sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Padeirinho

(Rio de Janeiro/RJ, 4/3/1927 ******* Rio de Janeiro/RJ, 21/1/1987)

Osvaldo Vitalino de Oliveira, conhecido como Padeirinho, foi um cantor e compositor criado no Morro da Mangueira e que começou a compor seus sambas aos doze anos de idade.

Cantava seus sambas pelas biroscas e tendinhas do morro, quando seu cunhado Geraldo da Pedra o levou para apresentar-se na Ala dos Compositores da Mangueira. Padeirinho cantou o samba "Mangueira desceu para cantar" e, apesar de a música ter sido censurada por usar o "Hino da Marinha", tornou-se integrante da ala.

O apelido "Padeirinho" lhe foi dado por ser filho de padeiro.

Trabalhou como funcionário do Cais do Porto (Estivador) e da Limpeza Pública do Rio de Janeiro.

Tocava vários instrumentos de percussão, entre eles pandeiro e tarol, sendo considerado habilidoso nos improvisos e partido-alto.

Ao 20 anos, ingressou na Ala dos Compositores da Mangueira, sendo já integrante da bateria da escola.

Compôs também uma música em homenagem aos brasileiros que participaram da Segunda Guerra Mundial, "Brasileiro na Guerra".

Com Joaquim dos Santos escreveu "Mora no assunto", que viria a ser a sua primeira composição gravada, obtendo sucesso na voz de Jamelão, pela gravadora Sinter, em 1950.

É de sua autoria o samba-enredo "Homenagem a Getúlio Vargas - O grande presidente", com o qual a Mangueira desfilou em 1956, classificando-se em terceiro lugar no Grupo 1. No ano seguinte, em 1957, Germano Matias gravou "A situação do escurinho", parceria com Aldacir Louro, em 78 rpm lançado pela gravadora Polydor.

Com o parceiro Ferreira dos Santos, compôs "Linguagem de morro" e "Fofoca no morro", sambas muito conhecidos no morro da Mangueira em 1961 e 1965, respectivamente. Ainda na década de 1960, participou das rodas de samba produzidas por Tereza Aragão no Teatro Opinião do Rio de Janeiro, ao lado de Dalmo Castello, Nelson Cavaquinho, Paulinho da Viola e Baianinho. Por essa época, foi convidado a atuar no show "O samba pede passagem", no Teatro Opinião, com Jorge Zagaia e Bide. Logo após, apresentou-se em vários programas de rádio e televisão.

Várias composições suas conseguiram êxito, não só no reduto da Mangueira, antes de serem gravadas, como também nas emissoras, nas vozes de Paulinho da Viola ('Cavaco emprestado'), Quarteto em Cy, Eliana Pittman, Nara Leão, Noite Ilustrada, Isaurinha Garcia e Jamelão.

Entre suas composições mais conhecidas destacam-se "Cuidado, menina" (c/ Ismael Batista) e "Rio, carnaval dos carnavais" (c/ Moacir da Silva e Nílton Russo) de 1971, e ainda "Homenagem a Getúlio Vargas - O grande presidente" e "A mais querida", as quais ele próprio gravou como intérprete para a etiqueta Marcus Pereira em 1974, no LP "História das escolas de samba: Mangueira". Neste mesmo ano de 1974 Zuzuca gravou de sua autoria "Náufrago", em pareria com Ary Guarda.

Em 1975, Leci Brandão, no disco "Antes que eu volte a ser nada", incluiu de sua autoria "A mais querida". Ainda em 1975 Jorginho do Império interpretou "Mais como é linda", de Padeirinho, no disco "Viagem encantada", lançado pela gravadora Phonogran.

No ano de 1980, em seu disco "Na fonte", Beth Carvalho interpretou "Salve a Mangueira" (c/ Quincas do Cavaco). No ano seguinte, participou de um show produzido pela Funarte ao lado de Xangô da Mangueira, Nelson Sargento, Preto Rico e Babaú da Mangueira, que percorreu diversas cidades, dentre elas São Paulo, São Bernardo do Campo e teatros do Rio de Janeiro.

No ano de 1984 interpretou "Festa da Penha" (Cartola e Asobert) no LP "Cartola entre amigos", disco no qual também participaram Creusa (filha de Cartola), Dona Neuma, Nuno Veloso, Aluisio Dias, Cartola, Monarco, Doca da Portela, Nadinho da Ilha e Paulo Marquês. Faleceu em 1987, pouco antes de começar a gravar o seu primeiro disco solo, já programado.

Faleceu dois meses após a morte de sua esposa Mida, com quem conviveu por 40 anos.

Seus filhos Bira Show e Birinha são percussionistas renomado no meio do samba, requisitados para acompanhar diversos artistas em shows e discos, principalmente a Velha-Guarda da Mangueira.

No ano de 1989 Katsunori Tanaka produziu para o mercado japonês (Selo Office Sambinha) o disco "Mangueira chegou" com a Velha Guarda da Mangueira, no qual foram incluídas de sua autoria "Partido alto do Padeirinho" e "Amargura", esta em parceria com Quincas do Cavaco. Neste mesmo ano, Neguinho da Beija-Flor no disco "Carente de afeto" incluiu de sua autoria "Favela".

Na década de 1990 o disco "Cartola entre amigos" foi relançado em CD pelo selo Atração Fonográfica.

Em 1998 várias de suas músicas foram gravadas no CD "Chico Buarque de Mangueira", entre elas "Favela" (c/ Jorginho Pessanha), gravada por Cristina Buarque, "Linguagem de morro" (c/ Ferreira dos Santos), na voz de João Nogueira, e "Como será o ano 2000?", interpretada por Carlinhos Vergueiro e Cristina Buarque. No ano seguinte foi gravado o disco "Velha-Guarda da Mangueira e convidados", no qual foi incluída uma composição sua em parceria com Quincas do Cavaco, "Salve a Mangueira".

No ano 2000, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, através da Secretaria de Cultura, e o Arquivo-Geral produziram o disco "Mangueira, sambas de terreiro e outros sambas". Neste CD, produzido por Lélia Coelho Frota, foram resgatadas de fitas cassetes várias composições de Padeirinho por ele interpretadas e gravadas na época, década de 1960, por Hermínio Bello de Carvalho. Entre estas composições, destacaram-se "Decepção de um autor", "O remorso me persegue" e "Modificado", todas com Nelson Sargento ao violão e coro de Carlos Cachaça. Neste mesmo ano de 2000 a gravadora Nikita Music lançou para o mercado brasileiro o disco "Mangueira Chegou" (Velha Guarda da Mangueira).

No ano de 2005 foi lançada pela Editora Hedra a biografia "Padeirinho da Mangueira - retrato sincopado de um artista", de Franco Paulino, com apresentação de Nei Lopes. Neste mesmo ano sua composição "C'est fini", em parceria com Nei Lopes, foi incluída no CD "Estava faltando você", de Nilze Carvalho.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB.

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