terça-feira, 27 de novembro de 2012

Waldick Soriano

(Caetité/BA, 13/05/1933 ******** Rio de Janeiro, 04/09/2008)

Eurípedes Waldick Soriano era filho de Manuel Sebastião Soriano, comerciante de ametistas no distrito de Brejinho das Ametistas,em Caetité. Um fato que muito marcou a infância de Waldick foi o abandono do lar pela mãe, já que ele era muito apegado à genitora.

Nascido na cidade de Caetité, viveu na mesma cidade até o final de uma juventude boêmia. Aos 27 anos, uma grave briga em um clube local o fez sair de sua cidade natal com destino a São Paulo.

Até chegar em São Paulo, Waldick Soriano trabalhou como lavrador, engraxate, motorista de caminhão e garimpeiro. Este último, nas palavras do próprio Waldick, foi o trabalho mais arriscado que enfrentou, já que foram dois anos trabalhando em buracos de até 30 metros de profundidade, acompanhado apenas de homens e sem muitas opções de comida.

Já na capital paulista, iniciou-se profissionalmente na carreira artística, e nos anos 60 fez sucesso com a música “Quem és Tu”. Sua grande visibilidade não deveu-se somente às letras de suas músicas, sempre falando de decepções amorosas, mas também ao seu visual inusitado para a época: roupas e óculos sempre escuros. Este visual era inspirado nos filmes de faroeste que o cantor assistia quando era jovem na sua cidade natal.

Seu maior sucesso foi "Eu não sou cachorro não", que foi regravada em inglês macarrônico por Falcão. Também se tornaram conhecidas outras músicas suas, tais como "Paixão de um Homem", "A Carta", "A Dama de Vermelho" e "Se Eu Morresse Amanhã".

Quanto às críticas feitas à sua música, Waldick Soriano dizia que quem a chamava de brega não sabia do que estava falando. Para ele, suas músicas eram românticas, falava dos sofrimentos do amor de uma maneira bonita. Brega, em sua cidade, era “cabaré”, casa de prostituição. Para Waldick, suas roupas, sim, eram cafonas, mas sua música era romântica, e não brega.

A posição quase marginal que o ritmo "cafona" ocupou mereceu uma análise mais acurada e científica, já na 5ª edição, pelo historiador e jornalista Paulo César de Araújo. Intitulado "Eu não sou cachorro, não - Música popular cafona e ditadura militar" (Rio de Janeiro, Record, 2005), a obra traz, já em seu título, uma referência a este cantor e sua música de maior sucesso. Ali o autor contesta, de forma veemente, o papel de adesista ao regime de exceção implantado a ferro e fogo no Brasil pelos militares, por parte dos músicos "bregas". Waldick, segundo ele, é um dos exemplos, tendo sua música "Tortura de Amor" censurada em 1974, quando foi por ele reeditada. Apesar de ser uma composição de 1962, o regime não tolerava que se falasse a palavra "tortura"...

A revista "Nossa História", de dezembro de 2005, refere-se ao cantor como "o mais folclórico dos cafonas" (ano 3, nº26, ed. Vera Cruz).

Num dos programas do apresentador Jô Soares, o músico Ubirajara Penacho dos Reis - Bira - declarou que nos anos 60 tocava apenas os sucessos de Waldick.

Durante muitos anos, Waldick Soriano não foi reconhecido nem mesmo em sua cidade natal. Mesmo assim, seus dois filhos gêmeos nasceram em Caetité, em 1966. Apenas 30 anos depois a cidade fez um reconhecimento público ao cantor, ao nomear uma de suas principais avenidas com o nome do artista. Pouco tempo depois, o SBT realizava ali um documentário, encenado por moradores locais, retratando a juventude de Waldick, sua paixão pela professora Zilmar Moura e a mudança para o sul.

Sílvio Santos aliás, protagonizou com Waldick uma das mais inusitadas cenas da televisão brasileira: no abraço que deram, foram perdendo o equilíbrio até ambos caírem, abraçados, no chão. Ali, então, simularam um affair, provocando hilaridade.

Além de cantor, Waldick Soriano também era compositor de muitas de suas canções. Era presença marcante nas décadas de 70 e 80 em programas de auditório, como os do Chacrinha ou do Edson “Bolinha" Cury.

Em 2006, aos 73 anos, foi diagnosticado um tumor maligno na próstata de Waldick Soriano. O cantor se mudou de Fortaleza, onde morava, e passou a fazer tratamento no INCA, no Rio de Janeiro. Entretanto a doença continuou evoluindo, de modo que já em julho de 2008 a saúde do artista era bastante fraca. Em 04 de setembro de 2008, aos 75 anos de idade e com mais de 500 músicas compostas, o cantor faleceu vítima do câncer de próstata.

A atriz Patrícia Pillar, grande admiradora do cantor e, principalmente do homem, Waldick Soriano, assinou a direção de seu primeiro CD/DVD ao vivo (Waldick Soriano ao vivo - 2007) e do documentário “Waldick Soriano – sempre no meu coração”

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