terça-feira, 27 de novembro de 2012

Aracy Cortes

(Rio de Janeiro/RJ, 31/03/1904 — Rio de Janeiro/RJ, 08/01/1985)

Filha do chorão Carlos Espíndola, foi vizinha de Pixinguinha no bairro do Catumbi, no Rio de Janeiro, onde viveu até os 12 anos.

Aos 17 anos de idade, deixou a família para trabalhar como cantora em um circo. Foi descoberta por Luís Peixoto, quando cantava e dançava maxixes no Democrata Circo e seu nome artístico lhe foi dado pelo crítico teatral do jornal "A Noite", Mário Magalhães, quando passou a atuar em teatro de revista, no inícios dos anos 20.

Estreou no Teatro Recreio em dezembro de 1921 na revista "Nós pelas costas", de J. Praxedes, com composições de Pedro Sá Pereira. Dois anos mais tarde, já era nome consagrado ao atuar na revista "Que pedaço", de Sena Pinto, com música de Paulino Sacramento, onde se destacou com o samba "Ai, madama".

Primeira grande cantora popular brasileira, foi praticamente a única a ter sucesso na década de 20, quando, até então, os grandes nomes eram de vozes masculinas.

Lançou seu primeiro disco em 1925 pela Odeon, onde gravou "Serenata de Toselli", e as canções "A casinha" e Petropolitana". Quatro anos mais tarde teve enorme sucesso ao lançar na revista "Microlândia" o samba "Jura", de Sinhô, gravado simultaneamente por Araci e pelo estreante Mário Reis em fins de 1928.

Sua gravação do samba-canção "Ai, ioiô" (no disco com o título de iaià) de Henrique Vogeler, Marques Porto e Luís Peixoto, realizada em 1928, e por ela lançado na revista "Miss Brasil", tornou-se uma das mais famosas da discografia da música popular brasileira.

Na revista "Laranja da China", de Olegário Mariano, com música de Júlio Cristóbal, Pedro Sá Pereira e Ary Barroso, encenada no Teatro Recreio, interpretou o samba "Vamos deixar de intimidade", responsável pelo lançamento de Ary Barroso como compositor. Em 1930, lançou na revista "É do outro mundo" o samba "No rancho fundo", de Ary Barroso e Lamartine Babo, na época denominado "Este mulato vai ser meu", com o subtítulo "Na grota funda". Neste mesmo ano lançou, na revista "Diz isso cantando", a música "No morro" (Ari Barroso e Luís Iglésias), que oito anos mais tarde seria reescrita e se tornaria o sucesso "Boneca de piche", nas vozes de Carmen Miranda e Almirante.

Em 1932, gravou com sucesso o samba "Tem francesa no morro", de autoria de Assis Valente.

Foi a primeira estrela de revista nacional a excursionar ao exterior, quando em 1933 o empresário Jardel Jércolis levou uma companhia, da qual Araci era estrela, à Europa.

Em 1938, atuou na revista "Rumo ao Catete", encenada no Teatro Recreio, contracenando com Eva Tudor e Oscarito.

Em 1939, novamente no Teatro Recreio, atuou na revista "Entra na faixa", de Luís Iglésias e Ari Barroso, na qual lançou o samba-exaltação "Aquarela do Brasil".

Entre as décadas de 50 e 60, afastou-se do meio artístico, voltando em 1965 no espetáculo "Rosa de Ouro", promovido por Hermínio Bello de Carvalho e Kleber Santos, ao lado de Clementina de Jesus e onde atuavam Paulinho da Viola e Elton Medeiros, entre outros. O espetáculo rendeu dois LPs lançados pela Odeon, "Rosa de Ouro 1" - 1965 e "Rosa de Ouro 2" - 1967, onde participou de várias faixas.

Em 1976, apresentou-se no Teatro Glauce Rocha, e em 1978 no Teatro Dulcina.

Em 1984, foram lançados pela Funarte um LP "Araci Cortes" uma coletânea com depoimentos da cantora e um livro de autoria de Roberto Ruiz, comemorativos de seus 80 anos. Também nesse ano, a Sala Sidnei Miller da Funarte, homenageou-a com um show biográfico, interpretado pela cantora Marília Barbosa, que revivia sua vida e suas canções, e no qual ela tinha uma rápida participação especial .

Ao morrer, seu corpo foi velado no saguão de entrada do Teatro João Caetano, na mesma praça Tiradentes em cujos teatros obteve grandes sucessos. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário