terça-feira, 27 de novembro de 2012

Linda Batista

(São Paulo/SP, 14/6/1919 ****** Rio de Janeiro/RJ, 17/4/1988)

Florinda Grandino de Oliveira, a cantora Linda Batista, nasceu em 14 de junho de 1919, em São Paulo, SP.

Filha do humorista e ventríloquo João Batista Júnior e de Emília Grandino de Oliveira, de tradicional família paulista, nasceu no bairro paulistano de Higienópolis. Na verdade, seus pais já moravam no bairro do Catete, no Rio de Janeiro, mas a avó materna, Dona Florinda fazia questão que todos os seus netos nascessem em sua casa. Foi lá que nasceram Odete (sua irmã mais velha), ela (que recebeu o nome da avó) e Dircinha (a caçula), que também se tornou cantora. O pai, que era capaz de imitar 22 vozes sem abrir os lábios, resolveu ir para o Rio de Janeiro, já que na capital federal encontraria mais perspectivas de trabalho. Tratou de educar as filhas nos melhores colégios. A pequena Florinda, fez seu curso primário no tradicional Colégio Sion. Aos 10 anos, já estudava violão com o violonista e cantor Patrício Teixeira e, nessa época, compôs sua primeira música intitulada "Tão sozinha". Ainda menina, costumava ser levada pela empregada da família à gafieira "Corbeille de Flores", que ficava perto de sua casa. Concluiu o ginásio no Colégio São Marcelo e, em seguida, iniciou cursos de contabilidade e de corte e costura.

Começou sua carreira artística muito cedo, assim como a irmã, Dircinha Batista, três anos mais nova que ela. Na adolescência, Linda, como passou a ser chamada, acompanhava Dircinha com seu violão, apresentando-se em programas de rádio. Já eram conhecidas como as "Irmãs Batista", pois resolveram adotar o sobrenome do pai.

Em 1936, por causa de um atraso da irmã, teve que substituí-la cantando no programa de Francisco Alves, na Rádio Cajuti. Na ocasião interpretou "Malandro", de Claudionor Cruz, iniciando uma carreira de muito sucesso. Soube depois que o "atraso" havia sido combinado entre seu pai e Francisco Alves, pois este a queria cantando em seu programa e Linda era muito tímida para cantar. Logo depois, foi contratada pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Na mesma época, fez uma excursão de grande repercussão ao Nordeste.

Em 1937, casou-se com Paulo Bandeira, mas separou-se poucos meses depois.

Participou do filme "Maridinho de luxo", de Luís de Barros e foi eleita a primeira Rainha do Rádio, título que manteve por 11 anos, até 1948. O concurso foi realizado no Iate dos Laranjas, um barco carnavalesco atracado na Esplanada do Castelo, no centro do Rio de Janeiro.

Gravou, pela Odeon, o primeiro disco em dupla com Fernando Alvarez, interpretando duas rumbas: "Churrasco" e "Chimarrão", a primeira de Djalma Esteves e Augusto Garcez e a segunda de Djalma Esteves. Seu nome, no entanto, não consta no selo do disco e nem na discografia em 78 rpm.

Em 1938, participou de "Banana da terra", filme escrito por João de Barro com produção de Wallace Downey. Nesse mesmo ano transformou-se na principal "crooner" da Orquestra de Kolman, no Cassino da Urca, permanecendo como artista daquela casa até 1946, quando essa fechou. Na época, lançou vários sucessos compostos pelo compositor Chiquinho Sales, contratado pelo cassino especialmente para criar músicas para ela cantar. Ainda em 1938, Linda Batista inaugurou o Cassino da Ilha Porchat, em São Vicente, no litoral de São Paulo, com o maior salário pago até então a uma cantora brasileira. Quando retornou ao Rio, recebeu o slogan de "A Maioral do Samba".

Seu estilo de estrela, provocava cenas antológicas. Costumava chegar na Rádio Nacional em um sofisticado carro importado, vestida com casacos de pele e ostentando jóias caras, o que causava grande repercussão na imprensa. Em 1939, em dupla com Fernando Alvarez, gravou uma marchinha de sua autoria, intitulada "Oitava maravilha". Em 1940, transferiu-se para a RCA Victor, onde o primeiro disco gravado foi "Passei na ponte", de Ary Barroso. Em 1941, excursionou à Argentina e lançou com sucesso "Tudo é Brasil" (V. Paiva/ Sá Róris) e "Batuque no morro", ( Russo do Pandeiro e Sá Róris). Seu sucesso no rádio e no disco, acabou por levá-la à presença do Presidente Vargas, nos anos 40. A partir de então, iniciou-se uma admiração mútua entre os dois, sempre citada com orgulho pela cantora. Seu pai faleceu em 1943, o que provocou um pequeno interrompimento em sua carreira. Ainda em 1943, assinou contrato com a Rádio Tupi do Rio e gravou "Da Central a Belém" (Chiaquinho Sales).

Em 1944, para o carnaval, Linda Batista lançou a marcha "Clube dos barrigudos", de Cristóvão de Alencar e Haroldo Lobo. Em 1945, fez muito sucesso no carnaval com o samba "Coitado do Edgard" (Haroldo Lobo - Benedito Lacerda). Em 1946, depois de excursão pelo Brasil, Linda Batista gravou "No boteco do José" (Wilson Batista e Augusto Garcez). Nesse mesmo ano participou do filme "Caídos do céu", de Luís de Barros. Em 1947, assinou contrato com a Boate Vogue, tornando-se atração da casa até 1952. Em 1948 gravou "Enlouqueci" (Luís Soberano, Valdomiro Pereira e João Sales). Em 1950 gravou o samba carnavalesco "Nega maluca" (Fernando Lobo/ Evaldo Rui) e em 1951 o samba-canção "Vingança" (Lupicínio Rodrigues), dois de seus maiores sucessos. Também de 1951 foi o samba "Madalena" (Ari Macedo - Airton Amorim). Ainda em 1951, Linda Batista viajou à Europa, apresentando-se em Portugal, na boate Vogue, em Paris, França, na televisão, e na boate Open Gate, em Roma, Itália.

Em 1952, Linda Batista fez imenso sucesso com o samba "Me deixa em paz" (Monsueto Menezes - Airton Amorim). Nos anos 50, apresentou na Rádio Nacional o seu próprio programa, intitulado, "Coisinha Linda". Em 1953, fez sucesso com "Risque" (Ary Barroso), samba canção lançado por Aurora Miranda, mas que gravação de Linda eclipsou totalmente.

Linda Batista atuou, ainda, nos seguintes filmes nacionais: "Tudo Azul", de Moacir Fenelon; "Está com Tudo", de Luís de Barros; "É Fogo na Roupa", de Watson Macedo; "Carnaval em Caxias", de Paulo Wanderley, "O Petróleo é Nosso", de Watson Macedo; "Carnaval em Marte", de Watson Macedo; "Tira a Mão Daí", de J. Rui; "Depois eu Conto", de José Carlos Bule; "Metido a Bacana", de J. B. Tanko; "É de Chuá", de Vítor Lima e "Mulheres à Vista".

Em 1959, após uma viagem à Argentina, Linda Batista recebeu da UBC e da Sbacem o troféu Noel Rosa.

Na década de 1960, ainda gravou, principalmente, marchinhas de carnaval, algumas de sua autoria.

Linda Batista participou de programas de televisão, mas foi aos poucos se afastando da vida artística, entrando em depressão, enquanto a fortuna pessoal acumulada se esvaía. Nos anos 80, parou de trabalhar, recolhendo-se à companhia das irmãs, em seu apartamento no bairro carioca de Copacabana, o último bem imóvel que lhes restou.

No fim da vida, as irmãs passaram por dificuldades financeiras, tendo sido auxiliadas pelo cantor e fã José Ricardo. Foi, depois de Carmen Miranda, uma das primeiras estrelas de grande popularidade em todo o Brasil. Ao fim da chamada Época de Ouro era difícil encontrar quem não ouvisse seus programas de rádio.

Linda Batista recebeu vários títulos (Rainha do Rádio, Estrela do Brasil, Nosso Patrimônio Nacional, Sambista nº 1 da Belacap, entre outros). Foi amiga de Presidentes (Vargas, Juscelino e Jango) e admirada por personalidades internacionais (Sablon, Orson Welles, a estilista Schiaparelli, entre outros).

Linda Batista faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 17 de abril de 1988.

Em 1998, o musical intitulado "Somos Irmãs", de Sandra Werneck, foi encenado no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, revivendo a vida, o sucesso e a decadência das "irmãs Batista". A montagem, dirigida por Ney Matogrosso e estrelada por Sueli Franco e Nicete Bruno, ainda percorreu o Brasil em várias apresentações, sempre com êxito de público e de crítica. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário