terça-feira, 27 de novembro de 2012

Zaíra Cavalcanti

(Santa Maria/RS, 1/10/1913 ******** Rio Grande do Sul, 12/09/1981)

A cantora, filha de Otávio Cavalcanti e D. Conceição Baltazar, iniciou a carreira teatral na cidade de Santos, SP, atuando na Companhia Arruda. Durante muito tempo atuou como atriz de teatro de revistas e sua beleza chegou a merecer do poeta e compositor Orestes Barbosa as seguintes palavras: "Ave rara, doce morena, ave pernalta com olhar de corsa mansa".

Foi corista da Companhia de Revistas Tro-ló-ló e atuou nos teatros Carlos Gomes e Glória e no cabaré Alcazar. Em 1927, atuou com a Companhia Tro-lóló na revista Você quer é carinho, de Nelson de Abreu, Luís Iglézias e Geysa Bôscoli com músicas de Paraguassu e Sinhô.

Embarcou em 1928, com a Companhia Brasileira de Revistas Tro-ló-ló, para uma tounée pela Argentina, Chile e Uruguai que durou quase três meses. Em 1929, fez parte o elenco da revista Pátria amada, apresentada no teatro Recreio, RJ. Na ocasião, recebeu do crítico Mário Nunes o seguinte comentário: "Sabe cantar expressivamente, sublinhando tudo com meneios quentes".

Gravou pela primeira vez em 1930, pela Odeon, o samba-canção "Diga", de Gonçalves de Oliveira e Lamartine Babo, e a "Canção dos Infelizes", de Donga, Luiz Peixoto e Marques Porto, com acompanhamento da Orquestra Pan American. Nesse ano, gravou na Parlophon os sambas "Pedaço de mau caminho", de Eduardo Souto e Osvaldo Santiago, e "Gongá", de José Luiz da Costa, com acompanhamento da Simão Nacional Orquestra, e os sambas "Tem moamba", de Eduardo Souto e João de Barro, e "Vou pedir à padroeira", de Américo de Carvalho, com acompanhamento da Orquestra Guanabara.

Ainda em 1930, participou de um concurso musical promovido pelo jornal Diário Carioca, como uma das principais cantoras da época. Atuou também na revista "Dá Nela", de Marques Porto e Luiz Peixoto, apresentada no Teatro Recreio fazendo sucesso com a interpretação da música título, de Ary Barroso. A nova estrela usava em cena calças compridas e blusa branca, lenço vermelho na cintura, chapéu de abas largas e leque, cantando a marchinha de Ary no 15º quadro do primeiro ato. A cor vermelha era símbolo da Aliança Liberal. Devido ao grande sucesso, Zaíra trisou a apresentação.

O crítico Lafayette Silva, do Correio da manhã, assim saudava a atriz: "Zaíra cavalcanti é a mais séria ameaça do teatro popular".

A música consagrou a atriz e fez com que Ary Barroso ganhasse o concurso carnavalesco daquele ano. A marchinha foi gravada por Franscisco Alves, nesse mesmo ano.

Zaíra continuou lançando sucessos e sendo uma das figuras mais queridas de nosso teatro.

Pouco depois, estreou no mesmo teatro a revista "Eu sou do amor", música de Ary Barroso, peça escrita por Aricles França e Elieser de Barros. Estrelou em seguida, com grande sucesso a revista "Pau-brasil", de Marques Porto e Luiz Peixoto com músicas de Ary Barroso e Júlio Cristóbal. Atuou também na revista "Vai dar o que falar", de Marques Porto e Luiz Peixoto com músicas de Ary Barroso e Antônio Neves apresentada no Teatro João Caetano.

Em 1931 gravou com acompanhamento da Orquestra Guanabara, os sambas "Caranguejo também sobe no arvoredo", de Mário Barros e "Sem querer...", de Ary Barroso, Marques Porto e Luiz Peixoto.

Em 1932, voltou para a Odeon e gravou, com acompanhamento da Orquestra Copacabana, o fox "Quando escuto você cantar", de Milton Amaral e Jerônimo Cabral, e o samba "Quando tu fores bem velhinho", de Paulo Orlando e Jerônimo Cabral. Com a mesma orquestra gravou de Oscar Cardona o samba "Nossas cores" e o choro "Não terás perdão".

Em 1933, viajou com a Companhia Tro-lóló para apresentações em Portugal.

Gravou somente sete discos (14 músicas) pelas gravadoras Odeon e Parlophon, tendo sua carreira se restringido depois somente ao Teatro de Revista.

Em 1949, atuou com sucesso na revista "Confete na boca", apresentada no Teatro Glória ao lado de nomes como Dercy Gonçalves e Dircinha Batista. Na ocasião, o crítico Antônio Accioly Neto assim escreveu a seu respeito nas páginas da revista O Cruzeiro: "Zaíra Cavalcanti, sem embora cantar aqueles seus antigos sambas tão cheios de dengues, que fizeram época, ainda é um grande elemento no gênero".

Em 1952, participou na Rádio Tupi da festa pelos 49 anos do compositor Ary Barroso e interpretou na ocasião o samba "Dá Nela".

Teve atuação também no cinema. Um de seus últimos filmes, a atriz contracena com Mazzaropi em "Uma Pistola para Djeca".

A atriz faleceu em 1981 no Retiro dos Artistas.

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