terça-feira, 27 de novembro de 2012

Vinícius de Moraes

(Rio de Janeiro/RJ, 19 de outubro de 1913 — Rio de Janeiro/RJ, 9 de julho de 1980)

Marcus Vinicius da Cruz de Melo Moraes, conhecido como Vinicius de Moraes, foi diplomata, jornalista, poeta, compositor e cantor.

Vinicius de Moraes nasceu na madrugada de 19 de outubro de 1913, em meio a um forte temporal, no antigo nº 114 (casa já demolida) da rua Lopes Quintas, na Gávea, ao lado da chácara de seu avô materno, Antônio Burlamaqui dos Santos Cruz. Era filho de d. Lydia Cruz de Moraes e Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, este, sobrinho do poeta, cronista e folclorista Mello Moraes Filho e neto do historiador Alexandre José de Mello Moraes.

Em 1916, a família mudou-se para a rua Voluntários da Pátria, nº 192, em Botafogo, passando a residir com o aos avós paternos, d. Maria da Conceição de Mello Moraes e Anthero Pereira da Silva Moraes.

No ano seguinte, nova mudança para a rua da Passagem, nº 100, ainda em Botafogo, onde nasceu seu irmão Helius. Vinicius e sua irmã Lygia entram para a escola primária Afrânio Peixoto, na rua da Matriz. Em 1919, a família transfere-se para a rua 19 de fevereiro, nº 127.No ano seguinte, mudam-se se novamente: para a rua Real Grandeza, nº130. Vinicius de Moraes tem as primeiras namoradas na escola Afrânio Peixoto. É batizado na maçonaria, por disposição de seu avô materno, cerimônia que lhe causaria grande impressão.

Em 1922, a família teve a última residência em Botafogo, na rua Voluntários da Pátria, nº 195. Sua família transfere-se para a Ilha do Governador, na praia de Cocotá, nº 109-A, onde o poeta passa suas férias.

No ano seguinte, Vinicius de Moraes faz sua primeira comunhão na Matriz da rua Voluntários da Pátria.

Vinicius de Moraes inicia, em 1924, o Curso Secundário no Colégio Santo Inácio, na rua São Clemente. Começa a cantar no coro do colégio, durante a missa de domingo. Liga-se de grande amizade a seus colegas Moacyr Veloso Cardoso de Oliveira e Renato Pompéia da Fonseca Guimarães, este, sobrinho de Raul Pompéia, com os quais escreve o "épico" escolar, em dez cantos, de inspiração camoniana: "Os Acadêmicos".
A partir daí, Vinicius participa sempre das festividades escolares de encerramento do ano letivo, seja cantando, seja atuando nas peças infantis.

Em 1927, Vinicius conhece e torna-se amigos dos irmãos Paulo e Haroldo Tapajoz, com os quais começa a compor. Com eles, e alguns colegas do Colégio Santo Inácio, forma um pequeno conjunto musical que atua em festinhas, em casa de famílias conhecidas.

Já no ano seguinte, compõe, com os irmãos Tapajoz, "Loura ou Morena" e "Canção da Noite", que têm grande sucesso popular. Por essa época, namorava invariavelmente todas as amigas de sua irmã Laetitia.

Em 1929, bacharela-se em Letras, no Santo Inácio. Sua família muda-se da Ilha do Governador para a casa contígua àquela onde nasceu, na rua Lopes Quintas, também já demolida.

No ano seguinte, Vinicius de Moraes etra para a faculdade de Direito da rua do Catete, sem vocação especial. Defende tese sobre a vinda de d. João VI para o Brasil para ingressar no "Centro Acadêmico de Estudos Jurídicos e Sociais" (CAJU), onde faz amizade com Otávio de Faria, San Thiago Dantas, Thiers Martins Moreira, Antônio Galloti, Gilson Amado, Hélio Viana, Américo Jacobina Lacombe, Chermont de Miranda, Almir de Andrade e Plínio Doyle.

Em 1931, entra para o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR).

Forma-se em Direito em 1933 e termina o Curso de Oficial de Reserva. Estimulado por Otávio de Faria, Vinicius de Moraes publica seu primeiro livro, "O Caminho para a Distância", na Schimidt Editora.

Em 1935, publica "Forma e Exegese", livro com o qual ganha o prêmio Felipe d’Oliveira. No ano seguinte, publica, em separata, o poema "Ariana, A Mulher".
No mesmo ano, substitui Prudente de Morais Neto, como representante do Ministério da Educação junto à Censura Cinematográfica, e conhece Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, dos quais se torna amigo.

Publica novos poemas 1938 e é agraciado com a primeira bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de Oxford (Magdalen College), para onde parte em agosto do mesmo ano. Funciona como assistente do programa brasileiro da BBC.
Conhece, em casa de Augusto Frederico Schimidt, o poeta e músico Jayme Ovalle, de quem se torna um dos maiores amigos.

No ano de 1939, casa-se por procuração com Beatriz Azevedo de Mello. Regressa da Inglaterra em fins desse mesmo ano, devido à eclosão da II Grande Guerra. Em Lisboa, encontra seu amigo Oswald de Andrade com quem viaja para o Brasil.

Em 1940, nasce sua primeira filha, Susana. Passa longa temporada em São Paulo, onde se liga de amizade com Mário de Andrade.

No ano seguinte, Vinicius de Moraes começa a fazer jornalismo em "A Manhã", como crítico cinematográfico e a colaborar no Suplemento Literário ao lado de Rineiro Couto, Manuel Bandeira, Cecília Meireles e Afonso Arinos de Melo Franco, sob a orientação de Múcio Leão e Cassiano Ricardo.

Inicia, em 1942, seu debate sobre cinema silencioso e cinema sonoro, a favor do primeiro, com Ribeiro Couto, e em seguida com a maioria dos escritores brasileiros mais em voga, e do qual participam Orson Welles e madame Falconetti. Nesse ano, nasce seu filho Pedro.

A convite do então prefeito Juscelino Kubitschek, chefia uma caravana de escritores brasileiros a Belo Horizonte, onde faz amizade com Otto Lara Rezende, Fernando Sabino, Hélio Pelegrino e Paulo Mendes Campos.
Inicia, com seus amigos Rubem Braga e Moacyr Werneck de Castro, a roda literária do Café Vermelhinho, à qual se misturam a maioria dos jovens arquitetos e artistas plásticos da época, como Oscar Niemeyer, Carlos Leão, Afonso Reidy, Jorge Moreira, José Reis, Alfredo Ceschiatti, Santa Rosa, Pancetti, Augusto Rodrigues, Djanira, Bruno Giorgi.
Freqüenta, nessa época, as domingueiras em casa de Aníbal Machado. Conhece e se torna amigo da escritora argentina Maria Rosa Oliver, através da qual conhece Gabriela Mistral.

Faz uma extensa viagem ao Nordeste do Brasil acompanhando o escritor americano Waldo Frank. Essa viagem muda radicalmente sua visão política, tornando-se um antifacista convicto. Na estada em Recife, conhece o poeta João Cabral de Melo Neto, de quem se tornaria, depois, grande amigo.

Em 1943, publica suas "Cinco Elegias", em edição mandada fazer por Manuel Bandeira, Aníbal Machado e Otávio de Faria. Nesse mesmo ano, ingressa, por concurso, na carreira diplomática.

No ano seguinte, dirige o Suplemento Literário de "O Jornal", onde lança, entre outros, Oscar Niemeyer, Pedro Nava, Marcelo Garcia, francisco de Sá Pires, Carlos Leão e Lúcio Rangel, em colunas assinadas, e publica desenhos de artistas plásticos até então pouco conhecidos, como Carlos Scliar, Athos Bulcão, Alfredo Ceschiatti, Eros (Martim) Gonçalves, Arpad Czenes e Maria Helena Vieira da Silva.

Em 1945, colabora em vários jornais e revistas, como articulista e crítico de cinema. Nesse mesmo ano, faz amizade com o poeta Pablo Neruda.

Sofre um grave desastre de avião na viagem inaugural do hidro Leonel de Marnier, perto da cidade de Rocha, no Uruguai. Em sua companhia estão Aníbal Machado e Moacir Werneck de Castro. Ainda em 1945, faz crônicas diárias para o jornal "Diretrizes".

Parte para Los Angeles, em 1946, como vice-cônsul, em seu primeiro posto diplomático. Ali permanece por cinco anos sem voltar ao Brasil. Publica em edição de luxo, ilustrada por Carlos Leão, seu livro, "Poemas, Sonetos e Baladas".

Em Los Angeles, em 1947, estuda cinema com Orson Welles e Gregg Toland. Lança, com Alex Viany, a revista "Film".

Em 1950, Vinicius de Moraes viaja para o México para visitar seu amigo Pablo Neruda, gravemente enfermo. Ali conhece o pintor David Siqueiros e reencontra seu grande amigo, o pintor Di Cavalcanti. Nesse mesmo ano, morre o pai de Vinicius de Moraes e ele retorna ao Brasil.

No ano de 1951, casa-se pela segunda vez com Lila Maria Esquerdo e Bôscoli.
Começa a colaborar no jornal "Última Hora", a convite de Samuel Wainer, como cronista diário e posteriormente crítico de cinema.

Em 1952, visita, fotografa e filma, com seus primos, Humberto e José Francheschi, as cidades mineiras que compõe o roteiro do Aleijadinho, com vistas à realização de um filme sobre a vida do escultor que lhe for a encomendado pelo diretor Alberto Cavalcanti. Nesse mesmo ano, é nomeado delegado junto ao festival de Punta Del Leste, fazendo paralelamente sua cobertura para o "Última Hora". Parte, logo depois, para a Europa, encarregado de estudar a organização dos festivais de cinema de Cannes, Berlim, Locarno e Veneza, no sentido da realização dos Festival de Cinema de São Paulo, dentro das comemorações do IV Centenário da cidade.

Em Paris, conhece seu tradutor francês, Jean Georges Rueff, com quem trabalha, em Estrasburgo, na tradução de suas "Cinco Elegias".

Em 1953, nasce sua filha Georgiana. No mesmo ano, colabora no tablóide semanário Flan, de Última Hora, sob direção de Joel Silveira e aparece a edição francesa das "Cinq Élégies", em edição de Pierre Seghers. Nessa época, torna-se amigo do poeta cubano Nicolás Guillén.

Ainda nesse ano, compõe seu primeiro samba, música e letra, "Quando Tú Passas por Mim" e faz crônicas diárias para o jornal "A Vanguarda", a convite de Joel Silveira.

Ainda em 1953, parte para Paris como segundo secretário de Embaixada.

Sai, em 1954, a primeira edição de sua "Antologia Poética". A revista Anhembi publica sua peça "Orfeu da Conceição", premiada no concurso de teatro do IV Centenário do Estado de São Paulo.

Em 1955, compõe, em Paris, uma série de canções de câmara com o maestro Cláudio Santoro. Começa a trabalhar para o produtor Sasha Gordine, no roteiro do filme "Orfeu Negro". No final daquele ano, vem com ele ao Brasil, por uma curta estada, para conseguir financiamento para a produção da película, o que não consegue, regressando em fins de dezembro a Paris.

Volta ao Brasil, em 1956. em gozo de licença-prêmio e nasce sua terceira filha, Luciana.

Vinicius de Moraes colabora no quinzenário "Para Todos", a convite de seu amigo Jorge amado, em cujo primeiro número publica o poema "O Operário em Construção".

Paralelamente aos trabalhos da produção do filme "Orfeu Negro", tem a oportunidade de encenar sua peça "Orfeu da Conceição", no Teatro Municipal, que aparece também em edição comemorativa de luxo, ilustrada por Carlos Scliar.
Convida Antônio Carlos Jobim para fazer a música do espetáculo, iniciando com ele a parceria que, logo depois, com a inclusão do cantor e violonista João Gilberto, daria início ao movimento de renovação da música popular brasileira que se convencionou chamar de "bossa nova".

Retorna ao seu posto, em Paris, no fim do ano de 1956.

É, em 1957, transferido da Embaixada em Paris para a Delegação do Brasil junto à UNESCO. No fim do ano é removido para Montevidéu, regressando, em trânsito, ao Brasil. Publica a primeira edição de seu "Livro de Sonetos", em edição de Livros de Portugal.

Em 1958, Vinicius de Moraes sofre um grave acidente de automóvel. No mesmo ano, casa-se, pela terceira vez, com Maria Lúcia Proença. Parte para Montevidéu. No mesmo ano, sai o LP "Canção do Amor Demais", de músicas suas com Antônio Carlos Jobim, cantadas por Elizete Cardoso. No disco ouve-se, pela primeira vez, a batida da bossa novas, no violão de João Gilberto, que acompanha acantora em algumas faixas, entre as quais o samba "Chega de Saudade", considerado o marco inicial do movimento.

No ano seguinte, sai o Lp "Por Toda Minha Vida", de canções suas com Jobim, com a cantora Lenita Bruno.

O filme "Orfeu Negro" ganha a Palme d’Or do Festival de Cannes e o Oscar, de Hollywood, como melhor filme estrangeiro do ano. É lançado no mesmo ano, o seu livro "Novos poemas II" e casa-se sua filha Susana.

Em 1960, Vinicius de Moraes retorna à Secretaria do Estado das Relações Exteriores.Em novembro de 1960, nasce seu neto, Paulo.

Sai a segunda edição de sua "Antologia Poética", pela Editora de Autor; a edição popular da peça "Orfeu da Conceição", pela livraria São José e Recette de Femme et autres poèmes, tradução de Jean-Georges Rueff, em edição Seghers, na coleção Autour du Monde.

Em 1961, Vinicius começa a compor com Carlos Lira e Pixinguinha. No ano seguinte, começa a compor com Baden Powell, dando inicio à série de afro-sambas, entre os quais, "Berimbau" e "Canto de Ossanha".
Compõe, com música de Carlos Lyra, as canções de sua comédia-musicada "Pobre Menina Rica".
Em agosto, faz seu primeiroshow, de larga repercussão, com Antônio Carlos Jobim e João Gilberto, na boate AuBom Gourmet, que daria início aos chamados pocket-shows, e onde foram lançados pela primeira vez grandes sucessos internacionais como "Garota de Ipanema" e o "Samba da bênção"
Faz show com Carlos Lyra,na mesma boate, para apresentar "Pobre Menina Rica", onde é lançada a cantora Nara Leão.

Compõe com Ari Barroso as últimas canções do grande compositor popular, entre as quais "Rancho das namoradas".

Vinicius grava, como cantor, seu disco com a atriz e cantora Odete Lara.

Em 1963, Vinicius começa a compor com Edu Lobo. Nesse mesmo ano, casa-se com Nelita Abreu Rocha e parte em posto para Paris, na delegação do Brasil junto a UNESCO. No ano seguinte, regressa de Paris e colabora com crônicas semanais para a revista Fatos e Fotos, assinando paralelamente crônicas sobre música popular para o Diário Carioca e começa a compor com Francis Hime.

Vinicius de Moraes faz show de grande sucesso com o compositor e cantor Dorival Caymmi, na boate "Zum-Zum", onde lança o "Quarteto em Cy". Do show é feito um LP.

Em 1965, Vinicius de Moraes ganha o primeiro e o segundo lugares do I Festival de Música Popular de São Paulo, da TV Record, em canções de parceria com Edu Lobo e Baden Powell. No mesmo ano, parte para Paris e St.Maxime para escrever o roteiro do filme "Arrastão", indispondo-se, subseqüentemente, com seu diretor, e retirando suas músicas do filme. De Paris, voa para Los Angeles a fim de encontrar-se com seu parceiro Antônio Carlos Jobim.

Naquele mesmo ano, muda-se de Copacabana para o Jardim Botânico, na rua Diamantina, nº 20. Começa a trabalhar com o diretor Leon Hirszman, do Cinema Novo, no roteiro do filme "Garota de Ipanema". Volta, também ao show com Caymmi, na boate Zum-Zum.

Em 1966, são feitos documentários sobre o poeta pelas televisões americana, alemã, italiana e francesa, sendo que os dois últimos realizados pelos diretores Gianni Amico e Pierre Kast.

Seu "Samba da bênção", de parceria com Baden Powell, é incluída, em versão de compositor e ator Pierre Barouh, no filme "Un Homme… Une Femme", vencedor do Festival de Cannes do mesmo ano. Vinicius participa do jurí do mesmo festival.

A mãe de Vinicius de Moraes falece no dia 25 de fevereiro de 1968. No ano seguinte, Vinicius de Moraes é exonerado do Itamaraty e casa-se com Cristina Gurjão.

Em 1970, Vinicius casa-se com a atriz baiana Gesse Gessy e nasce Maria, sua quarta filha. Nesse mesmo ano, inicia parceria com Toquinho.

Em 1971, Vinicius de Moraes muda-se para a Bahia. Em 1975, excursiona pela Europa e grava, com Toquinho, dois discos na Itália. Em 1976, escreve as letras de "Deus lhe pague", em parceria com Edu Lobo. Nesse mesmo ano, casa-se com Marta Rodrigues Santamaria.

Em 1977, grava um LP em Paris, com Toquinho e faz Show com Tom, Toquinho e Miúcha, no Canecão. No ano seguinte, excursiona pela Europa com Toquinho.
No mesmo ano, casa-se com Gilda de Queirós Mattoso, que conhecera em Paris.

Em 1979, voltando de viagem à Europa, sofre um derrame cerebral no avião. Perdem-se, na ocasião, os originais de "Roteiro Lírico e Sentimental da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro".

Em 17 de abril de 1980, é operado para a instalação de um dreno cerebral.

Vinicius de Moraes morre, na manhã de 9 de julho de 1980, de edema pulmonar, em sua casa, na Gávea, em companhia de Toquinho e de sua última mulher.

Fonte: Biografia e fotos Site Oficial Vinicius de Moraes.

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