sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Mazzaropi

(São Paulo/SP, 9/4/1912 ******* Taubaté/SP, 13/6/1981)

Amácio Mazzaropi foi um ator, cantor e cineasta.

Filho de Bernardo Mazzaroppi, imigrante italiano e Clara Ferreira, portuguesa, com apenas dois anos de idade sua família mudou-se para Taubaté, no interior de São Paulo. O pequeno Amácio passou longas temporadas no município vizinho de Tremembé, na casa do avô materno, o português João José Ferreira, exímio tocador de viola e dançarino de cana verde. Seu avô também era animador das festas do bairro onde morava, às quais levava seus netos que, já desde cedo, entram em contato com a vida cultural do caipira, que tanto inspirou Mazzaropi.

Em 1919, sua família voltou à capital e Mazzaropi ingressou no curso primário do Colégio Amadeu Amaral, no bairro do Belém. Bom aluno, era reconhecido por sua facilidade em decorar poesias e declamá-las, tornando-se o centro das atenções nas festas escolares. Em 1922 morreu o avô paterno e a família mudou-se novamente para Taubaté, onde abriram um pequeno bar. Mazzaropi continuou a interpretar tipos nas atividades escolares e começou a frequentar o mundo circense. Preocupados com o envolvimento do filho com o circo, os pais mandaram Amácio aos cuidados do tio Domenico Mazzaroppi em Curitiba, onde trabalhou na loja de tecidos da família.

Estudou muito pouco e não chegou a terminar o curso ginasial. Quando adolescente, era fã da dupla de atores Genésio e Sebastião de Arruda. Com 15 anos de idade, assistindo a um espetáculo de circo, sem saber como, acabou indo parar nos bastidores e dali terminou trabalhando como pintor de letreiros.

Iniciou a carreira artística apresentando-se em circos, pois logo trocou os pincéis por um personagem vestido de caipira. Foi para o interior e começou a apresentar monólogos cômico-dramáticos. O sucesso foi imediato, porém os rendimentos eram extremamente baixos. O salário de cerca de 25 mil-réis quase não dava para as despesas diárias. Quando formou sua própria companhia, a situação começou a mudar, tornou-se conhecido e todos os circos começaram a requerer a sua presença.

Em 1946, iniciou-se na Rádio Tupi de São Paulo. Em 1950, estreou na TV, no Canal 6, Tupi do Rio de Janeiro. De 1959 a 1962, apresentou programa na TV Excelsior de São Paulo. Em 1952, participou de seu primeiro filme. Foi convidado pelo autor de peças para o Teatro Brasileiro de Comédia, Abílio Pereira de Almeida, que ficara deslumbrado ao vê-lo atuar em um programa de televisão, para fazer um teste. Passou e Abílio Pereira dirigiu Mazzaropi no filme "Sai da frente". Nascia naquele filme o personagem característico de Mazzaropi, o Jeca, um tipo caipira de andar desengonçado, fala mansa, usando roupas curtas e sujas.

Em 28 anos de carreira fez 31 filmes, entre os quais "Chofer de praça", "Pedro Malazartes", "O vendedor de lingüiças", "O corinthiano", "Casinha pequenina", "Lamparina", uma sátira a Lampião, "No paraíso das solteironas", "Jeca Tatu", um de seus maiores sucessos, "Uma pistola para Djeca", "Betão Ronca Ferro", O grande xerife", "Um caipira em Bariloche", "Portugal... minha saudade", "O jeca macumbeiro", "Jeca e seu filho preto", "O jeca contra o capeta", "Um fofoqueiro no céu", "A banda das velhas virgens" e seu último filme "O jeca e a égua milagrosa".

Em 1961, filmou um dos maiores sucessos do cinema brasileiro, "Tristeza do jeca", inspirado na música de autoria de Angelino de Oliveira, com o mesmo título e gravada por diversos artistas. O filme, com direção musical de Hector Lana Fietta, apresentava-o e Agnaldo Rayol cantando e solos de acordeom por conta de Mário Zan.

Em seus filmes Mazzaropi sempre incluiu música popular, da sertaneja ao rock. A maioria deles foi musicada pelo paulista Elpídio dos Santos.

Como cantor, Mazzaropi fez sua primeira gravação em 1956, num 78 rpm pela RGE. Num dos lados cantou sozinho o fox "Na piscina de madame", de Elpídio dos Santos e Conde, e no outro, com Lolita Rodrigues, a marcha "Nhá Carola", de Hudson Gaia "Petit". Em 1958, gravou duas composições de Bolinha, a guarânia "Não chores mais" e o baião "Isabé". Em 1960, o xote "Azar é festa", de Ado Benatti e Zé do Rancho, e a toada "Fogo no rancho", de Elpídio dos Santos e Anacleto Rosas Jr. Em 1961, gravou as toadas "Saudade", de Bolinha, e "Jóia do sertão", de Eli Silva e César Brasil.

Praticamente a totalidade de suas interpretações musicais em seus filmes está registrada nas coletâneas "Os grandes sucessos de Mazzaropi" e "Os grandes sucessos de Mazzaropi", volume I.

Mazzaropi foi homenageado pela dupla Pena Branca e Xavantinho, que, no LP "Cantadó de mundo afora", gravado em 1990 pela Continental, interpretou a toada "Mazzaropi", de Jean e Paulo Garfunkel.

Querido pelo povo, os cinemas, especialmente os do interior, enchiam com a simples menção de seu nome. Mazzaropi foi popularmente saudado como sendo O Carlitos brasileiro, em alusão ao universalmente conhecido personagem de Charles Chaplin.

Faleceu em 1981, no Hospital Albert Einstein, de câncer na medula, deixando como herança, além de seus filmes, uma produtora com tudo funcionando perfeitamente, estúdios, máquinas e filmes virgens, que foi tocada adiante por seus filhos adotivos, Péricles Batista e João Batista de Souza. Deixou parte de sua imensa herança para seus antigos funcionários.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB / Wikipédia.

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