terça-feira, 27 de novembro de 2012

Ataulfo Alves

(Miraí/MG em 2 de maio de 1909 ********Rio de Janeiro/RJ em 20 de abril de 1969)

Ataulfo Alves de Sousa, mais conhecido como Ataulfo Alves, era um dos sete filhos do Capitão Severino, violeiro, sanfoneiro e repentista da Zona da Mata, nasceu em 2 de maio de 1909 na Fazenda Cachoeira, propriedade dos Alves Pereira, no município de Miraí, MG.

Com oito anos, Ataulfo Alves já fazia versos, respondendo aos improvisos do pai. Com a morte desse, a família teve de se mudar para a cidade, onde aos dez anos começou a ajudar a mãe no sustento da casa: foi leiteiro, condutor de bois, carregador de malas na estação, menino de recados, marceneiro, engraxate e lavrador, ao mesmo tempo em que estudava no Grupo Escolar Dr. Justino Pereira.

Aos 18 anos, Ataulfo Alves aceitou o convite do Dr. Afrânio Moreira Resende, medico de Miraí, para acompanhá-lo ao Rio de Janeiro, onde fixaria residência. Durante o dia, trabalhava no consultório, entregando recados e receitas, e, à noite, fazia limpeza e outros serviços domésticos na casa do médico. Insatisfeito com a situação, conseguiu uma vaga de lavador de vidros na Farmácia e Drogaria do Povo. Rapidamente, aprendeu a lidar com as drogas e tornou-se prático de farmácia. Depois do trabalho, Ataulfo Alves voltava para casa no bairro de Rio Comprido, onde costumava freqüentar rodas de samba. Já sabia tocar violão, cavaquinho e bandolim, e organizou um conjunto que animava as festas do bairro.

Em 1928, com apenas 19 anos, Ataulfo Alves casou-se com Judite. Nessa época, em que já começara a compor, tornou-se diretor de harmonia da "Fale Quem Quiser", bloco organizado pelo pessoal do bairro. Em 1933, Bide, que viria a fazer sucesso com o samba "Agora é Cinza" (com Marçal), ouviu algumas composições suas no Rio Comprido, e resolveu apresentá-lo a Mr. Evans, diretor americano da Victor. Foi então que Almirante gravou o samba "Sexta-Feira", sua primeira composição a ser lançada em disco. Dias depois, Carmen Miranda, que ele havia conhecido antes de ser cantora, gravou "Tempo Perdido", garantindo sua entrada no mundo artístico.

Em 1935, através de Almirante e Bide, Ataulfo Alves conseguiu seu primeiro sucesso com "Saudade do Meu Barracão", gravado por Floriano Belham. Seu nome cresceu muito quando apareceram as gravações do samba "Saudade Dela", em 1936, por Sílvio Caldas e da valsa "A Você" (com Aldo Cabral) e do samba "Quanta Tristeza" (com André Filho), em 1937, por Carlos Galhardo, que se tornaria um dos seus grandes divulgadores.

Passou a compor com Bide, Claudionor Cruz, João Bastos Filho e Wilson Batista, com quem venceu os Carnavais de 1940 e 1941, com "Oh!, Seu Oscar" e "O Bonde de São Januário".

Em 1938, Orlando Silva, outro grande intérprete de suas músicas, gravou "Errei, Erramos". Em 1941, Ataulfo Alves fez sua primeira experiência como intérprete, gravando seus sambas "Leva, Meu Samba..." e "Alegria na Casa de Pobre" (com Abel Neto).

Em 1942, a situação financeira difícil e a hesitação dos cantores em gravar sua última composição fizeram com que ele próprio lançasse, para o Carnaval do ano, "Ai, Que Saudades da Amélia", gravado com acompanhamento do grupo "Academia do Samba" e abertura de Jacó do Bandolim. O samba, feito a partir de três quadras apresentadas por Mário Lago para serem musicadas, resultou em grande sucesso popular. Juntos, fizeram ainda "Atire a Primeira Pedra", para o Carnaval de 1944, e, em 1945, lançaram "Capacho" e "Pra que Mais Felicidade".

Resolvido a continuar interpretando suas músicas, Ataulfo Alves juntou-se a um grupo de cantoras, organizando um conjunto que, por sugestão de Pedro Caetano, foi chamado de "Ataulfo Alves e suas Pastoras", inicialmente formado por Olga, Marilu e Alda.

Representativas da década de 1950, quando faziam sucesso músicas de fossa e de amores infelizes, são suas composições "Fim de Comédia" e "Errei, Sim", gravadas por Dalva de Oliveira. Em 1954, participou do show "O Samba Nasce no Coração", realizado na boate Casablanca, quando lançou o samba "Pois é...". O pintor Pancetti gostou muito da música e, inspirado nela, fez um quadro com o mesmo nome, que ofereceu ao compositor. Compôs, então, "Lagoa Serena" (com J. Batista), dedicando-a a Pancetti, que, novamente, o homenageou com a tela "Lagoa Serena".

Convidado por Humberto Teixeira, em 1961 Ataulfo Alves participou de uma caravana de divulgação da música popular brasileira pela Europa, para onde levou "Mulata Assanhada" e "Na Cadência do Samba" (com Paulo Gesta), que acabara de lançar. Retornou no mesmo ano e fundou a ATA (Ataulfo Alves Edições), tonando-se editor de suas músicas. Por essa época, desligou-se de suas pastoras – na ocasião Nadir, Antonina, Geralda e Geraldina –, passando a se apresentar sozinho, esporadicamente.

Depois de realizar, em 1964, uma temporada no Top Club, do Rio de Janeiro, como sentisse piorar a úlcera no duodeno, em 1965 decidiu passar o seu título de General do Samba para seu filho, Ataulfo Alves Júnior. Em decorrência do agravamento da úlcera, morreu após uma intervenção cirúrgica, no Rio de Janeiro em 20 de abril de 1969.


Fontes: Biografia: Enciclopédia da Música Brasileira; Art Editora e PubliFolha

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