terça-feira, 27 de novembro de 2012

Orlando Silva

(Rio de Janeiro/RJ, 3 de outubro de 1915 — Rio de Janeiro/RJ, 7 de agosto de 1978)

Orlando Garcia da Silva, conhecido por Orlando da Silva, nasceu no Rio de Janeiro, em 3 de outubro de 1915. Foi um dos mais importantes cantores brasileiros da primeira metade do século XX.

Orlando Silva nasceu na rua General Clarindo, hoje rua Augusta, no bairro do Engenho de Dentro. Seu pai, José Celestino da Silva, era violonista e participou com Pixinguinha de serenatas, peixadas e feijoadas. Orlando viveu por três anos neste ambiente, quando, então, seu pai faleceu vítima da gripe espanhola.

Orlando Silva teve uma infância normal, sempre gostando muito de violão. Na adolescência já era fã de Carlos Galhardo e Francisco Alves, esse último um dos responsáveis por seu sucesso. Seu primeiro emprego foi de estafeta da Western, com o salário de 3,50 cruzeiros por dia. Foi então para o comércio e trabalhou como sapateiro, vendedor de tecidos e roupas e trocador de ônibus. Quando desempenhava as funções de office boy, ao saltar de um bonde para entregar uma encomenda, sofreu um acidente, tendo um de seus pés parcialmente amputado, ficando um ano inativo, problema sério, já que sustentava a família.

Foi Bororó, conforme o próprio relata no filme "O Cantor das Multidões" que apresentou Orlando Silva a Francisco Alves, que o ouviu cantar no interior de seu carro, decidindo imediatamente lançá-lo em seu programa na rádio Cajuti. Nos seis ou sete anos seguintes, Orlando Silva tornou-se um grande sucesso, considerado por muitos a mais bela voz do Brasil. Atraía os fãs de tal forma que o locutor Oduvaldo Cozzi passou a apresentá-lo como "o cantor das multidões", conforme relata no filme com o mesmo nome.

Nesse ano gravou seu primeiro disco, na Columbia, com o samba Olha a baiana (Kid Pepe e Germano Augusto) e a marcha Ondas curtas (Kid Pepe e Zeca Ivo), músicas lançadas no Carnaval de 1935. Em março de 1935, passou a atuar na Rádio Transmissora. No mesmo ano, por intermedio de Francisco Alves, assinou contrato com a Victor, onde seu primeiro disco trazia No quilometro 2 (J. Aimbere) e o samba Para Deus somos iguais (J. Cascata e Jaime Barcelos). Nesse mesmo ano, já havia gravado as músicas Lagrimas e Última estrofe (ambas do compositor Índio), que foram lançadas num disco de numeração posterior. Nessas gravações, foi acompanhado por um conjunto regional integrado por Pereira Filho (violão), Luís Bittencourt (violão) e Luperce Miranda (bandolim).

Em 1936 participou do filme Cidade-mulher, da Brasil-Vita, interpretando a marchinha de Noel Rosa que deu titulo ao filme. Também em 1936, participou da inauguração da Rádio Nacional, interpretando, com sucesso, Caprichos do destino (Pedro Caetano e Claudionor Cruz). Foi o primeiro cantor a ter um programa exclusivo nessa emissora, com o qual obteve enorme popularidade. De 1936 são suas gravações de Chora, cavaquinho (Dunga), Orgia (Valdemar Costa e Valdomiro Braga), Dama do cabaré (Noel Rosa), entre outras. Em 1937 foi a São Paulo SP pela primeira vez e apresentou-se na sacada do Teatro Colombo, no bairro paulista do Brás, onde se reuniram 10 mil pessoas para ouvi-lo. Foi nessa ocasião que o locutor Oduvaldo Cozzi lhe atribuiu o cognome de 0 Cantor das Multidões. Nesse mesmo ano, gravou na Victor um de seus grandes sucessos, Lábios que beijei (J. Cascata e Leonel Azevedo). Foi o primeiro cantor a interpretar Carinhoso (Pixinguinha, com letra que João de Barro colocou para ele gravar). Também em 1937 lançou a valsa Rosa (Pixinguinha), Boêmio (Ataulfo Alves e J. Pereira), Juramento falso (J. Cascata e Leonel Aze- vedo), o samba Rainha da beleza (Ataulfo Alves e Jorge Faraj), o fox A ultima canção (Guilherme A. Pereira), Alegria (Assis Valente e Durval Maia). Em 1938 participou do filme Banana da terra, dirigido por J. Rui, interpretando a marchinha A jardineira (Benedito Lacerda e Humberto Porto), que foi grande sucesso no Carnaval de 1939.

Para o Carnaval de 1938 lançou Abre a janela (Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti). Entre outras, ainda em 1938, gravou Não beba mais (Roberto Martins e Bide), o samba Meu romance (J. Cascata), a valsa Musa (Antônio Caldas e Celso de Figueiredo), o samba Eu sinto uma vontade de chorar (Dunga), Pagina de dor (Índio e Pixinguinha), o samba Agora é tarde (Sinval Silva) e o fox-canção Nada além (Custodio Mesquita e Mário Lago), que obteve grande êxito. Quatro lançamentos seus receberam prêmios em 1939: A jardineira, Meu consolo é você (Nássara e Roberto Martins), História antiga (Nássara e J. Cascata) e o samba O homem sem mulher não vale nada (Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti). Do mesmo ano são a valsa Número um (Benedito Lacerda e Mário Lago) e o tango Por ti eu me rasgo todo (versão de Osvaldo Santiago). No Carnaval de 1940, lançou a marcha-rancho Mal-me-quer (Newton Teixeira e Cristóvão de Alencar), e gravou, na Victor, inúmeras canções, entre as quais Perdoar é para Deus (Ari Frazão e Sebastião de Figueiredo), Coqueiro velho (Fernandinho e José Marcílio), a marcha Carioca (Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti), o samba A primeira vez (Bide e Marçal), Desilusão (J. Cascata e Leonel Azevedo) e o fox Nana (Custódio Mesquita e Geysa Bôscoli).

Em 1941 gravou Sinhá Maria (Rene Bittencourt), Lagrimas de homem (J. Cascata), A voz do povo (Francisco Malfitano e Frazão), e, em 1942, Rosinha (Heber de Bôscoli e Mário Martins), e também gravou, para ser lançado no Carnaval, Lero-lero (Benedito Lacerda e Roberto Roberti). Nesse ano gravou ainda Aos pés da cruz (Marino Pinto e Zé da Zilda), Mágoas de caboclo (J. Cascata e Leonel Azevedo) e Quero dizer-te adeus (Ary Barroso), e foi a Fortaleza CE, onde participou da inauguração das ondas curtas da Ceará Rádio-Clube. Em 1943 transferiu-se para a Odeon, onde lançou Podes mentir (Georges Moran e Aldo Cabral), a valsa Olhos magos (Dante Santoro) e o samba Noutros tempos... era eu (Ataulfo Alves). Em 1944, afastou-se dos palcos, continuando a fazer programas de rádio no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Belo Horizonte MG. Nesse ano, entre outras, gravou o samba Louco (Wilson Batista e Henrique de Almeida), Há sempre alguém (Custódio Mesquita) e o samba Atire a primeira pedra (Mário Lago e Ataulfo Alves), que fez sucesso estrondoso no Carnaval. Em 1945, ainda na Odeon, gravou o hino Canção do trabalhador brasileiro (Abdon Lira e Léia Lira). No ano seguinte, participou do filme da Atlântida Segura essa mulher, dirigido por Watson Macedo, interpretando a marcha Seja lá o que Deus quiser (J. Cascata e Leonel Azevedo). Também nesse ano, realizou varias gravações na Odeon, entre as quais as das músicas Um pracinha na Itália (Pedro Caetano e Claudionor Cruz) e Só uma louca não vê (Lauro Maia e Humberto Teixeira). Ainda em 1946 deixou a Rádio Nacional.

Em 1947, ano de seu casamento, lançou pela Odeon, entre outras gravações, a marcha Argentina (Newton Teixeira e Wilson Batista), a marcha Mulher-sensação (José Batista e Irani Ribeiro), Abigail (Wilson Batista e Orestes Barbosa) e Saudade (Dorival Caymmi). Em 1948 e 1949, gravou, na Odeon, a valsa Maldito amor(Georges Moran e Cristóvão de Alencar), Flor-mulher (Alfredo Ribeiro e Paulo Barbosa), Recordação... saudade (Dorival Caymmi), o bolero Pecadora (versão de Geber Moreira), o samba A que ponto chegaste (J. Cascata e Leonel Azevedo).

Em 1951 transferiu-se para a Copacabana, gravadora em que permaneceu ate 1955. Em 1951 gravou, entre outras, a marcha Não me importa que a tábua rache (Lis Monteiro e J. Piedade), o fox Sempre te amei (Maugeri Sobrinho e Maugeri Neto) e Tenho ciúme (Rene Bittencourt). Em 1953, um concurso da Revista do Rádio o elegeu Príncipe do Disco. Nesse mesmo ano, lançou Aquela mascarada (Ciro Monteiro e Dias Cruz), Exaltação à cor (Ataulfo Alves), Risque (Ary Barroso) e Escravo do amor (J. Cascata, Leonel Azevedo e Lilian Fernandes).

Em 1954, Orlando Silva conquistou o titulo de "Rei do Rádio". Nessa época, fazia o programa "Doze Badaladas", levado ao ar ao meio-dia, com grande audiência. Em 1955, retornou a Odeon, na qual permaneceu ate 1959. Obteve sucesso no Carnaval de 1958 com "Eu Chorarei Amanhã" (Raul Sampaio e Ivo Santos). Reconquistou definitivamente a popularidade com o lançamento pela Victor do LP "Carinhoso", revivendo todos os antigos sucessos. Gravou, ainda em 1959, o LP "Última Estrofe". Em 1960, novamente na RCA Victor, lançou o LP "Por Ti" e, no ano seguinte, o LP "Quando a Saudade Apertar". Em 1962 gravou o LP "Sempre Sucesso". Incluindo músicas de Taiguara, Antônio Carlos e Jocafi, Edu Lobo, Torquato Neto e Gilberto Gil, em 1975 lançou pela RCA Victor o LP "Hoje", completando 40 anos de carreira artística.

Em 1995, a BMG lançou caixa com três CDs, "Orlando Silva, O Cantor das Multidões", com gravações originais de 1935 a 1942.

Faleceu no Rio de Janeiro em 07 de Agosto de 1978.



Principais sucessos

A Jardineira, Benedito Lacerda e Humberto Porto (1938)
A Última Estrofe, Cândido das Neves (1935)
Abre a Janela, Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti (1937)
Alegria, Assis Valente e Durval Maia (1937)
Amigo Leal, Aldo Cabral e Benedito Lacerda (1937)
Aos Pés da Cruz, Marino Pinto e Zé da Zilda (1942)
Atire a Primeira Pedra, Ataulfo Alves e Mário Lago (1944)
Brasa, Felisberto Martins e Lupicínio Rodrigues (1945)
Caprichos do Destino, Claudionor Cruz e Pedro Caetano (1938)
Carinhoso, João de Barro e Pixinguinha (1937)
Cidade-Mulher, Noel Rosa (1936)
Curare, Bororó (1940)
Errei, Erramos, Ataulfo Alves (1938)
Eu Chorarei Amanhã, Ivo Santos e Raul Sampaio (1957)
Juramento Falso, J. Cascata e Leonel Azevedo (1937)
Lábios que Beijei, J. Cascata e Leonel Azevedo (1937)
Lero-Lero, Benedito Lacerda e Eratóstenes Frazão (1942)
Mágoas de Caboclo, J. Cascata e Leonel Azevedo (1936)
Mal-me-quer, Cristóvão de Alencar e Newton Teixeira (1939)
Meu Consolo é Você, Nássara e Roberto Martins (1938)
Meu Romance, J. Cascata (1937)
Nada Além, Custódio Mesquita e Mário Lago (1938)
Número Um, Benedito Lacerda e Mário Lago (1939)
Pecadora, Agustín Lara, versão de Geber Moreira (1947)
Quero beijar-te Ainda, Paulo Tapajós (1955)
Quero Dizer-te Adeus, Ary Barroso (1942)
Rosa, Otávio de Sousa e Pixinguinha (1937)
Sertaneja, René Bittencourt (1939)
Súplica, Déo, José Marcílio e Otávio Gabus Mendes (1940)

Fontes: Sites Wikipédia, MPBNet; Enciclopédia da Música Brasileira.

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