quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Carmélia Alves









                                                                                                           (Rio de Janeiro/RJ,  14 de fevereiro de 1923  *******  Rio de Janeiro/RJ, 3 de novembro de 2012)

Carmélia Alves Curvello era a terceira filha do casal Raimundo, nascido no Ceará e Adelina, nascida na Bahia. Carmélia nasceu no bairro carioca de Bangu numa quarta-feira de cinzas. Ainda bem pequena, seus pais mudaram-se para a localidade de Areal, em Petrópolis, onde foi criada. Seu pai, funcionário do escritório do Departamento de Estradas de Rodagem era muito festeiro, tendo formado conjuntos de baile e organizado blocos carnavalescos e festas juninas. Costumava adormecer embalada pelas cantigas nordestinas cantadas pelo pai.

Com 17 anos voltou ao Rio para estudar , indo morar na casa de parentes. Por essa época, começou a interessar-se por música, encantando-se ao ouvir no rádio as músicas cantadas por Carmen Miranda, da qual tornou-se fã, acompanhando seus programas na Rádio Tupi e recortando suas fotografias de revistas. Recebeu muito incentivo do irmão mais velho, Manoel, que também gostava de cantar e achava que a irmã cantava bem.

Durante o período do ginásio, tomou parte em diversos programas de calouros, tendo sido aprovada em todos eles, inclusive, no mais temido de todos, o de Ary Barroso, onde o assistente Macalé fazia soar o gongo eliminando seguidamente os concorrentes. Convidada por Manoel da Nóbrega, outro grande incentivador, participou de seu programa de calouros na Rádio Ipanema. Fez parte do programa "Estrada do Jacó", comandado por Ary Barroso, onde ele apresentava seus melhores calouros.

Terminado o curso ginasial, optou por seguir a carreira artística. Foi casada por 54 anos com o cantor Jimmy Lester, casamento pautado pela harmonia e compreensão.

Sua carreira artística teve início nos anos 1940, quando foi contratada por Barbosa Júnior para apresentar-se com cachê fixo no programa "Picolino", cantando músicas do repertório de Carmen Miranda. Em meados dos anos 1940, obteve chance no conhecido programa "Casé", substituindo uma cantora que havia faltado. Cantou músicas de Carmen Miranda, que nesta época havia viajado definitivamente para os Estados Unidos. Ouvida por César Ladeira, diretor da Rádio Mayrink Veiga, é contratada por essa rádio, que buscava uma substituta para a estrela Carmen Miranda. Ganhou um programa semanal, recebendo 800 mil-réis por mês, uma verdadeira fortuna para a época.

Em 1941, foi contratada como crooner pelo Copacabana Palace, recebendo 100 mil-réis por dia, apresentando-se no programa "Ritmos da Panair", apresentado ao vivo por Murilo Neri, sendo transmitido para todo o Brasil pela Rádio Nacional. Nesse mesmo ano, foi considerada pela crítica especializada do Rio de Janeiro a melhor crooner. Por essa época, conheceu no Copacabana Palace, o paulista de Franca, José Andrade Nascimento Ramos, que apresentava-se cantando músicas americanas, com o nome artístico de Jimmy Lester, e com quem se casou em apenas três meses. Sua carreira ganhou espaço nesse momento, sendo freqüentemente convidada para apresentar-se em outros locais, entre os quais, o programa do "Chacrinha", na Rádio Fluminense.

Participou no coral de várias gravações de outros artistas, entre os quais na gravação de "Aurora", feita por Joel de Almeida e Gaúcho. Participou, também, de inúmeras gravações de Benedito Lacerda na RCA Victor, sempre participando do coro.

Em 1943, gravou seu primeiro disco, financiado com 400 mil-réis de suas economias. Contou com a ajuda do amigo Benedito Lacerda, que acompanhou a gravação com os músicos de seu regional, que nada cobraram pelo trabalho. Participaram do coro inúmeros artistas, que depois se tornariam famosos, Elizeth Cardoso, Cyro Monteiro e Nélson Gonçalves. Nesse disco pioneiro foram registrados, de Assis Valente, a batucada "Quem dorme no ponto é chofer" e de Horondino Silva e Popeye do Pandeiro, o samba "Deixei de sofrer". Apesar do sucesso obtido com a gravação, teve que afastar-se um tempo dos discos, pois sendo novata, criara involuntariamente uma situação constrangedora, já que naquele momento de guerra, muitos artistas consagrados não conseguiram gravar. Preferiu, então, excursionar pelo Brasil com o marido. Durante quatro anos apresentou-se em diversas cidades brasileiras. Retornou ao Rio de Janeiro em 1948, retomando seu lugar na Rádio Mayrink Veiga.

Em 1949, gravou com Ivon Curi a toada "Me leva", de Hervé Cordovil e Rochinha, com orquestração e regência do maestro Radamés Gnattali, que tornou-se seu primeiro grande sucesso e a rancheira "Gauchita", de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. No mesmo ano, gravou com o Quarteto de Bronze, o samba "Diga que sim", de Roberto Martins e Ari Monteiro e o choro "Tic-tac do meu relógio", de Dunga. Ainda em 1949, gravou de José Maria de Abreu e Alberto Ribeiro, a marcha "Mimoso jacaré" e de Roberto Martins, o samba "Coração magoado". No mesmo ano, gravou de Lauro Maia e Humberto Teixeira o baião "Trem o lá lá" e de Ari Kerner, o balanceio "Trepa no coqueiro", com a orquestra de Severino Araújo, um de seus grandes sucessos.

No ano de 1950, gravou de Hervé Cordovil e Mário Vieira, o baião "Sabiá na gaiola", que estourou como outro grande sucesso, de Luís Bandeira, o cateretê "Dança do pinote" e o samba "Coração magoado", com a Orquestra Tabajara de Severino Araújo. No mesmo ano, passou a atuar na Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Em 1951, gravou, de Capiba o frevo-canção "É frevo meu bem", que teve grande êxito em Recife, começando, a partir de então, a ter nos anos seguintes grandes sucessos com frevos. No mesmo ano, gravou de Salvador Miceli e Luiz Antônio, a batucada "Maria pouca roupa", de Humberto Teixeira, o baião "O baião em Paris" e de Luiz Bandeira e Ernâni Seve, o samba "Samba de emergência", entre outras. Ainda neste ano, ela e o marido Jimmy Lester, em viagem ao Nordeste, descobriram o acordeonista Sivuca, atuando na Rádio Comércio do Recife e o levaram para o Rio de Janeiro. Gravou na mesma época, com Jimmy Lester, os baiões "Adeus Maria Fulô", de Humberto Teixeira e Sivuca e "Saudade é de matar", de Hervé Cordovil e Manezinho Araújo. Com Sivuca gravou o pot-pourri "No mundo do baião", com baiões de diferentes autores.

Em 1952, gravou a marcha baião "Dança da mulesta", de Humberto Teixeira e Felícia Godoy. No mesmo ano, gravou de Humberto Teixeira, o baião "Eu sou o baião". Ainda em 1952, gravou com o Trio Melodia, dois pout-pourris, um de sambas e outro de baiões. Gravou com Sivuca ao acordeon os baiões "Maria Joana", de Luís Bandeira e "O vôo do mangangá", de Humberto Teixeira e Felícia Godoy. Na mesma época, reforçou o direcionamento de sua carreira em direção aos ritmos regionais, embora continuasse a gravar sambas. Ingressou no cinema cantando números avulsos e ganhou o título de Rainha do baião, integrando uma verdadeira corte, sendo Luiz Gonzaga, o Rei, Luiz Vieira, o príncipe e Claudette Soares, a princesa, cantando repertório de Carmélia, já conhecida como a Rainha do Baião. Recebeu inúmeros convites para apresentar-se em diversos lugares, inclusive na Argentina, onde viu lançado seu grande sucesso "Sabiá na gaiola". Gravou de Humberto Teixeira e Lauro Maia, o balanceio "O balanceio tem açúcar" e o baião "Baião vai, baião vem", de Hervé Cordovil.

Em 1953, gravou de Humberto Teixeira e Felícia Godoy o samba "Um verdadeiro amor" e de Hervé Cordovil, a marcha-rancho "Que bela rosa". No mesmo ano, gravou as polcas "A viola do Zé", de José Meneses e Luiz Bittencourt. Ainda em 1953, gravou com o Trio Melodia a chula "Pau de arara" de Luiz Bittencourt e José Meneses e a clássica toada "Tristeza do Jeca", de Angelino de Oliveira. Em 1954, gravou de Capiba, o frevo-canção "Vamos pra casa de Noca?", em disco que trazia na outra face, a Orquestra Tabajara de Severino Araújo com o frevo "Camisa velha", de Herman Barbosa. No mesmo ano, gravou as marchas "Carnaval em Caxias", de Humberto Teixeira e Felícia Godoy e "Marcha dos barbadinhos", de Roberto Martins. Também gravou com Sivuca os pout-pourris "No mundo do baião" III e IV, com diversos compositores.

De 1950 a 1954, manteve-se na gravadora Continental, na Rádio Nacional e no topo das paradas como a Rainha do Baião. Depois de apresentar-se com enorme sucesso na Argentina, viajou com a caravana de Humberto Teixeira indo apresentar-se na Alemanha, onde fez sucesso, sendo convidada a gravar um LP pela Telefunken. O mesmo aconteceu em outros países onde se apresentou. Em Portugal, seu repertório passou a ser utilizado por ranchos regionais. Na então União Soviética, fez um show para 150 mil pessoas. Em 1955, gravou o samba "Falando de amor", de Edu Rocha, João de Oliveira e Pernambuco, a marcha "Disco voador" de Hervé Cordovil e os baiões "Voando prá Paris", de Humberto Teixeira e "Pau-de-arara", de Guio de Morais . Em 1956, gravou os baiões "Baião de Santa Luzia", de Luiz Bandeira e "Vapô de Carangola", de Manezinho Araújo e Fernando Lobo. No mesmo ano, já de viagem marcada para a Europa gravou de Luiz Bandeira o frevo "Quarta-feira ingrata" que se tornou o hino do carnaval pernambucano.

Em 1957, gravou os frevos-canção "É de fazer chorar", de Luiz Bandeira e "Nem que chova canivete", de Capiba. Em 1959, gravou os sambas "Maldade", de Valdemar Gomes e "Recado", de Djalma Ferreira e Luiz Antônio e os baiões "Serenata dos gatos" e "Carreteiro", ambos de Antônio Almeida. Gravou, também, o clássico samba "Gente da noite", do compositor gaúcho Túlio Piva. Por essa época, o casal Carmélia Alves e Jimmy Lester pouco tempo ficou no Brasil, fazendo tournês internacionais nas três Améicas e na Europa. Em 1962, gravou pela Mocambo os sambas "Tem que ter", de Túlio Piva e o clássico "Chiclete com banana", de Almira e Gordurinha. No mesmo ano realizou com enorme sucesso uma série de shows em boates chilenas durante a Copa do Mundo. Em 1963, gravou o frevo-canção "É de Maroca", de Capiba e o samba "O malhador", de Donga, Pixinguinha e Valfrido Silva. Durante a Jovem Guarda, chegou a apresentar-se com o grupo vocal Golden Boys, no programa Silvio Santos na televisão.

Em 1974, gravou pela RGE o LP "Ritmos do Brasil", onde interpretou uma variedade de ritmos musicais brasileiros, entre os quais, o baião "Paraíba feminina", de Hervé Cordovil, o carimbó "Eu vou girar", de B. Lobo e Agnaldo Alencar, o arrasta-pé "Chora viola, chora", de Venâncio e Corumba e o maxixe "Feitiço da Bahia", de Nelson Sampaio. Em 1976, a Continental lançou pela série "Ídolos MPB", o LP "Carmélia Alves", fazendo um histórico da carreira da cantora, com a apresentação de 12 composições, que foram sucesso em sua voz, entre as quais, o balanceio "Trepa no coqueiro", de Ari Kerner, o samba "Coração magoado", de Roberto Martins, os baiões "Sabiá na gaiola", de Hervé Cordovil e Mário Vieira e "Adeus, morena, adeus", de Manezinho Araújo e Hervé Cordovil e a toada baião "Essa noite serenô", de Hervé Cordovil, do filme "Meu destino é pecar".

Em 1977, após 15 anos sem se apresentar para o público carioca, fez antológico show ao lado de Luiz Gonzaga no Teatro João Caetano reabrindo a série "Seis e Meia". Na ocasião interpretou interpretou "Qui nem jiló", "Trepa no coqueiro", "Sabiá lá na gaiola" e "Cabeça inchada", além dos duetos com Gonzaga em "Reis do baião", "Lorota boa" e "Forró do Mané Vito". Na década de 1990, integrou o conjunto "Cantoras do rádio" ao lado de Nora Ney, Zezé Gonzaga, Rosita Gonzales, Ellen de Lima e Violeta Cavalcanti. Em 1993 teve relançado em CD o seu show realizado no teatro João Caetano ao lado de Luiz Gonzaga.

Em 1998, com a morte de Jimmy Lester, entrou em depressão, permanecendo isolada em sua residência de Teresópolis, mas em dois anos já estava de volta às lides, participando de vários shows em São Paulo, inclusive, no Projeto "O Botequim do Cabral" ao lado do crítico Sérgio Cabral.

Em 1999, lançou pelo selo CPC-UMES o CD "Carmélia Alves abraça Jackson do Pandeiro e Gordurinha" no qual interpretou clássicos como "Chiclete com banana", de Gordurinha e José Gomes, "Um a um", de Edgard Ferreira e "Sebastiana", de Rosil Cavalcanti. Em 2000, lançou pelo selo paulista CPC da Umes, com produção de Marcus Vinícius, um CD dedicado a Jackson do Pandeiro e Gordurinha, contando com a participação de Inezita Barroso, Luiz Vieira e Elymar Santos. O lançamento do CD aconteceu através de uma série de shows por todo o Brasil.

Em 2001, apresentou-se no Teatro de Arena ao lado das cantoras Ellen de Lima, Violeta Cavalcanti e Carminha Mascarenhas, no show "Cantoras do rádio -Estão voltando as flores", com apresentação, roteiro e direção de R. C. Albin e que foi gravado em CD pela Som Livre. O espetáculo que teve excelente aceitação, atingindo um público de mais de dez mil pessoas, que aplaudiam de pé, tornou presente diversas memórias da era do rádio, revivendo, por exemplo, logo no início, o prefixo do programa de César de Alencar, apresentado, nos anos 50 na Rádio Nacional.

Em 2002 foi lançado o CD "Estão voltando as flores", com Violeta Cavalcanti, Carminha Mascarenhas e Ellen de Lima, onde ela canta, entre outras, as músicas "Ninguém me ama", "Feitiço da Vila" e "Kalu". Como programação do lançamento do CD, o mesmo espetáculo voltou à cena no Teatro Rival BR em agosto de 2002, com grande sucesso de crítica e público.

Em 2004, apresentou, em temporada no Teatro Ipanema, (RJ), o espetáculo "Tra-lá-lá- Lalá é cem",com direção, roteiro e apresentação de R. C. Albin. O espetáculo fez parte das comemorações do centenário do nascimento do compositor Lamartine Babo. Neste show, Carmélia dividiu o palco com Ellen de Lima, Carminha Mascarenhas e O jovem cantor Márcio Gomes, interpretando canções consagradas, em coro e em solo, do renomado compositor . Ainda no mesmo ano, o mesmo espetáculo ganhou temporada no palco do Teatro João Caetano, no projeto 6 e meia, entusiasmando a platéia.


Nos últimos anos de vida Carmélia sofria com o Mal de Alzheimer. Foi internada e ficou 20 dias no Hospital das Clínicas de Jacarepaguá. Carmélia faleceu aos 89 anos vitima de complicações cardíacas e teve falência múltipla dos órgãos. O velório da cantora foi realizado no Retiro dos Artistas, zona oeste do Rio de Janeiro. O sepultamento ocorreu no cemitério do Pechincha, próximo ao Retiro.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB / IG 




                                          Carmélia Alves interpretando "Isto é Baião" no filme "Tudo Azul" / 1952




                          Luiz Gonzaga e Carmélia Alves em pout-pourri de baiões - Projeto Seis e Meia / 1977



                                                                       Carmélia Alves no Retiro dos Artistas 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Vicente Celestino




(Rio de Janeiro/RJ, 12 de setembro de 1894 — São Paulo/SP, 23 de agosto de 1968)

Vicente Celestino representa, em toda a história de nossa música, a mais longa e ininterrupta carreira de intérprete sem jamais ver diminuída a popularidade.

Quando morreu, às vésperas dos 74 anos, no Hotel Normandie, em São Paulo, estava de saída para um show com Caetano Veloso e Gilberto Gil, que seria gravado para um programa de televisão.

Foram 54 anos de vida artística, se contados a partir de 1914, ano de sua estréia na Companhia do Teatro São José. A valsa "Flor do Mal" foi nessa ocasião seu primeiro grande sucesso e também entrou no seu primeiro disco, em 1916, na Odeon (Casa Edison).

Antônio Vicente Filipe Celestino nasceu no Rio de Janeiro, no bairro de Santa Tereza, filho de italianos da Calábria. Dos 6 homens (eram 11 irmãos), 5 dedicaram-se ao canto e 1 ao teatro. Desde os 8 anos, por causa de sua origem humilde, Celestino teve de trabalhar: sapateiro, vendedor de peixe, jornaleiro e, já rapaz, chefe de seção numa indústria de calçados.

Antes do teatro cantava muito em festas, serenatas e chopes-cantantes. Rapidamente, depois de oportunidade no teatro, alcançou renome. Formou companhias de revistas e operetas com atrizes-cantoras, primeiro com Laís Areda e depois com Carmen Dora. As excursões pelo Brasil renderam-lhe muito dinheiro e só fizeram aumentar sua popularidade. Nos anos 20, reinava absoluto como ídolo da canção.

Na fase mecânica de gravação, fez cerca de 28 discos com 52 músicas. Com a gravação elétrica, em 1927, sentiu uma certa inaptação quanto ao rendimento técnico, logo superada. Aí recomeçaria os sucessos cantados em todo o Brasil. Em 1935 foi contratado pela RCA VICTOR, praticamente daí sua única gravadora até falecer. No total, gravou em 78 rpm cerca de 137 discos com 265 músicas, mais 10 compactos e 31 Lp's, nestes também incluídas reedições dos 78 rpm.

Vicente Celestino, que tocava violão e piano, foi o compositor inspirado de muitas das suas criações. Duas delas dariam o tema, mais tarde, para dois filmes de enorme público: "O Ébrio" (1946) e "Coração Materno" (1951). Neles Vicente foi dirigido por sua mulher Gilda Abreu (1904 - 1979), cantora, escritora, atriz e cineasta.

O incrível Vicente Celestino passaria incólume e imperturbável por todas as fases e modismos, mesmo quando, no final dos anos 50, fiel ao seu estilo, gravou "Conceição", "Creio em Ti" e "Se Todos Fossem Iguais a Você". Seu eterno arrebatamento, paixão e inigualável voz de tenor, fizeram com que o povo o elegesse como "A Voz Orgulho do Brasil".

Alguns de seus maiores sucessos foram:

MEU BRASIL
CORAÇÃO MATERNO
PORTA ABERTA
NOITE CHEIA DE ESTRELAS
SANTA
O ÉBRIO
O CIGANO
RASGUEI O TEU RETRATO
PATATIVA
SANGUE E AREIA
GILKA
BOCA DE ROSA
FALANDO AO CORAÇÃO
ABISMO DE AMOR
ILUSÃO DE GAROTO
NOSSO AMOR
LÁGRIMAS DE AMOR
MALANDRAGEM
AS MANHÃS DO GALEÃO
HISTÓRIA COMPLICADA
...E HÁ MUITA GENTE QUE SABE
ESQUECE
À LUZ DO LUAR
EM DELÍRIO
CABOCLA SERRANA
VOLTASTE
...E NADA MAIS!...
FIDELIDADE
MARTÍRIOS
ADEUS, Ó TERRA ONDE NASCI

Fonte: Site www.swi.com.br

Elizeth Cardoso

(Rio de Janeiro/RJ -16-07-1920 --- Rio de Janeiro/RJ - 07-05-1990)

Elizeth Cardoso Valdez nasceu no Rio de Janeiro de 16 de julho de 1920.

Nasceu na Rua Ceará nº 5, na Estação de São Francisco Xavier, próxima ao morro de Mangueira. Seu pai, Jaime Moreira Cardoso, era seresteiro e tocava violão. Sua mãe, Maria José Pilar, gostava de cantar. A família em geral, principalmente seu Tio Pedro, participava da vida musical da cidade, freqüentando as sociedades dançantes da época, convivendo com grandes músicos em reuniões na casa de Tia Ciata. De uma família de 6 irmãos (além dela, Jaimira, Enedina, Nininha, Diva e Antônio), costumava organizar teatrinhos para a criançada, onde podia cantar o repertório de Vicente Celestino. Nessa época, morou no bairro carioca de Jacarepaguá.

Ainda menina, costumava freqüentar a famosa casa de Tia Ciata. Com apenas 5 anos, subiu no palco da antológica Sociedade Familiar Dançante Kananga do Japão e pediu para o pianista acompanhá-la na marchinha "Zizinha". Em 1930, aos dez anos, começou a trabalhar para ajudar a família. Foi balconista, peleteira, saponeteira e cabeleireira. No aniversário de seus 16 anos, a família se reuniu na casa de sua tia Ivone. Nessa época, sua família morava numa casa de cômodos na Rua do rezende 87, no centro do Rio, onde morava a tia Ivone com seu marido. Para a festa, foram convidados vários amigos músicos: Pixinguinha, Dilermando Reis, Jacob do Bandolim (com apenas 18 anos), entre outros. Tio Pedro (marido de Ivone) falou então para Jacob: "Olha aí, Jacob, a minha sobrinha aí, a Elizeth, sabe cantar algumas coisas. Que tal vocês ouvirem e organizarem um acompanhamento para ela?" Meio sem graça, a jovem Elizeth encantou a todos com sua voz. Jacob então convidou Elizeth para um teste na Rádio Guanabara, que foi o trampolim para sua carreira. Declarada namoradeira, Elizeth, em depoimento ao MIS, contou suas proezas amorosas. Mesmo tendo a vigilância constante de Seu Jaime, pai extremamente zeloso com a honra de sua filha, namorou muito, mesmo contra a sua vontade, inclusive o famoso craque de futebol Leônidas da Silva. Por volta de 1938, adotou uma menina, Tereza Carmela a quem criou como filha por toda a vida. Em 1939, casou-se com Ari Valdez, o Tatuzinho, comediante e músico (cavaquinho), com quem teve seu único filho legítimo, Paulo César Valdez. O casamento durou pouco, pois Tatuzinho, segundo a própria Elizeth, tinha problemas mentais. Era uma ótima pessoa, mas tinha "um parafuso a menos", segundo o amigo e violonista Luís Bittencourt.

Entre seus grandes romances destacam-se os nomes do maestro Dedé, Evaldo Rui e Paulo Rosa.

Costumava fazer suas viagens de trem, pois tinha medo de avião. Em 1954, a cantora sofreu duro golpe: Evaldo Rui suicidou-se. A imprensa explorou o envolvimento amoroso de Elizeth com o compositor, apesar dos familiares de Evaldo insistirem que ela nada teve a ver com o fim inusitado do namorado. No final de 1954, sofreu intervenção cirúrgica, por causa de uma crise de apendicite aguda. Em 1966, viveu uma polêmica com o cantor Ciro Monteiro, que, depois de gravar um LP a seu lado, programou alguns shows que Elizeth não aceitou, por causa dos baixos cachês. O cantor ficou mais magoado quando, na capa do LP, viu que sua foto era menor que a de Elizeth. Esse incidente ainda atiçou a rivalidade entre Elizeth e Elis, iniciada com sua participação no programa Bossaudade da Record. Elis acabou recebendo um carão da cantora, quando interveio em favor de Ciro: "Se você não quer me respeitar como cantora, não precisa respeitar. Mas exijo que me respeite como mulher. Tenho idade para ser sua mãe." Em 1969, por causa do sepultamento de sua mãe, não pode receber das mãos do então governador Negrão de Lima, o prêmio Estácio de Sá, em cerimônia na Sala Cecília Meirelles. Recebeu a estatueta oito dias depois, num jantar promovido pelo MIS em uma churrascaria carioca. Em 1987, quando estava em uma excursão no Japão, os médicos japoneses diagnosticaram um câncer no estômago, que obrigou a cantora a uma cirurgia. Apesar disso, a doença ainda a acompanharia durante os três últimos anos de vida. A cantora faleceu às 12h28 do dia 7 de maio de 1990, na Clínica Bambina, no bairro carioca de Botafogo. Foi velada no Teatro João Caetano, onde compareceram milhares de fãs. Foi sepultada, ao som de um surdo portelense, no Cemitério da Ordem do Carmo, no bairro carioca do Cajú.

Fonte: Site Alma Carioca.

Gilda de Abreu

(Paris, 23 de setembro de 1904 — Rio de Janeiro/RJ, 4 de junho de 1979)

Gilda de Abreu, cantora, compositora, escritora, cineasta e atriz nasceu em Paris, França, em 23 de setembro de 1904.

Filha da cantora Nícia Silva de Abreu, veio para o Brasil com quatro anos para ser batizada. Em 1914, com a Primeira Guerra Mundial, a mãe, que cumpria periodicamente contratos na Europa, instalou-se definitivamente no Rio de Janeiro. Aos 18 anos começou a estudar canto com a própria mãe, que se havia dedicado ao ensino, revelando-se excelente soprano ligeiro.

Principiou a cantar em festas de caridade e concertos, chegando a interpretar em 1920 (ano em que conheceu Vicente Celestino), no Teatro Municipal, do Rio de Janeiro, as óperas Les Contes d'Hoffmann, de Jacques Offenbach (1819-1880), Il Barbiere di Siviglia, de Gioacchino Rossini (1792-1868) e Lakmé, de Léo Delibes (1836-1891).

Em 1933, iniciou suas atividades no teatro musicado, participando da opereta "A Canção Brasileira", de Luís Iglésias, Miguel Santos e Henrique Vogeler, trabalhando ao lado de Vicente Celestino, no Teatro Recreio, do Rio de Janeiro, com quem casou cinco meses após a estréia e passou a trabalhar em estreita colaboração. Ainda em 1933, escreveu todo um ato da opereta "A Princesa Maltrapilha", levada à cena no mesmo ano.

Em 1935, estrelou o filme de Oduvaldo Viana "Bonequinha de Seda", baseado na valsa de mesmo nome, de sua autoria, um dos sucessos de Vicente Celestino. Nesse ano, compôs a opereta "Aleluia", estreada em 1939, no Teatro Carlos Gomes, do Rio de Janeiro.

Em 1937, fez o filme "Alegria", que não teve grande repercussão. Em 1942, escreveu a letra das canções "Mestiça" (música de Ary Barroso) e "Ouvindo-te" (música de Vicente Celestino). Até 1944, esteve ligada a uma companhia de operetas, da qual Vicente também fazia parte, que realizou excursões por todo o Brasil. Em 1946, escreveu o roteiro e dirigiu o filme "O Ébrio", também inspirado em outra composição de sucesso do marido que atuava no papel-título.

Em 1949, escreveu o roteiro e dirigiu o filme "Pinguinho de Gente" e, em 1951, escreveu o roteiro, dirigiu e interpretou o papel principal do filme "Coração Materno", título de outro grande sucesso de Vicente Celestino. Em 1950, compôs com Vicente Celestino e Ercole Varetto a opereta "A Patativa", e escreveu com Luís Iglésias o libreto da opereta "Olhos de Veludo" (música de Vicente Celestino). Autora de vários livros infantis e romances, publicou também "A vida de Vicente Celestino", São Paulo, 1946.

Em 1955, encerrou sua carreira cinematográfica escrevendo o roteiro de "Chico Viola Não Morreu", baseado na vida de Francisco Alves.

Com a morte do marido em 1968, ela passou a viver no anonimato em seu apartamento no Morro da Viúva, Rio de Janeiro.

Em 1977, surpreendia a opinião pública com um novo casamento, desta vez com o cantor lírico José Spinto, 39 anos mais novo que ela.

Gilda faleceu aos 74 anos, em 4 de junho de 1979.

Fontes: Cifra Antiga e Cine TV Brasil.

Dalva de Oliveira

(Rio Claro/SP, 5 de maio de 1917 - Rio de Janeiro/RJ, 31 de agosto de 1972)

Vicentina Paula de Oliveira ou Dalva de Oliveira nasceu na cidade de Rio Claro, SP, em 5 de maio de 1917.

Filha mais velha de Mário de Oliveira e Alice do Espírito Santo. Além dela, os pais tiveram mais três meninas, Nair, Margarida e Lila e um menino que nasceu com problemas de saúde e morreu ainda criança. Seu pai, que era conhecido na cidade pelo apelido de Mário Carioca, era marceneiro e músico nas horas vagas, tocava clarinete e costumava realizar serenatas com seus amigos músicos, chegando a organizar um conjunto para tocar em festas. A pequena Vicentina gostava de acompanhá-lo nessas serenatas. Viviam de forma bastante modesta e quando ela tinha apenas oito anos, sofreram um duro golpe familiar: Mário faleceu, deixando a esposa com quatro filhos para criar. Dona Alice resolveu, então, tentar a vida na capital paulista, onde arrumou emprego de governanta. Conseguiu vaga para as três filhas em um internato de irmãs de caridade, o Internato Tamandaré, onde Vicentina chegou a ter aulas de piano, órgão e canto. A menina ficou lá por três anos, até ser obrigada a sair, devido uma séria infecção nos olhos. Nessa ocasião, a mãe perdeu o emprego, pois os patrões não aceitaram a presença da menina. Dona Alice conseguiu emprego de copeira em um hotel e Vicentina passou a ajudá-la. Trabalhou então como arrumadeira, como babá e ajudante de cozinha em restaurantes. Depois, conseguiu um emprego de faxineira em uma escola de dança onde havia um piano.

Transferiram-se para o Rio de Janeiro em 1934, onde foram morar à Rua Senador Pompeu, numa "cabeça-de-porco", segundo a própria cantora. Nessa época, a família já estava novamente reunida pois as irmãs voltaram a morar com a mãe.

Casou-se com Herivelto Martins em 1937, com quem teve seus dois filhos, Pery e Ubiratã :o primeiro tornou-se cantor, sendo conhecido como Pery Ribeiro e o segundo trabalhou em televisão como "camera man" e depois produtor de programas televisivos, como o "Fantástico", da TV Globo.

Uma das grandes estrelas dos anos 1940, 1950 e 1960, sendo considerada uma das mais importantes cantoras do Brasil. Dona de uma poderosa voz, cuja extensão ia do contralto ao soprano.

Um dia, foi ouvida pelo maestro pianista, que a convidou para cantar numa "troupe", chefiada por Antônio Zovetti. "Era um cirquinho de tablado", segundo depoimento da cantora, que correu várias cidades de São Paulo, até chegar a Belo Horizonte, MG. Sua participação acontecia nos intervalos dos espetáculos, quando era anunciada como "A menina prodígio da voz de ouro". Sua mãe foi junto, a convite do próprio empresário. Foi nessa época que passou a usar o nome de Dalva, sugerido pela mãe, pois Zovetti achava que seu nome não era bom para uma cantora. Assim, passaram a anunciá-la como a "doçura de voz da menina prodígio: a estrela Dalva!" Em Belo Horizonte aconselharam-na a fazer um teste na Rádio Mineira. Foi aprovada, mas, com a dissolução do Circo Damasco, voltaram a São Paulo. O maestro aconselhou sua mãe a ir para o Rio de Janeiro, dizendo que a menina tinha futuro e que na Capital Federal teria mais chances.

No Rio de Janeiro, empregou-se como costureira numa fábrica de chinelos, da qual um dos proprietários, Milton Guita, conhecido como Milonguita era diretor da Rádio Ipanema. Gostava de cantar enquanto trabalhava e Milonguita um dia a ouviu. Convidou-a, então, para um teste na Rádio Ipanema. Foi aprovada e logo depois transferiu-se para as Rádios Sociedade e Cruzeiro do Sul, onde cantou ao lado de Noel Rosa. Depois, passou pela Rádio Philips e finalmente conseguiu trabalho na Rádio Mayrink Veiga. Na época, Adhemar, diretor da rádio, levou-a para conhecer o maestro Gambardella, que apesar de achar que ela possuía potencial para tornar-se uma cantora lírica, aconselhou-a a manter-se como cantora popular. O maestro sabia que uma moça pobre dificilmente poderia seguir uma carreira que carecia de recursos e não tinha muito futuro no Brasil. Era carreira para quem havia nascido rica. Assim, sugeriu que ela utilizasse sua voz para o canto popular. Nessa época, foi chamada para trabalhar no teatro com Jayme Costa, fazendo pontas em operetas no Teatro Glória. Trabalhou na temporada popular da Casa de Caboclo, do Teatro Fênix, onde atuou ao lado de Jararaca e Ratinho, Alvarenga e Ranchinho, Ema D'Ávila, Diamantina Gomes e Antônio Marzullo. No mesmo período, trabalhou na Cancela, em São Cristóvão, num teatro regional onde ela apresentava números imitando a atriz Dorothy Lamour. Foi lá que conheceu Herivelto Martins,que atuava com o parceiro Nilo Chagas, formando a Dupla Preto e Branco. Ali, fez os primeiros números com a dupla. Logo depois, Herivelto Martins foi contratado para trabalhar no Teatro Fênix, de Pascoal Segreto, e propôs a ela que viesse cantar com ele e Nilo, formando então um trio. Começaram então um namoro. No início o trio chamava-se Dalva de Oliveira e a Dupla Preto e Branco. Foi César Ladeira que sugeriu que trocassem o nome para Trio de Ouro. Foram então contratados pela Rádio Mayrink Veiga e gravaram o primeiro disco em 1937, na Victor, com a batucada "Itaguaí" e a marcha "Ceci e Peri", ambas de autoria de Príncipe Pretinho. Na época em que gravaram o disco, estava esperando seu primeiro filho, e o público escrevia pedindo que, se fosse um menino, eles o batizassem de Pery, e, se fosse menina, Ceci. Foi o que aconteceu quando deu à luz ao futuro cantor Pery Ribeiro.

Em 1938, transferiram-se para a Rádio Tupi e para a gravadora Odeon lançando o samba-toada "Iaiá baianinha", de Humberto Porto e o "Batuque no morro", de Herivelto Martins, Humberto Porto e Ozon. No mesmo ano, o trio formado com a Dupla Preto e Branco passou a chamar-se Trio de Ouro. Em 1939, gravou na Columbia em dueto com Francisco Alves os sambas "Brasil!", de Benedito Lacerda e Aldo Cabral e "Acorda Estela!", de Benedito Lacerda e Herivelto Martins.

Em 1940, gravou seu primeiro disco solo, na Columbia, com acompanhamento de Benedito Lacerda e seu conjunto regional interpretando a marcha "Mesma história", de Benedito Lacerda e Herivelto Martins e a mazurca "Menina do vestido branco", de Príncipe Pretinho. Nesse ano, gravou em dueto com Castro Barbosa o samba "Tudo tem o Brasil", de Castro Barbosa, Dilermando Reis e Pedro Caetano. Em 1941, gravou em dueto com Francisco Alves a "Valsa da despedida", de R. Burns, em versão de João de Barro e Alberto Ribeiro. Na década de 1940 atuaram no Cassino da Urca e no Cassino Icaraí, onde conheceram Orson Wells de quem Herivelto Martins seria assistente de produção do filme inacabada "It's all true", de 1942. O cineasta muitas vezes dormiu, por estar bêbado, na casa do casal, que ficava na Av. São Sebastião, atrás do Cassino da Urca,conforme testemunhou Herivelto Martins ao crítico R. C. Albin.

Seus maiores sucessos com o Trio de Ouro foram os sambas "Praça Onze", de Herivelto Martins e Grande Otelo e "Ave-Maria no morro", de Herivelto, gravados em 1942, o primeiro com o Trio acompanhando Castro Barbosa. Em 1943, o Trio de Ouro gravou com sucesso "Laurindo", um samba de Herivelto Martins. Nesse ano, gravou sozinha na Odeon as marchas-rancho "Grande desilusão", de Jaime Florence e J. Morais e "Coração de mulher", de Humberto Porto e Mário Rossi com acompanhamento de Fon-Fon e sua orquestra.

Em 1944, participou do filme "Berlim na batucada", de Luís de Barros. Em 1945, gravou na Continental, com Carlos Galhardo e Os Trovadores, a adaptação de João de Barro para a história Branca de Neve e os Sete Anões, com músicas de Radamés Gnattali.

Em 1947, obteve grande sucesso com o samba "Segredo", de Herivelto Martins e Marino Pinto, que de certa forma retratava as brigas com Herivelto Martins e que fariam seu casamento desmoronar. Lançou com acompanhamento de Chuca-Chuca e seu conjunto, em 1948, os sambas "Quarto vazio" e "Nossas vidas", de Herivelto Martins. Em 1949, separou-se de Herivelto Martins durante uma excursão à Venezuela com a Companhia de Derci Gonçalves e o Trio de Ouro se desfez. Ficou ainda naquele país, apresentando-se com o maestro Vicente Paiva, por mais um ano. Retornou ao Brasil em 1950, quando a gravadora Odeon a rejeitou, pois os produtores não acreditavam em sua carreira solo. Foi Vicente Paiva, na época um dos diretores artísticos da gravadora, que lhe deu seu aval, dizendo que se o samba "Tudo acabado", de J. Piedade e Osvaldo Martins não estourasse, ele se demitiria. O samba, de fato, foi um grande sucesso na voz dela, inaugurando uma duradoura batalha musical com Herivelto Martins, com os dois usando a música para se acusarem mutuamente pelo fracasso do casamento. Nessa polêmica musical destacaram-se, ainda o bolero "Que será", de Marino Pinto e Mário Rossi e o samba "Errei sim", de Ataulfo Alves, ambas gravadas em 1950 e que se constituiram em grandes sucessos. Ainda nesse ano, fez sucesso com o samba-canção "Ave Maria", de Vicente Paiva e Jaime Redondo, com acompanhamento de Osvaldo Borba e sua orquestra. Ainda na década de 1950 atuou nos filmes "Maria da praia", de Paulo Wanderley; "Milagre de amor" e "Tudo azul", ambos de Moacir Fenelon.

Em 1951, novamente com acompanhamento da orquestra de Osvaldo Borba, gravou os sambas "Rio de Janeiro", de Ary Barroso e "Calúnia", de Marino Pinto e Paulo Soledade. Nesse ano, fez sucesso com a marcha "Zum-zum", de Paulo Soledade e Fernando Lobo e com o samba "Palhaço", de Osvaldo Martins, Washington e Nelson Cavaquinho, que aparece no selo do disco apenas como Nelson. Nessa época, fez várias excursões ao exterior, apresentando-se no Uruguai, Argentina, Chile e na Inglaterra. Em Londres, cantou na festa de coroação da Rainha Elizabeth II, no Hotel Savoy, acompanhada pelo maestro Robert Inglis. No ano seguinte, esse repertório foi gravado em Londres, nos estúdios da Parlophone, com o maestro Inglis e sua orquestra. O nome de Inglis foi aportuguesado para Inglês, a fim de facilitar sua comercialização no Brasil. No elepê, eles recriaram clássicos brasileiros como: "Tico-tico no fubá", "Aquarela do Brasil", "Bem-te-vi atrevido" e "Na Baixa do Sapateiro", além de vários outros sucessos.

Em 1952, fez sucesso com a marcha "Estrela do mar", de Marino Pinto e Paulo Soledade e gravou também o samba "Vai na paz de Deus", de Ataulfo Alves e Antônio Domingues e a marcha-rancho "Mulher", e Marino Pinto e Paulo Soledade. Ainda nesse ano, lançou novos sucessos, "Kalu", um baião de Humberto Teixeira e "Fim de comédia", samba de Ataulfo Alves e foi eleita Rainha do Rádio, além de excursionar pela Argentina, apresentando-se na Rádio El Mundo, de Buenos Aires. Foi nessa ocasião que conheceu o empresário Tito Clemente, seu futuro marido.

Em 1955, gravou sem muito sucesso os sambas-canção "Eterna saudade", de Genival Melo e Luiz Dantas e "Não pode ser", de Marino Pinto e Mário Rossi; o tango "Fumando espero", de Villadomat e Garson, com versão de Eugênio Paes; a valsa "Quinze primaveras", de Solovera e Ghiaroni; a marcha "Carnaval, carnaval", de Kléscius Caldas e Armando Cavalcânti e o samba "Foi bom", de Marino Pinto e Haroldo Lobo.

No ano seguinte, lançou os sambas-canção "Teu castigo", dos ainda iniciantes Antônio Carlos Jobim e Newton Mendonça e "Neste mesmo lugar", da já então consagrada dupla Kléscius Caldas e Armando Cavalcanti. Nesse mesmo ano, gravou os tangos "Lencinho querido", de Filiberto, Peña Losa e Maugéri Neto e "Confesion", de Discepolo e Amadori, com versão de Lourival Faissal, reforçando sua imagem de cantora de músicas românticas, especialmente o tango, gênero em que se saiu excepcionalmente bem.

Em 1957, gravou com acompanhamento de Léo Perachi e sua orquestra o bolero "Nada", de Marino Pinto e David Raw e o samba-canção "Prece de amor", de René Bittencourt. Nesse ano, fez sucesso com o samba-canção "Há um deus", de Lupicínio Rodrigues com orquestração e piano de Antônio Carlos Jobim e acompanhamento de sua orquestra. Gravou na mesma época o samba "Eu errei, confesso", de Klécius Caldas e Armando Cavalcânti que de certa forma retomava as querelas de sua separação de Herivelto Martins. Do então marido Tito Clement gravou o samba-canção "Intriga", parceria com o sambista Sinval Silva e a toada "Sonho de pobre".

Em 1958, gravou do filho Pery Ribeiro o samba-canção "Não devo insistir", parceria com Dora Lopes. Nesse ano, lançou o LP "Dalva de Oliveira", no qual interpretou músicas de dos mais diferenciados compositores, incluindo "Copacabana beach", de Klécius Caldas e Armando Cavalcânti; "Não tem mais fim", de Hervê Cordovil e Renné Cordovil; "Folha caída", de Humberto Teixeira; "Intriga", de Sinval Silva e Tito Clement e "Testamento", de Dias da Cruz e Cyro Monteiro. No ano seguinte, gravou dois discos destinados às festividades do Dia das mães, as valsas "Minha mãe, minha estrela", de Rubem Gomes e Luiz Dantas e em dueto com Anísio Silva, "Amor de mãe", de Raul Sampaio e "Minha mãe", de Lindolfo Gaya sobre poema de Casemiro de Abreu. Gravou no mesmo ano a canção "Velhos tempos", do iniciante compositor Carlinhos Lyra, parceria com Marino Pinto. Lançou também o LP "Dalva de Oliveira canta boleros", com canções como "Lembra", de Tito Clement; "Sábias palavras", de Mário Rossi e Marino Pinto; "Vida da minha vida", de Antônio Almeida e "Finalmente", de Marino Pinto e Jota Pereira.

Em seguida, gravou as músicas "Quando ele passa", Oswaldo Teixeira, "Enquanto eu souber", de Esdras Silva e Ribamar; "Dorme", de Ricardo Galeno e Pernambuco e "Meu Rio", de Tito Clement, entre outras, incluídas no LP "Em tudo você", lançado pela Odeon em 1960. No ano seguinte, lançou outro LP apenas com tangos, entre os quais, "El dia em que me quieras", de Ghiaroni, Le Pera e Carlos Gardel e "Fumando espero", de Eugênio Paes, Garzô e Villadomat. Lançou também outro LP, com apenas seu nome como título, e que incluiu seus grandes sucessos "Ave Maria no morro", de Herivelto Martins, "Segredo", de Marino Pinto e Herivelto Martins, "Estrela do mar", de Marino Pinto e Paulo Soledade e "Que será", de Mário Rossi e Marino Pinto.

Em 1962, gravou os boleros "Nem Deus, nem ninguém", de Roberto Faissal e "Sabor a mim", de Alvaro Carrillo e versão de Nazareno de Brito. Também nesse ano, gravou no pequeno selo Orion os sambas-canção "Arco-íris", de Marino Pinto e Paulo Soledade e "Amor próprio", de Marino Pinto e Carlos Washington. Gravou também o LP "O encantamento do bolero" do qual fazem parte "Minha oração", uma versão de Cauby de Brito; "Nem Deus nem ninguém", de Roberto Faissal; "Tu me acstumaste", de F. Domingues e "E a vida continua", de Jair Amorim e Evaldo Gouveia.

Em meados dos anos 1950, fixou residência em Buenos Aires, só retornando em 1963, mas onde gravaria, com sucesso, alguns tangos, logo editados no Brasil, entre os quais "Lencinho Branco", que foi muitíssimo executado, sendo um campeão de venda de discos. A cantora vinha sempre ao Rio de Janeiro, para temporadas artísticas em rádios e teatros.

No ano de seu regresso ao Brasil, lançou o LP "Tangos volume II", e que trazia tangos como "Estou enamorada", de José Marquez e Oscar Zito, com versão de Romeu Nunes e "Vida minha", com versão de Cauby Peixoto.

Em 1965, lançou o LP "Rancho da Praça Onze", cuja música título, de Chico Anysio e João Roberto Kelly foi um dos destaques do ano. No mesmo disco estavam "Hino ao amor", versão da música de Edith Piaf; "Junto de mim", de Alberto Ribeiro e José Maria de Abreu, "Fracasso", de Fernando César e Nazareno de Brito e "Ser carioca", de Fernando César. Dois nos depois lançou o LP "A cantora do Brasil"que marcou seu retorno ao disco após o afastamento provocado pelo acidente. Nesse disco, gravou a marcha "Máscara negra", de Pereira Matos e Zé Kéti, um dos maiores sucessos de sua carreira e que foi uma das mais executadas no carnaval daquele ano, tendo conquistado o 1º lugar no concurso de músicas para o carnaval criado naquele ano pelo MIS do Rio.

Em 1968, lançou o LP "É tempo de amar", com destaque para "Andorinha", de Sílvio Caldas, "Pela décima vez", de Nole Rosa, "Tudo foi surpresa", de Peterpan e Valzinho, "Tem mais samba", de Chico Buarque de Holanda , "Aves daninhas", de Lupicínio Rodrigues e "Marcha da quarta-feira de cinzas", de Carlos Lyra e Vinícius de Moraes. Lançou em 1970 aquele que acabaria sendo seu último LP e cuja música título, de autoria de Laércio Alves e Max Nunes, constituiu-se em enorme sucesso, "Bandeira branca", um marco em sua carreira. Do LP faziam parte ainda "Estão voltando as flores", de Paulo Soledade; "Primavera no Rio", de João de Barro, "Pequena marcha para um grande amor", de Juca Chaves e "Meu último luar", de Waldemar Henrique. Ao final deste mesmo ano, prestou histórico depoimento para o Museu da Imagem e do Som, cujos trechos podem ser ouvidos no LP-homenagem editado logo depois de sua morte pela Odeon. Em 1971, apresentou-se no Teatro Tereza Raquel no Rio de Janeiro. No fim da carreira, apresentou-se em vários programas de televisão. Em 1972, apresentou-se no antigo Teatro Casa Grande, ao lado de Leila Diniz e do comediante baiano Silvio Lamenha, que a imitava, peteticamente, em cena, exibindo seus conhecidos trinados agudos.

Em 1987, teve sua vida interpretada pela atriz Marília Pera na peça "A Estrela Dalva", de João Elísio e Renato Borghi.

Em 1988, o selo Revivendo relançou o LP gravado em Londres com Roberto Inglês. Em 1997, Roberto Menescal produziu o álbum "Tributo à Dalva de Oliveira", reunindo vários artistas, tais como Elba Ramalho, Sidney Magal, Joanna, Cauby Peixoto, Lucho Gatica e Eduardo Dusek. Ainda em 1997, a EMI lançou o álbum "A Rainha da Voz", com quatro CDs, contendo suas gravações mais expressivas, num total de 80 músicas.

Em 2000, o LP gravado com Roberto Inglês foi lançado em CD pelo selo Revivendo e mereceu na época as seguintes considerações do crítico Tárik de Souza: ""a difusão planetária da MPB ensaiava seus (com) passos uma década antes da bossa nova". Apesar de estilizar os sambas e choros num ritmo que está mais para o mambo, ou outros ritmos latinos, o elepê de Dalva de Oliveira com Roberto Inglês pode ser visto como um difusor da MPB no mundo. No mesmo ano, a EMI dentro da série "Bis", lançou o Cd duplo "Dalva de Oliveira", com 28 interpretações marcantes da cantora. Em 2001, seu filho Pery Ribeiro colocou a voz na música "Que sabes tu" gravada por ela em 1965, raças a recursos tecnológicos fazendo assim um histórico e inédito dueto entre mãe e filho. Em 2002, Pery apresentou um tributo à mãe no teatro Estácio de Sá, campus Antônio Carlos Jobim, na Barra da Tijuca. O espetáculo obteve sucesso e ficou várias semanas em cartaz.

Em 2003, a EMI/Odeon relançou na série "10 polegadas Odeon" seus LPs "A voz sentimental do Brasil", de 1953 e "Dalva de Oliveira com Roberto Inglez e sua orquestra", de 1955, colocados em um único CD. Considerada por Maria Betânia como a melhor cantora do Brasil. Em 2006, foi lançado pelo selo Revivendo o CD duplo "Canta Dalva" contendo 42 gravações originais da cantora incluindo sucessos como "Estão voltando as flores", de Paulo Soledade, "Marcha da quarta-feira de cinzas", de Carlos Lyra e Vinicíus de Moraes, "Chuva de prata", de Zé Ketti, "Estrela do mar", de Marino Pinto e Paulo Soledade, "Maria escandalosa", de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, "Porta estandarte", de Geraldo Vandré e Fernando Lona, "Zum zum", de Fernando Lobo e Paulo Soledade, e "Pequena marcha para um grande amor", de Juca Chaves, entre outras, além das clássicas marchas-rancho "Rancho da Praça Onze", de João Roberto Kelly e Chico Anísio, "Máscara negra", de Zé Ketti e H. Pereira Mattos, e "Bandeira branca", de Max Nunes e Laércio Alves.


Separou-se de Herivelto Martins em 1947, iniciando uma batalha de ofensas mútuas muito explorada pela imprensa da época. No início da década de1950, casou-se com o argentino Tito Clement, adotando uma menina, Dalva Lúcia. Foi morar com ele em Buenos Aires. Separaram-se em 1963, ano em que retornou ao Brasil. Casou-se depois com Manuel Nuno Carpinteiro, modesto rapaz muito mais moço que ela. Sofreu, ao lado de Nuno, grave acidente automobilístico em 1965, sendo obrigada a abandonar a carreira por alguns anos.

No início dos anos 1970, foi morar em uma confortável casa no bairro carioca de Jacarepaguá.

Faleceu em 1972, vítima de hemorragia no esôfago.

Em 2010 a TV Globo exibiu uma minisérie contando a vida de Dalva e Herivelto baseado em um livro de memórias do filho do casal, Peri Ribeiro.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

Carmen Costa

(Rio de Janeiro/RJ,  5/1/1920 --- Rio de Janeiro/RJ, 25/04/2007)

Carmelita Madriaga nasceu em Trajano de Moraes, interior do estado do Rio de Janeiro.

Seus pais eram meeiros na Fazenda Agulha, onde ainda pequena, começou a trabalhar como doméstica em casa de uma família de protestantes. Foi lá que aprendeu hinos religiosos e demonstrou seu talento de cantora.

Foi para a capital aos 15 anos e se empregou como doméstica na casa de Francisco Alves. Começou a fazer coros em gravações de nomes famosos da MPB e a freqüentar os programas de calouros.

Em 1937, adotou o nome Carmen Costa por sugestão do compositor Henricão, com quem formou uma dupla que passou a se apresentar em feiras pelo país. A carreira solo começou em 1942, quando lançou pela Victor a valsa "Está Chegando a Hora", versão feita por Henricão e Rubens Campos de uma música mexicana ("Cielito Lindo"), que se tornou um sucesso no carnaval daquele ano e de todos os carnavais seguintes. Logo a seguir, gravou "Xamego", de Luiz Gonzaga, sendo uma das primeiras a gravar o compositor.

Em novembro de 1945, casou-se com o norte-americano Hans Van Koehler. Depois de viajar pelo exterior, fixou residência em Nova Jersey, por dois anos.

Como compositora, adotou o pseudônimo de Dom Madrid.

A partir de 1954, baixou os tons de suas músicas e adotou um estilo coloquial de interpretação.

Participou de filmes brasileiros e lançou outro sucesso carnavalesco que se tornou eterno: "Cachaça" (Mirabeau/ H. Lobato/ L. Castro/ Marinósio Filho). Além desse, teve outros êxitos com "Marambaia (Só Vendo que Beleza)" (Henricão/Rubens Campos), "Jarro da Saudade" (Mirabeau/ G. Blota/ D. Barbosa), "Quase" (Mirabeau/ Jorge Gonçcalves) e "Eu Sou a Outra" (Ricardo Galeno). Em 1962, participou do lendário concerto de bossa nova no Carneggie Hall, em Los Angeles. Nessa época, dividiu-se entre o Brasil e os Estados Unidos. Depois que voltou definitivamente ao Brasil, gravou outros discos e fez shows por todo o país. Em 1996 lançou o CD "Tantos Caminhos".

Por iniciativa do Museu da República (RJ) e da Câmara Municipal da Cidade do Rio de Janeiro, em 2003, a cantora Carmen Costa tornou-se patrimônio cultural do Brasil - com direito a "tombamento" simbólico, como o dedicado a monumentos públicos.

Faleceu de insuficiência renal em 25 de abril de 2007, aos 87 anos de idade, no Hospital Lourenço Jorge no Rio de Janeiro, onde estava internada, tendo seu corpo sido velado na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro.

Fontes: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, CliqueMusic.

Taiguara

(Montevidéu, 9 de outubro de 1945 — São Paulo/SP, 14 de fevereiro de 1996)

Taiguara Chalar da Silva nasceu em Montevidéu, Uruguai, em 9 de outubro de 1945.

Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1949 e, em 1960, para São Paulo.

Largou a faculdade de Direito para se dedicar à música. Participou de vários festivais e programas da TV. Fez bastante sucesso nas décadas de 60 e 70.

Autor de vários clássicos da MPB, como "Hoje", "Universo do Teu Corpo", "Piano e Viola", "Amanda", "Tributo a Jacob do Bandolim", "Viagem", "Berço de Marcela", "Teu Sonho Não Acabou", "Geração 70" e "Que as Crianças Cantem Livres"; entre outros.

Considerado um dos símbolos da resistência à censura durante a ditadura militar brasileira, Taiguara foi um dos compositores mais censurados na história da MPB, tendo cerca de 100 canções vetadas.

Os problemas com a censura levaram Taiguara a se auto-exilar na Inglaterra em meados de 1973. Em Londres, estudou no Guildhall School of Music and Drama e gravou o "Let the Children Hear the Music", que nunca chegou ao mercado, tornando-se o primeiro disco estrangeiro de um brasileiro censurado no Brasil.

Em 1975, voltou ao Brasil e gravou o "Imyra, Tayra, Ipy - Taiguara com Hermeto Paschoal" e uma orquestra sinfônica de 80 músicos. O espetáculo de lançamento do disco foi cancelado e todas as cópias foram recolhidas pela ditadura militar em poucos dias. Em seguida, Taiguara partiu para um segundo auto-exílio que o levaria a África e à Europa por vários anos.

Quando finalmente voltou a cantar no Brasil, em meados dos anos 80, não obteve mais o grande sucesso de outros tempos.

Faleceu em 1996 devido a um persistente câncer na bexiga.

Fonte: Wikipédia

Celly Campello

(Taubaté/SP, 18 de junho de 1942 ****** Campinas/SP, 4 de março de 2003).

Célia Benelli Campello, nome artísitico de Celly Campello, nasceu em Taubaté, em 18 de junho de 1942.

Foi cantora e precursora do rock no Brasil, surgindo bem antes que a Jovem Guarda. Também trabalhou como atriz e compositora.

Dançou "Tico-Tico no Fubá" aos cinco anos numa apresentação infantil. Com seis anos cantou na Rádio Cacique de sua cidade natal e se tornou uma das participantes do “Clube do Guri” (Rádio Difusora). Estudou piano, violão e balé durante a infância.

Aos doze anos, já tinha seu próprio programa de rádio, também na Rádio Cacique. Com quinze anos(1958), foi para São Paulo junto com o irmão Tony Campello que a acompanhou em boa parte de sua carreira como cantora e atriz, e grava o primeiro disco.

Estreou na televisão no programa "Campeões do Disco", da TV Tupi, em 1958.

Em 1959, ganhou programa próprio junto com seu irmão Tony Campello, chamado "Celly e Tony em Hi-Fi", na Rede Record, o qual apresentou por dois anos.

Sua carreira explodiu em 1959 com a versão brasileira de "Stupid Cupid", que, no Brasil, virou "Estúpido Cupido". A música foi lançada no programa do Chacrinha e se tornou um sucesso em todo país no ano de 1959. Nesse mesmo ano filma com Mazzaropi “Jeca Tatu”.

Gravou vários outros sucessos como: "Lacinhos Cor-de-Rosa", "Billy", "Banho de Lua" entre muitos que lhe renderam vários prêmios e troféus, inclusive no exterior, e lhe deram o título de "Rainha do Rock Brasileiro".

Para tristeza de toda uma geração que se espelhou no seu trabalho, Celly largou a carreira no auge, para se casar. Foi em 1962, com José Eduardo Gomes Chacon.

Nos anos 70, foi trazida de novo ao sucesso graças a telenovela "Estúpido Cupido" da TV Globo, na qual também aparece em algumas cenas. Tentaria retomar a carreira, mas, com o término da novela, voltou para o ostracismo.

Faleceu de câncer em 04 de março de 2003, na cidade de Campinas, SP.

Fonte: Wikipédia
Fotos obtidas no Site Não Oficial Celly Campello - Terra

Tim Maia

(Rio de Janeiro/RJ, 28 de setembro de 1942 — Niterói/RJ, 15 de março de 1998)

Sebastião Rodrigues Maia, mais conhecido como Tim Maia, nasceu no Rio de Janeiro, 28 de setembro de 1942.

Começou a compor melodias ainda criança e já surpreendia a numerosa família de 19 irmãos. Destacou-se pelo pioneirismo em trazer para a MPB o estilo soul de cantar. Com a voz grave e carregada, tornou-se um dos grandes nomes da música brasileira, conquistando grande vendagem e consagrando sucessos, lembrados até hoje, e que influenciaram o sobrinho, o cantor Ed Motta.

Gravou o primeiro disco, "Tim Maia", em 1970, por indicação do grupo Mutantes. Nesse disco, obteve sucesso com as faixas "Primavera", "Azul da Cor do Mar" e "Eu e Você". Até Elis Regina, reconhecendo o talento de Tim, gravou um disco com suas composições, em inglês.

Durante os anos 70, tornava-se cada vez mais famoso com canções como a dançante "Não Quero Dinheiro" (só quero amar), na era Disco. Teve altos e baixos durante a carreira, como enfrentando o descaso de amigos, após a prisão em Nova York, além de problemas financeiros e drogas.

Foi regravado por vários artistas, como Kid Abelha, Lulu Santos e Paralamas do Sucesso e recebeu até homenagens por parte de artistas do porte de Caetano Veloso e Jorge Ben Jor (W/Brasil).

Na década de 70, entrou em contato com a ideologia Cultura Racional, liderada por Manuel Jacinto Coelho, um "guru" da ufologia, quando lançou, (1975), os álbuns Tim Maia Racional, volumes 1 e 2 pelo selo Seroma (abreviação do próprio nome Sebastião Rodrigues Maia).

São considerados até hoje como os melhores de Tim Maia, com grandes influências de funk e soul e pelo fato de que nesta época, Tim Maia manter-se afastado dos vícios, o que se refletiu na qualidade da voz.

Desiludido com a ideologia, percebeu que o “mestre espiritual” Manuel não correspondeu ao ideal de um mestre. O cantor, revoltado, tirou de circulação os álbuns, tendo virado item de colecionadores, devido à raridade. Deste disco existem várias pérolas, uma das quais é Imunização Racional.

Lançou, em 1983, o LP "O Descobridor dos Sete Mares", com destaque para a canção-titulo O Descobridor dos Sete Mares (Michel e Gilson Mendonça). Outro disco importante da década de 1980 foi Tim Maia (1986), que trazia o hit Do Leme ao Pontal. Artista com histórico de problemas com as gravadoras, na década de 1970 fundou seu próprio selo, primeiramente Seroma e depois Vitória Regia. Por ele, lançou em 1990 Tim Maia interpreta clássicos da bossa nova, e mais tarde Voltou a Clarear e Nova Era Glacial.

Em 1993, dois acontecimentos reimpulsionaram a carreira: a citação feita por Jorge Ben Jor na canção W/Brasil e uma regravação que fez de "Como uma Onda" (Lulu Santos e Nelson Motta) para um comercial de televisão, de grande sucesso e incluída no CD Tim Maia, do mesmo ano. Assim, aumentou muito a produtividade naquela década, gravando mais de um disco por ano com grande versatilidade: o repertório passou a abranger bossa nova, canções românticas,'funks e souls. Também teve muitas composições regravadas por artistas da nova geração, como Paralamas do Sucesso, Marisa Monte e Skank.

Em 1996, lançou dois CDs ao mesmo tempo: "Amigo do Rei", juntamente com Os Cariocas, e "What a Wonderful World", com recriações de standards do soul e do pop norte-americanos dos anos de 1950 a 1970. Em 1997, lançou mais três CDs, perfazendo 32 discos em 28 anos de carreira.

Teve graves problemas com vícios. Chegava a beber três garrafas de uísque por dia, além do uso de maconha e cocaína. Colecionou desafetos e processos trabalhistas -- de músicos contra ele e dele contra gravadoras --, além de renegar publicamente antigas amizades, ameaçar críticos e faltar a espetáculos. Passou anos sem se apresentar na Rede Globo e acusava o executivo da emissora, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, de ser o culpado pelo boicote. Outro conhecido inimigo ele denominava ETA, “Exploradores do Talento Alheio”, formado por empresários e donos de casas de espetáculos.

Viveu nos Estados Unidos entre 1959 e 1964, até ser preso por posse de drogas, sendo em seguida deportado.

Durante a gravação de um espetáculo para a TV sentiu-se mal, vindo a falecer em 15 de Março de 1998 em Niterói, após internação hospitalar devido a uma infecção generalizada.

Fonte: Wikipédia

Cazuza

(Rio de Janeiro/RJ, 4 de abril de 1958 - Rio de Janeiro/RJ, 7 de julho de 1990)

Agenor de Miranda Araújo Neto, conhecido como Cazuza, nasceu no Rio de Janeiro, em 4 de abril de 1958.

Seu pai, João Araújo, de ascendência nordestina, certo de que sua mulher Lúcia teria um menino, começou a chamá-lo de Cazuza, mesmo antes de seu nascimento. Batizado como Agenor de Miranda Araújo Neto, desde cedo o menino preferiu o apelido. O nome ele só viria a aceitar mais tarde, ao saber que Cartola, um dos seus compositores prediletos, também se chamava Agenor.

Cazuza foi criado em Ipanema, habituado à praia. Os pais - ele, divulgador da gravadora Odeon; ela, costureira - não eram ricos mas o matricularam numa escola cara, o colégio Santo Inácio, dos padres jesuítas. Como às vezes tinham que sair à noite, o filho único se apegou à companhia da avó materna, Alice. Quieto e solitário, foi um menino bem-comportado na infância.

Na adolescência, porém, o gênio rebelde do futuro roqueiro se manifestaria. Cazuza terminou o ginásio e o segundo grau a duras penas, e, depois de prestar vestibular para Comunicação, só porque o pai lhe prometera um carro, desistiu do curso em menos de um mês de aula. Já vivia então a boemia no Baixo Leblon e o trinômio sexo, drogas e rock 'n' roll. Que ele amasse Jimi Hendrix, Janis Joplin e os Rolling Stones, tudo bem. Mas vir a saber que se drogava e que era bissexual, isso, para a supermãe Lucinha, não foi nada fácil. Assim como não foi, para o pai, ter que livrá-lo de prisões e fichas na polícia, por porte e uso de drogas.

João Araújo não queria o filho na vagabundagem e, em 1976, arrumou emprego para ele na gravadora Som Livre, onde já era presidente. Lá, Cazuza trabalhou no departamento artístico, fazendo a primeira triagem de fitas de cantores novos, e na assessoria de imprensa. Depois foi divulgador de artistas na gravadora RGE, e, após sete meses de um curso de fotografia na Universidade de Berkeley, deu alguns passos como fotógrafo. Mas nada disso o satisfazia.

Graças, contudo, a um outro curso - de teatro, dado pelo ator Perfeito Fortuna (grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone) - Cazuza acharia o seu papel. Não seria representar, mas cantar. É que na montagem da peça "Pára-quedas do coração", conclusão do curso, tudo o que ele fez foi soltar a voz, vindo a gostar muito da experiência. Afinal, música ele já respirava desde criança. Em casa mesmo, se acostumara a conviver com a presença de estrelas da MPB que seu pai produzia.
Roberto Frejat, guitarrista; Dé, baixista; Maurício Barros, teclados; Guto Goffi, baterista. Era 1981 e esses garotos precisavam de um vocalista para completar sua banda. Os ensaios aconteciam na casa de um deles no bairro de Rio Comprido, onde um dia apareceu Cazuza, enviado pelo cantor Léo Jaime. Sua voz, era adequadamente berrada para os rocks de garagem que os quatro faziam, agradou muito. Animado, o novo integrante resolveu então mostrar as letras que, na surdina, vinha fazendo havia tempos. Rapidamente o grupo, que se chamava Barão Vermelho e só tocava covers, começou a compor e aprontou um repertório próprio.

Dos primeiros shows, em pequenos teatros da cidade, ao disco de estréia foi um pulo. No início de 1982, uma fita demo chegou aos ouvidos do produtor Ezequiel Neves, que, entusiasmado, a mostrou a Guto Graça Mello, diretor artístico da Som Livre. Juntos, eles convenceram João Araújo - de início, relutante, na condição de pai do cantor - a lançar a banda. Com uma produção baratíssima, "Barão Vermelho", gravado em dois dias, obteve boa recepção da parte de artistas. Entre estes, um dos maiores ídolos de Cazuza, Caetano Veloso, que incluiu "Todo amor que houver nessa vida" no repertório de seu show e criticou as rádios por não tocarem as músicas do grupo.

"Todo amor que houver nessa vida" (registrada também, mais tarde, por Gal Costa, Caetano Veloso e outros intérpretes) foi um dos destaques de um disco que revelou ainda "Down em mim", "Billy Negão" e "Bilhetinho azul". No repertório predominavam rocks básicos, dançantes e juvenis, mas havia também blues, um gênero com o qual Cazuza se identificava desde que descobrira Janis Joplin. Sobre essas músicas o rouco cantor desfilava letras falando despudorada, escancaradamente de amor, prazer e dor. Ao sair o segundo disco, a reiteração dessas qualidades de estilo repercutiu na imprensa. Alguns críticos não tardaram a identificar ali a influência de mestres da dor-de-cotovelo, como Lupicínio Rodrigues, e da fossa, como Dolores Duran e Maysa - o outro lado da formação musical de Cazuza.

Bem melhor gravado, "Barão Vermelho 2" foi lançado em julho de 1983. O álbum ainda não seria um sucesso comercial (vendeu cerca de 15 mil cópias, quase o dobro do primeiro), mas manteve o alto nível do repertório anterior, e arregimentou um público maior para a banda com músicas como "Vem comigo", "Carne de pescoço", "Carente profissional" e "Pro dia nascer feliz". Esta última consolidaria a dupla Frejat-Cazuza, tornando-se um grande sucesso no registro feito por Ney Matogrosso, a primeira estrela da MPB a gravá-los. A escalada do grupo nas paradas, contudo, estava prestes a acontecer.

Se com "Bete Balanço", filme de Lael Rodrigues, o rock brasileiro dos anos 80 chegou às telas de cinema, com a música-título, feita de encomenda para a trilha, o Barão Vermelho chegou ao grande público. Registrada num compacto do início de 1984, a canção estourou, virando um marco no trajeto da banda, que também contracenava no filme. A música acabou incluída no terceiro LP, lançado em setembro daquele ano, para ajudar a sua comercialização. O que talvez nem tivesse sido necessário, pois "Maior abandonado", impulsionado pela faixa homônima, atingiu em dois meses a marca das 60 mil cópias vendidas, e em seis, das 100 mil.

Suas atitudes irreverentes e declarações espalhafatosas, fizeram com que aparecesse cada vez mais como artista e personalidade. A princípio, tudo isso só contribuía para chamar a atenção para o grupo todo.

Com o sucesso, e , conseqüentemente, com a maior exigência de profissionalismo, as diferenças se ressaltaram. O temperamento irriquieto de Cazuza pouco se adequava a uma agenda cada vez mais sobrecarregada de ensaios e entrevistas. Os desentendimentos foram crescendo. Em janeiro de 1985, o Barão fez uma bem-sucedida participação no festival Rock 'n Rio, abrindo shows para grandes atrações do rock internacional. A continuidade do sucesso, porém, não conseguiu evitar a separação do grupo. Em julho, quando o material para o próximo disco já estava selecionado, a notícia chegou aos jornais: enquanto os outros seguiriam com a banda, sua estrela partiria para uma brilhante carreira solo.

Poucos dias depois, Cazuza voltava a ser notícia. Tinha sido internado num hospital do Rio com 42 graus de febre. Diagnóstico: infecção bacteriana. O resultado do teste HIV, que ele exigiu fazer, dera negativo. Mas naquela época os exames ainda não eram muito precisos.

Gravado com outros músicos, o álbum "Cazuza" apresentou uma sonoridade mais limpa que a do Barão. Lançado em novembro de 1985, o disco inaugurou a fase individual do cantor e uma série de parcerias. Entre os co-autores das músicas figuraram dois antigos colaboradores: Frejat, que continuou parceiro e amigo de Cazuza, e Ezequiel Neves, outro velho e grande amigo, co-produtor, desde os tempos do Barão, de todos os seus discos.

Cazuza assinou os maiores hits do novo álbum: em parceria com Ezequiel e Leoni, o rock "Exagerado", emblemático da sua persona romantico-poética, e a balada "Codinome Beija-flor", com Ezequiel e Reinaldo Arias. Mais dois rocks ficaram notórios. "Medieval II" e "Só as mães são felizes", que teve sua execução pública proibida pela censura. Escandalosa, a letra homenageou artistas malditos, como o escritor beat Jack Kerouac, citado no verso-título.

Lançado em março de 1987, "Só se for a dois" foi o primeiro álbum de Cazuza fora da Som Livre, que resolvera dissolver o seu cast. Disputado por várias gravadoras, ele se transferiu para a Polygram, a conselho do pai. A essa altura, apesar da imagem de artista "louco", sua postura profissional já era outra. O rompimento com o Barão, junto com a liberdade artística que almejara, trouxera também a exigência de mais seriedade.

"Só se for a dois" acrescentou novos sucessos à sua carreira, a começar pela canção-título, mas a música que estourou mesmo foi o pop-rock "O nosso amor a gente inventa (estória romântica)". Em seguida ao lançamento, uma turnê nacional mostrou um show mais elaborado que os anteriores, em termos de cenário e iluminação. Cazuza se aprimorava e decolava: seus espetáculos lotavam, suas músicas tocavam e a crítica elogiava seu trabalho.

A essa época, contudo, ele já sabia que estava com Aids. Antes de estrear o show "Só se for a dois", tinha adoecido e feito um novo exame. A confirmação da presença do vírus iria transformar sua vida e sua carreira.

Em outubro de 1987, após uma internação numa clínica do Rio, Cazuza foi levado pelos pais para Boston, nos Estados Unidos. Lá, passou quase dois meses críticos, submetendo-se a um tratamento com AZT. Ao voltar, gravou "Ideologia" no início de 1988, um ano marcado pela estabilização de seu estado de saúde e pela sua definitiva consagração artística. O disco vendeu meio milhão de cópias. Na contracapa, mostrou um Cazuza mais magro por causa da doença, com um lenço disfarçando a perda de cabelo em função dos remédios. No seu conteúdo, um conjunto denso de canções expressou o processo de maturação do artista.

"O meu prazer agora é risco de vida/ Meu sex and drugs não tem nenhum rock 'n' roll", confessava ele, em "Ideologia". E: "Eu vi a cara da morte/ E ela estava viva", em "Boas novas". Rico e diverso, o repertório trouxe ainda um blues, o "Blues da piedade", uma canção "meio bossa nova e rock 'n' roll", "Faz parte do meu show", grande sucesso, e o rock-sambão "Brasil", que faria um sucesso ainda maior com Gal Costa. Tema de abertura da novela "Vale tudo", da Rede Globo, "Brasil" fez um comentário social forte sobre o país, com versos como "meu cartão de crédito é uma navalha". No disco, a temática social apareceu também em "Um trem para as estrelas", feita com Gilberto Gil para o filme homônimo de Carlos Diegues.

Ainda em 1988, Cazuza recebeu o Prêmio Sharp de Música como "melhor cantor pop-rock" e "melhor música pop-rock", com "Preciso dizer que te amo", composta com Dé e Bebel Gilberto, e lançada por Marina. E apresentou no segundo semestre seu espetáculo mais profissional e bem-sucedido, "Ideologia". Dirigido por Ney Matogrosso, Cazuza buscou valorizar o texto no show, pontuado pela palavra "vida". Substituiu a catarse das performances anteriores por uma postura mais contida no palco. Tal contenção, porém, não o impediu de exprimir sua verve agressiva e escandalosa num episódio que causou polêmica. Cantando no Canecão, no Rio, cuspiu na bandeira nacional que lhe fora atirada por uma fã.

O show viajou o Brasil de norte a sul, virou programa especial da Globo e disco. Lançado no início de 1989, "Cazuza ao vivo - o tempo não pára" chegou ao índice de 560 mil cópias vendidas. Reunindo os maiores sucessos do artista, trouxe também duas músicas novas que estouraram: "Vida louca vida", de Lobão e Bernardo Vilhena, e "O tempo não pára", de Cazuza e Arnaldo Brandão. Esta - título do trabalho - condensou, numa das letras mais expressivas de Cazuza, a sua condição individual, de quem lutava para se manter vivo, com a do povo brasileiro.

Foi pouco depois do lançamento do álbum que ele reconheceu publicamente que estava com Aids, sendo a primeira personalidade brasileira a fazê-lo. Era então notória -e notável - a sua afirmação de vida. À medida que seu estado piorava, ao contrário de se deixar esmorecer ante a perspectiva do inevitável, Cazuza, ciente do pouco tempo que lhe restava, passou a trabalhar o mais que podia. Entrou num processo compulsivo de composição e gravou, de fevereiro a junho de 1989, numa cadeira de rodas, o álbum duplo "Burguesia", que seria seu derradeiro registro discográfico em vida.

O trabalho seguiu um conceito dual - num dos discos, de embalagem azul, prevalecia o gênero rock; no outro, de capa amarela, MPB. Entre as suas últimas novidades, com a voz nitidamente enfraquecida, Cazuza apresentou clássicos de outros autores (como Antonio Maria, Caetano Veloso e Rita Lee) e duas músicas feitas com novas parceiras, Rita Lee e Ângela Rô Rô. A canção-título, com uma letra extensa atacando os valores da classe burguesa, chegou a ser tocada nas rádios, mas o álbum não obteve sucesso comercial e foi recebido discretamente pela crítica.

Em outubro de 1989, depois de quatro meses seguindo um tratamento alternativo em São Paulo, Cazuza viajou novamente para Boston, onde ficou internado até março do ano seguinte. Seu estado já era muito delicado e, àquela altura, não havia muito mais o que fazer. Foi assim que ele morreu, pouco depois - a 7 de julho de 1990. O enterro aconteceu no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. Sua sepultura está localizada próxima às de astros da música brasileira como Carmen Miranda, Ary Barroso, Francisco Alves e Clara Nunes.

Fonte: Site Cazuza 

Aracy de Almeida

(Rio de Janeiro/RJ, 19/8/1914 -- Rio de Janeiro/RJ, 20/6/1988)

Araci Teles de Almeida nasceu em 19 de agosto de 1914.

Foi criada no subúrbio carioca do Encantado numa grande família evangélica. O pai, Baltazar Teles de Almeida, era chefe de trens da Central do Brasil e a mãe, dona Hermogênea, dona de casa. Tinha apenas irmãos homens.

Estudou num colégio no bairro do Engenho de Dentro, onde foi colega do radialista Alziro Zarur, passando depois para o Colégio Nacional, no Méier. Araci costumava cantar hinos religiosos na Igreja Batista e, escondida dos pais, cantava também em terreiros de macumba e no bloco carnavalesco “Somos de pouco falar”.

Mais tarde, conheceu Custódio Mesquita, por intermédio de um amigo. Cantou para ele "Bom-dia, Meu Amor" (Joubert de Carvalho e Olegário Mariano), conseguindo entrar a Rádio Educadora (depois Tamoio), em 1933. Ali mesmo, conheceu Noel Rosa e aceitou o convite, que ele lhe fez, para “tomar umas cervejas cascatinhas na Taberna da Glória”. Desde este dia, o acompanhou todas as noites.
No ano seguinte, gravou para o Carnaval seu primeiro disco, pela Columbia, com a música "Em Plena Folia" (Julieta de Oliveira). Em 1935, assinou seu primeiro contrato com a Rádio Cruzeiro do Sul e gravou "Seu Riso de Criança", composição de Noel Rosa, de quem se tornaria a principal intérprete.

Transferindo-se para a Victor, participou do coro de diversas gravações e lançou, ainda em 1935, como solista, "Triste Cuíca" (Noel Rosa e Hervé Cordovil), "Cansei de Pedir", "Amor de Parceria" (ambas de Noel Rosa) e "Tenho uma Rival" (Valfrido Silva). A partir de então, tornou-se conhecida como intérprete de sambas e músicas carnavalescas, tendo sido apelidada por César Ladeira de "O Samba em Pessoa". Trabalhou na Rádio Philips com Sílvio Caldas, no Programa Casé; na Cajuti, Mayrink Veiga e Ipanema, excursionando com Carmen Miranda pelo Rio Grande do Sul.

Em 1936, foi para a Rádio Tupi e gravou com sucesso duas músicas de Noel Rosa: "Palpite Infeliz" e "O X do Problema". Em 1937, atuou na Rádio Nacional e destacou-se com os sambas "Tenha Pena de Mim" (Ciro de Sousa e Babau), "Eu Sei Sofrer" (Noel Rosa e Vadico) e "Último Desejo", de Noel Rosa, que faleceu nesse ano.

Gravou, em 1938, "Século do Progresso" (Noel Rosa) e "Feitiço da Vila" (Noel Rosa e Vadico), e, em 1939, lançou em disco "Chorei quando o Dia Clareou" (Davi Nasser e Nelson Teixeira) e "Camisa Amarela" (Ari Barroso). Para o Carnaval de 1940, gravou a marcha "O Passarinho do Relógio" (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira) e, no ano seguinte, "O Passo do Canguru" (dos mesmos autores).

Em 1942, lançou o samba "Fez Bobagem" (Assis Valente), "Caramuru" (B.Toledo, Santos Rodrigues e Alfeu Pinto), "Tem Galinha no Bonde" e "A Mulher do Leiteiro" (ambas de Milton de Oliveira e Haroldo Lobo). Fez sucesso no Carnaval de 1948 com "Não me Diga Adeus" (Paquito, Luis Soberano e João Cerreia da Silva) e, em 1949, gravou "João Ninguém" (Noel Rosa) e "Filosofia" (Noel Rosa e André Filho).

Entre 1948 e 1952, trabalhou na boate carioca Vogue, sempre cantando o repertório de Noel Rosa; graças ao sucesso de suas interpretações nessa temporada, lançou pela Continental dois álbuns de 78 rpm com músicas desse compositor: o primeiro deles, lançado em setembro de 1950, continha "Conversa de Botequim" (com Vadico), "Feitiço da Vila" (com Vadico), "O X do Problema", "Palpite Infeliz", "Não Tem Tradução" e "Último Desejo"; no segundo, lançado em março de 1951, interpretou "Pra que Mentir" (com Vadico), "Silêncio de um Minuto", "Feitiço de Oração" (com Vadico), "Três Apitos", "Com que Roupa" e "O Orvalho Vem Caindo" (com Kid Pepe).

Foi, ao lado de Carmen Miranda, a maior cantora de sambas dos anos 30.

Depois de atuar com sucesso na boate Vogue em Copacabana na década de 40, entre 1950 e 1951, gravou dois álbuns dedicado a Noel Rosa, que seriam responsáveis pela reavaliação da obra do poeta da Vila.

Mudou-se para São Paulo em 1950, onde viveu durante 12 anos. Em 1955, trabalhou no filme "Carnaval em Lá Maior", de Ademar Gonzaga, e lançou, pela Continental, um LP de dez polegadas só com músicas de Noel Rosa, no qual foi acompanhada pela orquestra de Vadico, cantando, entre outras, "São Coisas Nossas", "Fita Amarela" e as composições inéditas "Meu Barracão", "Cor de Cinza", "Voltaste" e "A Melhor do Planeta" (com Almirante).

Três anos depois, lançou pela Polydor o LP "Samba em Pessoa". Em 1962 a RCA, reaproveitando velhas matrizes, editou o disco "Chave de Ouro". Em 1964, gravou com a dupla Tonico e Tinoco, "O Cateretê", "Tô Chegando Agora" (Mário Vieira) e apresentou-se com Sérgio Porto e Billy Blanco na boate Zum-Zum no Rio de Janeiro.

Em 1965, fez vários shows no Rio de Janeiro: “Samba pede passagem", no Teatro Opinião; "Conversa de botequim", dirigido por Miele e Boscoli, no Crepúsculo; e um espetáculo na boate Le Club, com o cantor Murilo de Almeida.

No ano seguinte, a Elenco lançava o disco Samba é Aracy de Almeida.

Com o cômico Pagano Sobrinho, fez "É proibido colocar cartazes", um programa de calouros da TV Record, de São Paulo, em 1968. No ano seguinte, a dupla apresentou-se na boate paulistana Canto Terzo. Ainda em 1969, fez o show "Que maravilha!", no Teatro Cacilda Becker em São Paulo, ao lado de Jorge Ben, Toquinho e Paulinho da Viola.

Depois disso, com a entrada da bossa nova, os intérpretes de samba já não eram tão solicitados. Aracy trabalhou em vários programas de TV: Programa do Bolinha; na TV Tupi, com Mário Montalvão; na TV Globo, com A Buzina do Chacrinha; no Programa Sílvio Santos; programas na TVE; Programa da Pepita Rodrigues, na TV Manchete; Programa do Perlingeiro, na TV Excelsior; no Almoço com as Estrelas, com Airton Perlingeiro, entre outros.

Aracy foi madrinha da banda de Ipanema, e teve um ano em que puxou o samba na bateria da Mangueira. Era mangueirense doente. Adorava carnaval.

Aracy foi a primeira mulher a usar calças compridas. O seu modelito básico era calças compridas, camisa, colete e botas. Não repetia roupas nos programas, pois sempre ganhava modelos novos dos amigos, donos de lojas, em São Paulo.

Em 1973, a pedido do Sílvio, Denner ia refazer as roupas de Aracy e seu estilo, mas Aracy deu o cano e não apareceu na data marcada, dizendo que não ia mudar nada. E não mudou.

Aracy tinha o hábito de ouvir Bethoven, Mozart, jazz e canto gregoriano. Interessada em farmacopéia, dissertava sobre Freud e Lacan, e possuía uma pinacoteca recheada de Clóvis Graciano, Di Cavalcanti e Aldhemir Martins.
Ela adorava o Velho testamento, que citava entre palavrões, elevando-os à categoria das cantatas de Bach. Citava a Bíblia, dizendo: “Não é do cacete!?”.
Antônio Maria ensinou a Aracy os princípios do Existencialismo. Negra, judia, existencialista.

Aracy nunca foi casada. Chegou a ficar noiva, mas na hora de marcar o casamento, ela escondeu a documentação. Durante um tempo, morou com um General, que era apaixonado por ela. Seu nome era Henrique Leopoldo. Ia a todos os shows de Aracy, tornou-se seu procurador e lhe dava toda segurança.

Em 1988, Aracy teve um edema pulmonar. No início, ficou internada em São Paulo, retornando ao Rio de Janeiro para o hospital da SEMEG, na Tijuca. Sílvio Santos a ajudou financeiramente na época em que esteve doente e lhe telefonava todos os dias, às 18 horas, para saber como ela estava.

Depois de dois meses em coma, voltou a lucidez por dois dias, e, num súbito aumento de pressão arterial, faleceu no dia 20 de junho, aos 74 anos. Seu corpo foi velado no teatro João Caetano, visto que seu último show com Albino Pinheiro havia sido lá. O "Jardim da Saudade" doou o túmulo para ela, porém já havia uma gaveta no cemitério em São Paulo, mas Adelaide não quis levá-la para lá. O Corpo de Bombeiros percorreu parte do Rio de Janeiro com o seu esquife como homenagem , passando pelos lugares importantes freqüentados por Aracy (Copacabana, Glória, Lapa ,Vila Isabel, Méier, Encantado).

Fonte: Site Samba Choro

Altemar Dutra

(Aimorés/MG, 6 de outubro de 1940 — Nova Iorque, 9 de novembro de 1983)

O cantor Altemar Dutra de Oliveira, conhecido por Altemar Dutra, nasceu em Aimorés, Minas Gerais, em 6 de outubro de 1940.

Sucesso em toda a América Latina, interpretando obras como "Sentimental Demais", "O Trovador", "Brigas" e "Que Queres Tu de Mim", boa parte das canções de autoria da dupla Evaldo Gouveia e Jair Amorim, foi progressivamente destacando-se no gênero musical bolero. Altemar Dutra veio a ser aclamado como o "Rei do Bolero" no Brasil.

Altemar Dutra iniciou sua carreira na Rádio Difusora de Colatina, no Espírito Santo, localidade para onde sua família havia se mudado, cantando uma música de Francisco Alves. Antes de completar sua maioridade, Altemar Dutra seguiu para o Rio de Janeiro, levando uma carta de apresentação para o compositor Jair Amorim que o encaminhou a amigos do meio artístico.

Altemar Dutra tentou a sorte como crooner em boates e casas de espetáculos. Gravou seu primeiro disco na Tiger, com "Saudade que Vem" (Oldemar Magalhães e Célio Ferreira) e "Somente Uma Vez" (Luís Mergulhão e Roberto Moreira).

Por volta de 1963, Altemar Dutra foi levado por Jair Amorim para o programa "Boleros Dentro da Noite", na Rádio Mundial, e, no mesmo ano Joãozinho, do Trio Yrakitan, levou-o para a Odeon, onde foi contratado. Logo, Altemar Dutra atingiu os primeiros lugares nas paradas de sucesso com "Tudo de Mim" (Evaldo Gouveia e Jair Amorim), tornando-se conhecido em todo o Brasil.

Em 1964, Altemar Dutra gravou com grande sucesso "Que Queres Tu de Mim", "O Trovador", "Sentimental Demais" e "Somos Iguais" (todas de Evaldo Gouveia e Jair Amorim). Destacou-se também na América Latina, fazendo apresentações em vários países e gravando um LP com Lucho Gatica: "El Bolero Se Canta Así". Com suas versões em espanhol, chegou a vender mais de 500 mil cópias na América Latina.

Depois de ter dominado as paradas de sucesso locais, a partir de 1969, Altemar Dutra passou a conquistar fãs de origem latina nos EUA. Em pouco tempo tornou-se um dos mais populares cantores estrangeiros nos EUA. Apresentava um show para a comunidade latino-americana, no clube noturno "El Continente", em New York, quando faleceu, em 09 de novembro de 1983, aos 43 anos, de derrame cerebral.

Foi casado com a cantora Marta Mendonça, com quem teve dois filhos, Deusa Dutra e Altemar Dutra Júnior, tendo esse seguido, também, a carreira artística.

Fontes: Sites Wikipédia, Cliquemusic

Orlando Silva

(Rio de Janeiro/RJ, 3 de outubro de 1915 — Rio de Janeiro/RJ, 7 de agosto de 1978)

Orlando Garcia da Silva, conhecido por Orlando da Silva, nasceu no Rio de Janeiro, em 3 de outubro de 1915. Foi um dos mais importantes cantores brasileiros da primeira metade do século XX.

Orlando Silva nasceu na rua General Clarindo, hoje rua Augusta, no bairro do Engenho de Dentro. Seu pai, José Celestino da Silva, era violonista e participou com Pixinguinha de serenatas, peixadas e feijoadas. Orlando viveu por três anos neste ambiente, quando, então, seu pai faleceu vítima da gripe espanhola.

Orlando Silva teve uma infância normal, sempre gostando muito de violão. Na adolescência já era fã de Carlos Galhardo e Francisco Alves, esse último um dos responsáveis por seu sucesso. Seu primeiro emprego foi de estafeta da Western, com o salário de 3,50 cruzeiros por dia. Foi então para o comércio e trabalhou como sapateiro, vendedor de tecidos e roupas e trocador de ônibus. Quando desempenhava as funções de office boy, ao saltar de um bonde para entregar uma encomenda, sofreu um acidente, tendo um de seus pés parcialmente amputado, ficando um ano inativo, problema sério, já que sustentava a família.

Foi Bororó, conforme o próprio relata no filme "O Cantor das Multidões" que apresentou Orlando Silva a Francisco Alves, que o ouviu cantar no interior de seu carro, decidindo imediatamente lançá-lo em seu programa na rádio Cajuti. Nos seis ou sete anos seguintes, Orlando Silva tornou-se um grande sucesso, considerado por muitos a mais bela voz do Brasil. Atraía os fãs de tal forma que o locutor Oduvaldo Cozzi passou a apresentá-lo como "o cantor das multidões", conforme relata no filme com o mesmo nome.

Nesse ano gravou seu primeiro disco, na Columbia, com o samba Olha a baiana (Kid Pepe e Germano Augusto) e a marcha Ondas curtas (Kid Pepe e Zeca Ivo), músicas lançadas no Carnaval de 1935. Em março de 1935, passou a atuar na Rádio Transmissora. No mesmo ano, por intermedio de Francisco Alves, assinou contrato com a Victor, onde seu primeiro disco trazia No quilometro 2 (J. Aimbere) e o samba Para Deus somos iguais (J. Cascata e Jaime Barcelos). Nesse mesmo ano, já havia gravado as músicas Lagrimas e Última estrofe (ambas do compositor Índio), que foram lançadas num disco de numeração posterior. Nessas gravações, foi acompanhado por um conjunto regional integrado por Pereira Filho (violão), Luís Bittencourt (violão) e Luperce Miranda (bandolim).

Em 1936 participou do filme Cidade-mulher, da Brasil-Vita, interpretando a marchinha de Noel Rosa que deu titulo ao filme. Também em 1936, participou da inauguração da Rádio Nacional, interpretando, com sucesso, Caprichos do destino (Pedro Caetano e Claudionor Cruz). Foi o primeiro cantor a ter um programa exclusivo nessa emissora, com o qual obteve enorme popularidade. De 1936 são suas gravações de Chora, cavaquinho (Dunga), Orgia (Valdemar Costa e Valdomiro Braga), Dama do cabaré (Noel Rosa), entre outras. Em 1937 foi a São Paulo SP pela primeira vez e apresentou-se na sacada do Teatro Colombo, no bairro paulista do Brás, onde se reuniram 10 mil pessoas para ouvi-lo. Foi nessa ocasião que o locutor Oduvaldo Cozzi lhe atribuiu o cognome de 0 Cantor das Multidões. Nesse mesmo ano, gravou na Victor um de seus grandes sucessos, Lábios que beijei (J. Cascata e Leonel Azevedo). Foi o primeiro cantor a interpretar Carinhoso (Pixinguinha, com letra que João de Barro colocou para ele gravar). Também em 1937 lançou a valsa Rosa (Pixinguinha), Boêmio (Ataulfo Alves e J. Pereira), Juramento falso (J. Cascata e Leonel Aze- vedo), o samba Rainha da beleza (Ataulfo Alves e Jorge Faraj), o fox A ultima canção (Guilherme A. Pereira), Alegria (Assis Valente e Durval Maia). Em 1938 participou do filme Banana da terra, dirigido por J. Rui, interpretando a marchinha A jardineira (Benedito Lacerda e Humberto Porto), que foi grande sucesso no Carnaval de 1939.

Para o Carnaval de 1938 lançou Abre a janela (Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti). Entre outras, ainda em 1938, gravou Não beba mais (Roberto Martins e Bide), o samba Meu romance (J. Cascata), a valsa Musa (Antônio Caldas e Celso de Figueiredo), o samba Eu sinto uma vontade de chorar (Dunga), Pagina de dor (Índio e Pixinguinha), o samba Agora é tarde (Sinval Silva) e o fox-canção Nada além (Custodio Mesquita e Mário Lago), que obteve grande êxito. Quatro lançamentos seus receberam prêmios em 1939: A jardineira, Meu consolo é você (Nássara e Roberto Martins), História antiga (Nássara e J. Cascata) e o samba O homem sem mulher não vale nada (Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti). Do mesmo ano são a valsa Número um (Benedito Lacerda e Mário Lago) e o tango Por ti eu me rasgo todo (versão de Osvaldo Santiago). No Carnaval de 1940, lançou a marcha-rancho Mal-me-quer (Newton Teixeira e Cristóvão de Alencar), e gravou, na Victor, inúmeras canções, entre as quais Perdoar é para Deus (Ari Frazão e Sebastião de Figueiredo), Coqueiro velho (Fernandinho e José Marcílio), a marcha Carioca (Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti), o samba A primeira vez (Bide e Marçal), Desilusão (J. Cascata e Leonel Azevedo) e o fox Nana (Custódio Mesquita e Geysa Bôscoli).

Em 1941 gravou Sinhá Maria (Rene Bittencourt), Lagrimas de homem (J. Cascata), A voz do povo (Francisco Malfitano e Frazão), e, em 1942, Rosinha (Heber de Bôscoli e Mário Martins), e também gravou, para ser lançado no Carnaval, Lero-lero (Benedito Lacerda e Roberto Roberti). Nesse ano gravou ainda Aos pés da cruz (Marino Pinto e Zé da Zilda), Mágoas de caboclo (J. Cascata e Leonel Azevedo) e Quero dizer-te adeus (Ary Barroso), e foi a Fortaleza CE, onde participou da inauguração das ondas curtas da Ceará Rádio-Clube. Em 1943 transferiu-se para a Odeon, onde lançou Podes mentir (Georges Moran e Aldo Cabral), a valsa Olhos magos (Dante Santoro) e o samba Noutros tempos... era eu (Ataulfo Alves). Em 1944, afastou-se dos palcos, continuando a fazer programas de rádio no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Belo Horizonte MG. Nesse ano, entre outras, gravou o samba Louco (Wilson Batista e Henrique de Almeida), Há sempre alguém (Custódio Mesquita) e o samba Atire a primeira pedra (Mário Lago e Ataulfo Alves), que fez sucesso estrondoso no Carnaval. Em 1945, ainda na Odeon, gravou o hino Canção do trabalhador brasileiro (Abdon Lira e Léia Lira). No ano seguinte, participou do filme da Atlântida Segura essa mulher, dirigido por Watson Macedo, interpretando a marcha Seja lá o que Deus quiser (J. Cascata e Leonel Azevedo). Também nesse ano, realizou varias gravações na Odeon, entre as quais as das músicas Um pracinha na Itália (Pedro Caetano e Claudionor Cruz) e Só uma louca não vê (Lauro Maia e Humberto Teixeira). Ainda em 1946 deixou a Rádio Nacional.

Em 1947, ano de seu casamento, lançou pela Odeon, entre outras gravações, a marcha Argentina (Newton Teixeira e Wilson Batista), a marcha Mulher-sensação (José Batista e Irani Ribeiro), Abigail (Wilson Batista e Orestes Barbosa) e Saudade (Dorival Caymmi). Em 1948 e 1949, gravou, na Odeon, a valsa Maldito amor(Georges Moran e Cristóvão de Alencar), Flor-mulher (Alfredo Ribeiro e Paulo Barbosa), Recordação... saudade (Dorival Caymmi), o bolero Pecadora (versão de Geber Moreira), o samba A que ponto chegaste (J. Cascata e Leonel Azevedo).

Em 1951 transferiu-se para a Copacabana, gravadora em que permaneceu ate 1955. Em 1951 gravou, entre outras, a marcha Não me importa que a tábua rache (Lis Monteiro e J. Piedade), o fox Sempre te amei (Maugeri Sobrinho e Maugeri Neto) e Tenho ciúme (Rene Bittencourt). Em 1953, um concurso da Revista do Rádio o elegeu Príncipe do Disco. Nesse mesmo ano, lançou Aquela mascarada (Ciro Monteiro e Dias Cruz), Exaltação à cor (Ataulfo Alves), Risque (Ary Barroso) e Escravo do amor (J. Cascata, Leonel Azevedo e Lilian Fernandes).

Em 1954, Orlando Silva conquistou o titulo de "Rei do Rádio". Nessa época, fazia o programa "Doze Badaladas", levado ao ar ao meio-dia, com grande audiência. Em 1955, retornou a Odeon, na qual permaneceu ate 1959. Obteve sucesso no Carnaval de 1958 com "Eu Chorarei Amanhã" (Raul Sampaio e Ivo Santos). Reconquistou definitivamente a popularidade com o lançamento pela Victor do LP "Carinhoso", revivendo todos os antigos sucessos. Gravou, ainda em 1959, o LP "Última Estrofe". Em 1960, novamente na RCA Victor, lançou o LP "Por Ti" e, no ano seguinte, o LP "Quando a Saudade Apertar". Em 1962 gravou o LP "Sempre Sucesso". Incluindo músicas de Taiguara, Antônio Carlos e Jocafi, Edu Lobo, Torquato Neto e Gilberto Gil, em 1975 lançou pela RCA Victor o LP "Hoje", completando 40 anos de carreira artística.

Em 1995, a BMG lançou caixa com três CDs, "Orlando Silva, O Cantor das Multidões", com gravações originais de 1935 a 1942.

Faleceu no Rio de Janeiro em 07 de Agosto de 1978.



Principais sucessos

A Jardineira, Benedito Lacerda e Humberto Porto (1938)
A Última Estrofe, Cândido das Neves (1935)
Abre a Janela, Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti (1937)
Alegria, Assis Valente e Durval Maia (1937)
Amigo Leal, Aldo Cabral e Benedito Lacerda (1937)
Aos Pés da Cruz, Marino Pinto e Zé da Zilda (1942)
Atire a Primeira Pedra, Ataulfo Alves e Mário Lago (1944)
Brasa, Felisberto Martins e Lupicínio Rodrigues (1945)
Caprichos do Destino, Claudionor Cruz e Pedro Caetano (1938)
Carinhoso, João de Barro e Pixinguinha (1937)
Cidade-Mulher, Noel Rosa (1936)
Curare, Bororó (1940)
Errei, Erramos, Ataulfo Alves (1938)
Eu Chorarei Amanhã, Ivo Santos e Raul Sampaio (1957)
Juramento Falso, J. Cascata e Leonel Azevedo (1937)
Lábios que Beijei, J. Cascata e Leonel Azevedo (1937)
Lero-Lero, Benedito Lacerda e Eratóstenes Frazão (1942)
Mágoas de Caboclo, J. Cascata e Leonel Azevedo (1936)
Mal-me-quer, Cristóvão de Alencar e Newton Teixeira (1939)
Meu Consolo é Você, Nássara e Roberto Martins (1938)
Meu Romance, J. Cascata (1937)
Nada Além, Custódio Mesquita e Mário Lago (1938)
Número Um, Benedito Lacerda e Mário Lago (1939)
Pecadora, Agustín Lara, versão de Geber Moreira (1947)
Quero beijar-te Ainda, Paulo Tapajós (1955)
Quero Dizer-te Adeus, Ary Barroso (1942)
Rosa, Otávio de Sousa e Pixinguinha (1937)
Sertaneja, René Bittencourt (1939)
Súplica, Déo, José Marcílio e Otávio Gabus Mendes (1940)

Fontes: Sites Wikipédia, MPBNet; Enciclopédia da Música Brasileira.