terça-feira, 27 de novembro de 2012

Zezé Gonzaga

(Manhuaçu/MG, 03/09/1926 ******* Rio de Janeiro/RJ, 24/07/2008)


Era filha e neta de músicos. Sua mãe chamava-se Oraide e era flautista. O pai, Rodolpho, era "luthier", tendo inclusive construído um instrumento para Luperce Miranda. Recebeu incentivo da família que queria que abraçasse a carreira de cantora lírica.

Começou a estudar canto com a professora Graziela de Salerno, que gostava muito de seu registro de soprano ligeiro. Além de canto, estudou piano e leitura musical. Fez seus estudos escolares na cidade vizinha de Porto Novo, com bolsa de estudos, compensada por pequenos serviços realizados por seu pai, já que sua família vivia com dificuldade. Foi em Porto Novo que fez sua primeira apresentação aos 12 anos, cantando a valsa "Neusa", de Antônio Caldas (pai do cantor Sílvio Caldas), grande sucesso de Orlando Silva. Depois de curta estada no Rio de Janeiro, em 1942, retornou a Porto Novo para continuar seus estudos. Nessa época, costumava dar "canjas" num clube de jazz, o que lhe causou problemas na escola, pois além da discriminação racial, enfrentava a discriminação por ser artista. Transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1945, onde passou a residir.

Foi integrante do grupo vocal As Três Marias. Paulo Gracindo costumava chamá-la de "minha namorada musical", em seu programa na Rádio Nacional, nos anos 1940. Iniciou sua carreira como caloura no programa de Ary Barroso, em 1942. Na ocasião, recebeu a nota máxima ao interpretar "Sempre no meu coração". Logo em seguida, recebeu convite para se apresentar no programa radiofônico "Escada do Jacó", do popular radialista Zé Bacurau. Em 1945, conquistou o primeiro lugar no programa "Pescando estrelas", da já extinta Rádio Clube do Brasil, apresentado por Arnaldo Amaral. Isso lhe valeu um contrato de 800 mil-réis com a emissora, que duraria até 1948. Nessa época, formou com a cantora Odaléa Sodré (filha de Heitor Catumbi) uma dupla chamada "As Moreninhas do Ritmo". Com a parceira, cantou no conjunto do pianista Laerte, na Rádio Jornal do Brasil. Em 1948, assinou contrato com a Rádio Nacional do Rio. Foi levada para lá a partir de um telefonema do cantor Nuno Roland, que, a pedido do diretor geral, Victor Costa, marcou uma reunião com ela. Na ocasião, Victor Costa lhe ofereceu um salário bem mais alto e a cantora, dias depois, já integrava o "cast" da Nacional, tendo como "padrinhos musicais" o próprio Victor Costa, ao lado de Paulo Tapajós. Zezé chegou a ser a cantora mais tocada da Nacional e tornou-se uma das mais famosas intérpretes da era do rádio.

Estreou em LP no elogiado "Zezé Gonzaga", lançado pela Columbia, em 1956. Dona de uma bela voz soprano, Zezé sempre flertou com a música clássica. Chegou a estudar canto lírico, mas não seguiu carreira porque "o mercado é muito pequeno".

Mas ela deu suas escapadinhas de vez em quando. Na Rádio Nacional, era a preferida do maestro Radamés Gnatalli, de quem vira-e-mexe cantava temas eruditos, juntamente com obras de Villa-Lobos. Muitas vezes, para cantar sambas, ela baixava o tom da voz, para dar às músicas um caráter mais popular.

Aos 45 anos de idade, desanimada com os rumos que tomava sua carreira, atrelada ao comercialismo da gravadora Columbia (atual Sony Music), Zezé decidiu se aposentar. Passou 3 anos trabalhando numa creche em Curitiba, Paraná.

Um dia, Hermínio Bello de Carvalho — velho fã da época do rádio — reapareceu em sua vida com uma proposta irrecusável: voltar ao Rio para gravar um LP. Mas não um LP qualquer e sim um de canções do velho amigo Valzinho, acompanhadas pelo sexteto de Radamés.

Foi um dos melhores discos do ano (1979), com as honras de ter revelado ao grande público a arte de Valzinho, que morreria meses depois, e de ter provado que Zezé Gonzaga ainda era a mesma.

Fez algumas apresentações nos anos 1980 com o grupo Cantoras do Rádio, que lhe renderam dois CDs. Em 1999 gravou o disco "Clássicas" ao lado da cantora Jane Duboc, que também rendeu show encenado no Rio, São Paulo e outras praças brasileiras. O disco trazia entre outras, "Linda flor", de Henrique Vogeler, Marques Porto e Luiz Peixoto, "Olha", de Roberto Carlos e Erasmo Carlos e "Cidade do interior", de Mário Rossi e Marino Pinto, entre outras, No mesmo período, também participou do espetáculo "Lupicínio Rodrigues", ao lado de Áurea Martins, montado em várias casas noturnas do Rio e de São Paulo.

Em 2000, participou do Projeto "MPB: A História de Um Século", estrelando o primeiro da série de quatro shows no CCBB, "Do choro ao samba", ao lado de Paulo Sérgio Santos e Maria Tereza Madeira, com roteiro e direção de Ricardo Cravo Albin.

Em 2001, apresentou show no Paço Imperial no rio dem Janeiro.

Em 2002, gravou pelo selo Biscoito Fino o CD "Sou apenas uma senhora que canta", o primeiro depois de 23 anos longe das gravações no qual interpretou, entre outras, "Meu consolo é você", de Roberto Martins e Nássara, "Vida de artista", de Sueli Costa e Abel Silva, "Pra machucar meu coração", de Ary Barroso, "Chão de estrelas", de Sílvio Caldas e Orestes Barbosa e "Por que te escondes?", letra inédita do poeta Thiago de Mello para um choro de Pixinguinha.

Em 2003, quando se dirigia ao Teatro Clara Nunes para lançamento de um CD de Paulo Vanzolini sofreu grave acidente que resultou em afundamento na caixa toráxica o que comprometeu seu sistema respiratório.

Em 2008, lançou pela Biscoito Fino o CD "Entre cordas" que teve produção de Hermínio B. de Carvalho. O disco contou com aproveitamento de gravações feitas pela cantora em diferentes épocas como as feitas no show "Zezé ao vivo no Paço Imperial", de 2002, nos programas de TV "Contra luz", de 1986, "Mudando de conversa", de 1992, e "Lira do povo", de 1983 e 1984, além de uma apresentação no Estúdio Transamérica em 1991. Foram utilizados ainda recursos tecnológicos que permitiram substituir o violão de Baden Powell na faixa "Além do amor" pelo bandolim de Hamilton de Holanda, Foi ainda colocada a harpa de Cristina Braga nas faixas "Cantoria" e "Não me culpe". Participaram ainda do disco os instrumentistas Maurício Carrilho, João Lyra, Hugo Pilger, Marcos Tardeli, Luís Otávio Braga e Quarteto Maogani. Das gravações originais foram mantidos os acompanhamentos de Radamés Gnattali ao piano em "Amargura", de Baden Powell ao violão em "Folhas secas" e de Rafael Rabello no pot-pourri que incluiu "Duas contas", "Imagens" e "Linda flor". As duas faixas inéditas foram "Trovas " e "Cantoria".

Fonte: Wikipédia e Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira

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