinhorão, que a respeito do disco afirmou: "... desfilam toadas agalopadas como "Flor de Croatá", cocos como "Coco do pandeiro", mazurcas nordestinas como "Eu chego já", baiões de ritmo acelerado como "Tentar esquecer", sambas-baiões como "Concurso de voz", gêneros desconhecidos como mineiro-pau: uma estranha mistura que lembra ao mesmo tempo o ritmo do calango e, mais longinquamente, dos sambas de partido alto cariocas."
Em 1978, teve o baião "Abôio de vaqueiro", com Zé Cacau, gravado pelo trio de forró Os Três do Nordeste no LP "Forró do poeirão".
Já em 2000 lançou pela Manguenitude o CD "Só não dança quem não quer", produzido por Zé da Flauta, com participações especiais de Chico César, Vange Milliet, Mestre Ambrósio, Marcos Suzano, Toninho Ferraguti e Bocato. Destacaram-se no disco, "Fumando mais Tonha", "Coco trocado", "Chora bananeira" e "Abaio de vaqueiro".
Em 2000, ao lado do cantor Silvério Pessoa, Jacinto gravou um clipe que foi exibido no Abril Pro Rock.
Ao longo da carreira gravou 24 LPs e dois CDs.
Em 2001 recebeu um tributo do cantor e compositor Silvério Pessoa, ex líder do grupo Cascabulho, no CD "Bate o mancá", com músicas de Jacinto Silva, que aparece em algumas vinhetas ao longo do disco. Foram selecionadas 14 músicas do compositor e cantor alagoano, entre as mais de 200 de sua autoria.
Um cômodo da casa onde a família mora em Caruaru abriga todas as lembranças da carreira do cantor e é uma espécie de memorial da vida e da obra dele. Reportagens, discos e fotos de shows que fez por todo o país estão expostos nas paredes da sala.
“O objetivo é preservar a memória do cantor Jacinto Silva, para que, no futuro, os bisnetos venham conhecer a história dele”, conta a filha do músico, Penha Maria Jacinto Silva.
Jacinto Silva era admirado por grandes músicos da MPB, como Xangai. “Ele tinha o dom de fazer música utilizando a fragmentação rítmica e o trava língua”, diz.
O compositor Juarez Santiago guarda em casa 18 discos do ídolo. A parceria entre eles começou em 1968. A partir daí, Jacinto gravou 25 músicas de Juarez, entre elas, “Quero ver rodar”.
O cantor Valdir Santos compôs uma canção em homenagem ao ídolo. O próximo disco dele trará uma música inédita de Jacinto, intitulada “Igarapé”.
“Ele tinha a principal característica que só grandes almas têm, que se chama generosidade. Isso era muito claro na pessoa de Jacinto. E no profissional, a sabedoria, a arte de colocar palavras e a forma difícil de cantar”, conta Valdir Santos.
Vítima de cirrose hepática, ele deixou a esposa Maria Lieta, com quem foi casado por 40 anos. “Ele amava e deixava qualquer coisa pela música”, conta a viúva.
Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB; Globo.com
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