terça-feira, 27 de novembro de 2012

Zaíra de Oliveira

(1891 ***** Rio de Janeiro, 15/08/1952)

Cantora soprano obteve formação clássica pelo Instituto Nacional de Música, atual Escola Nacional de Música.

Em 1921, venceu um concurso de canto na escola de música, principal orgão oficial no ensino de música na então Capital Federal, mas não pode receber o prêmio por ser negra.

Fez parte do "Coral brasileiro", integrado entre outros por Bidú Saião e Nascimento Silva e idealizado por Eduardo Souto. Em 1922,apresentou-se na Exposição do Centenário da Independência do Brasil em uma barraca montada pela Rádio Sociedade que tinha um estúdio na Exposição. A orquestra popular foi montada pelo maestro Pixinguinha e contou ainda com as participações dos Oito batutas e Bonfiglio de Oliveira.

Estreou em discos em 1924, na Odeon, gravando seis músicas, os fox-trot "Cabeleira a la garçone", com arranjos de Pedro de Sá Pereira e "La monteria", de J. Guerrero; o cateretê "Choroso", de autor desconhecido e as canções "Cantiga", "Amargura" e o fado-tango "Guitarrada", as três de Eduardo Souto. Apresentou-se na Rádio Sociedade do Rio de Janeiro acompanhada do regional de Canhoto.

Em 1925, participou de um festival artístico no Teatro Municipal de Niterói e na ocasião interpretou "Tosca", de Puccini; "Berceuse", de Alberto Nepomuceno; "Schiavo", de Carlos Gomes; "A despedida", de Eduardo Souto e Bastos Tigre e "Cantiga praiana", de Eduardo Souto e Vicente Carvalho. Nesse ano, fez sucesso no carnaval com o fox-trot "Cabeleira a la garçone".

Em 1926, fez uma série de oito gravações em dueto com o cantor Bahiano interpretando as marchas "O teu olhar", de autor desconhecido e "Quando me lembro", de Eduardo Souto e João da Praia; o cateretê carnavalesco "Eu só quero é conhecer", de Eduardo Souto e o cateretê "Caboclo véio"; a canção "Cale a boca" e os sambas "Que tem, tem"; "Um caso sério" e "Seu Cabral gostou", de autores desconhecidos. Por essa época, apresentou-se com Catulo da Paixão Cearense e Gastão Formenti no cassino do Hotel Copacabana Palace.

No carnaval de 1927, fez sucesso com a marcha-carnavalesca "Dondoca", de José Francisco de Freitas, o Freitinhas, gravada em dueto como cantor J. Gomes Jr.

Em 1931, ingressou na Parlophon e lançou os sambas "É preciso fingir", de Gentil Torres e Osvaldo Santiago e "Pode bater", de Luperce Miranda e Osvaldo Santiago, que fez razoável sucesso popular, com acompanhamento da Orquestra Guanabara. Em seguida, gravou a valsa "Solange" e a canção "Lua culpada", de Duque e a "Canção dos infelizes", de Donga e Luiz Peixoto e o "Fado da bossa", de Donga e Augusto Calheiros. Nesse ano, gravou na Victor com o Grupo da Guarda Velha e Francisco Sena, a batucada "Já andei" e a macumba "Que querê", de Pixinguinha, Donga e João da Baiana.

Cantou na Rádio Guanabara do Rio de Janeiro sendo acompanhada pelo conjunto "Jacob e sua Gente", formado pelos instrumentistas Carlos Gil, no cavaquinho, Osmar Menezes, no violão, Valério Farias,o "Roxinho", no violão, Manoel Gil, no pandeiro e Natalino Gil, como ritmista, liderado por Jacob do Bandolim.

Gravou um total de 21 discos com 25 músicas pelas gravadoras Odeon, Parlophon e Victor, das quais se destacaram como sucessos populares a valsa "Solange" e a batucada "Já andei", a primeira, composição do bailarino Duque e a segunda, de Pixinguinha, Donga e João da Baiana, quatro dos principais artistas brasileiros negros da época. Cantou também em coros de muitas igrejas.

Em 1932, casou-se com o compositor Donga, pioneiro do samba carioca.

Em 2003, teve sua gravação da marcha "Dondoca", de Freitinhas, relançada pelo selo Revivendo no número 20 da série "Carnaval - Sua História, sua glória. Foi professora de música do Colégio Orsina da Fonseca, tendo lecionado para Dona Ivone Lara.

Foi considerada pelo embaixador Paschoal Carlos Magno como uma das maiores cantoras negras do mundo, opinião que contrasta com o pequeno número de gravações que deixou, o que se explica pelas dificuldades de gravação na época, que se agravavam para uma cantora negra.

É mãe da pesquisadora Lígia Santos.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira

Nenhum comentário:

Postar um comentário