terça-feira, 27 de novembro de 2012

Carmen Miranda

(Marco de Canaveses/Portugal , 9 de Fevereiro de 1909 — Los Angeles/EUA, 5 de Agosto de 1955)

Maria do Carmo Miranda da Cunha, conhecida como Carmen Miranda, nasceu em 9 de fevereiro de 1909, na Freguesia de Várzea da Ovelha, pertencente ao Conselho de Marco de Canavezes, antiga São Martinho da Aliviada, no Distrito do Porto, em Portugal. Recebeu o nome Maria do Carmo em homenagem à sua madrinha Da. Maria do Carmo Pinto Monteiro. Foi batizada na Igreja de São Martinho da Aliviada. Era filha de José Maria Pinto da Cunha e de Maria Emilia Miranda da Cunha.

Os filhos do casal, pela ordem são: Olinda, Maria do Carmo (Carmen), Amaro, Cecilia, Aurora, Oscar.

Carmen nasceu numa casa assobradada de pedra, no ponto hoje chamado de Obras Novas, na citada freguesia.

O nome "Carmen" trata-se de abreviação de Maria del Carmen, que é o mesmo que Maria do Carmo. De origem espanhola, foi muito difundido em razão da ópera "Carmen" de Bizet, a partir de 1875. Comumente, quem tem por nome Maria do Carmo é chamada de Carmen ou Carminha. Não foi Carmen um nome artístico, mas, primeiramente, familiar.

Em 1910, aconteceu a vinda de Carmen com a mãe e Olinda para o Brasil. O pai já se tinha antecipado, estabelecendo-se com um salão de barbeiro — mais tarde denominado "Salão Sacadura" — à Rua da Misericórdia nº 70, no Rio.

Carmen Miranda é matriculada, em 1919, na Escola Santa Tereza, na Rua da Lapa nº 24, no Rio.

A família Miranda da Cunha, então residindo à Rua Joaquim Silva nº 53, casa 4, na Lapa, em 1925, muda-se para um sobrado da Travessa do Comércio nº 13, no centro comercial do Rio, entre a Praça 15 (Arco do Teles) e a Rua do Ouvidor, nele instalando uma pensão, para fazer face às despesas com o tratamento pulmonar de Olinda em Portugal, num sanatório do Caramulo. Carmen, aos 14 anos, deixa a escola e emprega-se numa loja de gravatas como balconista. A pensão, dirigida por Dona Maria, com o auxílio dos filhos, servia refeições aos rapazes do comércio. Olinda morreu em 1931, com 23 anos. Tinha linda voz. Chegou a cantar música popular no Teatro Lírico. A vocação artística — todos cantaram e bem — provém do lado materno. Olinda morreu em Portugal acompanhando, por cartas e discos, a carreira já vitoriosa de Carmen.

Em 26 de setembro de 1926, a revista "Selecta" publica o retrato de Carmen, na seção de cinema do jornalista Pedro Lima, sem citação de seu nome.

Em 1929, Carmen Miranda canta num festival, organizado pelo baiano Aníbal Duarte, no Instituto Nacional de Música no centro do Rio. Josué de Barros, compositor e violonista baiano, passa a se interessar por sua carreira — promove-a junto às estações de rádio, clubes e gravadoras.

Na condição de aluna do professor Josué de Barros, em 5 de março de 1929, com outras mocinhas, Carmen canta modinhas na Rádio Educadora. No dia 10 de março de 1929, apresenta-se na Rádio Sociedade.

No mesmo ano, grava, provavelmente em setembro, seu primeiro disco na Brunswick (Lado A: "Não Vá Sim'bora", samba, Lado B: "Se O Samba É Moda", chôro), lançado no fim do ano. Nesse ínterim, à espera do lançamento, continuava cantando onde pudesse.

Em 12 de outubro de 1929, Carmen Miranda canta na Rádio Educadora, com Zaira de Oliveira e Elisa Coelho.

Grava seu primeiro disco na Víctor, em 4 dezembro de 1929, com "Triste Jandaia" e "Dona Balbina", depois que Josué conseguiu um teste com Rogério Guimarães, diretor da gravadora.

Em 13 de dezembro de 1929, canta na Mayrink Veiga, acompanhada por Rogério Guimarães.

Em fevereiro de 1930, é lançada a música "Tá hi", consagrando-a nacionalmente durante o ano. No carnaval, é muito cantada a marcha "YáYá YôYô".

No mês seguinte, Carmen Miranda participa no "Praia Clube" de uma festinha em homenagem às misses candidatas ao título de "Miss Rio de Janeiro" e, em abril, participa da "Noite Brasileira de Francisco Alves", do concurso dos cigarros "Monroe", no Teatro República.

Nos meses seguintes Carmen Miranda participa da "Tarde da Alma Brasileira", no Teatro Lírico, do programa lítero-musical, no Palácio Teatro, em homenagem à Senhorita Marina Torre, "Miss Rio de Janeiro", da "Tarde do Folclore Brasileiro", no Teatro Lírico, organizada por Pixinguinha.

No mês de junho de 1930, promove o seu próprio festival, o "Festival Carmen Miranda", no Teatro Lírico.Em seguida, o jornal "O País" publica uma entrevista com Carmen, já a considerando a maior cantora popular brasileira.

Em agosto de 1930, assina em São Paulo um contrato para gravações na Victor. No mesmo mês, comparece à festa de "O Melhor Escoteiro do Brasil",promovida pelo "Diário Carioca", como simples espectadora. "Carmen Miranda!" é o que se ouve nos quatro cantos do teatro. É que a querida cantora estava na platéia e o público que a festeja, como artista de mérito que é, reclama sua presença no palco, não sendo, porém, satisfeito." (Diário Carioca, 29 de agosto de 1930).

Em 1º de outubro de 1931, Carmen Miranda embarca com Francisco Alves e Mário Reis, e outros artistas, para Buenos Aires, com contrato de um mês no Cine Broadway.

Em 28 de janeiro de 1932, apresenta-se no Cine Eldorado, com Almirante, "Grupo da Guarda Velha", Lamartine, Trio T.B.T., para promover as músicas de carnaval da Victor.

Em 6 de março de 1933, aconteceu a estréia de seu primeiro filme, "A Voz do Carnaval", no Cine Odeon.

Em agosto de 1933, Carmen Miranda assinou contrato de 2 anos com a Rádio Mayrink Veiga, para ganhar 2 contos de réis mensais. Em caso de rescisão, 10 contos de multa. Era a primeira cantora de rádio a merecer contrato, quando todos recebiam cachê. Nesse mês, para assumir a direção artistica da Mayrink, chegava César Ladeira, famoso "speaker". Procedia da Rádio Record. Carmen era chamada de "Cantora do It". César batizou-a de "Ditadora Risonha do Samba" e, em 1934 ou 1935, de "Pequena Notável".

Em 30 de outubro de 1933, foi a vencedora do concurso "A Nação-Untisal", embarca para Buenos Aires com outros artistas, para cantar na L.R.-5. Volta em 5 de dezembro de 1933. Começa a ser chamada de "Embaixatriz do Samba".

Em julho de 1934, veio ao Brasil o astro de cinema Ramon Novarro, para promoção do filme "Voando para o Rio" — Carmen cantou numa recepção ao artista. Comentavam-se já suas possibilidades em Hollywood.

Em 4 de fevereiro de 1935, estréia do filme "Alô, Alô Brasil" no Cine Alhambra o primeiro filme brasileiro com som direto na película.

Em 1º de dezembro de 1936, estréia na Rádio Tupi, que a tirou da rádio Mayrink Veiga à custa de um fabuloso contrato de 5 contos de réis por mês, para 4 horas mensais, isto é, dois programas semanais de meia hora.

Tyrone Power e sua noiva Annabella visitam o Rio, em dezembro de 1938, e tornam-se amigos de Carmen. Tyrone vê possibilidades de Carmen vencer em Hollywood. Carmen recebia 30 contos de réis por mês no Cassino da Urca.

No mês seguinte, Carmen Miranda canta para 200 mil pessoas na "Feira de Amostras", no concurso oficial de músicas carnavalescas é a mais ovacionada.

Em 3 de maio de 1939, de partida para os Estados Unidos, Carmen Miranda despede-se do público num espetáculo no "grill" do Cassino da Urca. No dia seguinte, embarca pelo vapor "Uruguai" com o "Bando da Lua" para os Estados Unidos. A bordo ganha o primeiro prêmio num baile à fantasia.

Em 17 de maio de 1939, chega a Nova York e declara à imprensa: "Vocês verão principalmente que sou cantora e tenho ritmo". Dias depois, estréia na revista "Streets of Paris", em Boston, com êxito estrondoso. Já popular, é homenageada no Jockey Club da cidade com um páreo que leva seu nome. Dizia a imprensa: "sua graça pode ser comparada a dos ídolos de um antigo templo asteca (sic)".

No mês seguinte, Carmen Miranda estréia em Nova York com o "Bando da Lua", revolucionando a Broadway, a "Feira Mundial" e toda Nova York. Dias depois, participa em Nova York, com o "Bando da Lua", de programa na NBC para o Brasil, apresentado por César Ladeira.

Em 26 de dezembro de 1939, grava seus primeiros discos na Decca

Participa, em fevereiro de 1940, apenas cantando, das filmagens de "Serenata Tropical". É filmada em Nova York, sem interromper a revista e shows em clubes noturnos, hotéis e "Feira Mundial".

No mês seguinte, exibe-se durante banquete ao Presidente Roosevelt na Casa Branca, por motivo de seu 7º ano de ascensão à presidência.

Em 10 de julho de 1940. retorna ao Brasil pelo navio "Argentina" e tem triunfal acolhida do povo no cais e nas ruas do Rio. Cinco dias depois, tem fria recepção no espetáculo de caridade no Cassino da Urca, acusada de se ter americanizado Em 12 de setembro de 1940, voltou à Urca para receber nova consagração.

Entre 2 e 27 de setembro de 1940, grava suas últimas músicas no Brasil, quase todas repelindo as críticas de sua americanização e retorna, em 3 de outubro de 1940, aos Estados Unidos.

Em 25 de março de 1941, imprime suas mãos e sapatos no cimento da calçada do Teatro Chinês de Los Angeles, primeira e única sul-americana a receber tal honraria.

De 1941 a 1953, atua em mais 13 filmes em Hollywood sua presença também é constante nos mais importantes programas de rádio, televisão, "night-clubs", cassinos e teatros. Em 1946, é a mulher que mais paga imposto de renda nos E.U.A.

Em 17 de março de 1947, casa-se com o americano David Sebastian, nascido em Detroit a 23 de novembro de 1908.

No mês seguinte, estréia em sua temporada no Teatro Palladium de Londres. Contratada para 4 semanas, teve de ficar 6. Ganhou 100.000 dólares.

Em agosto de 1948, perdeu o filho que esperava.

Em 1951, é a artista de show que mais dinheiro ganha nos E.U.A. Nesse ano visita o Havai. Em março de 1953, começa uma excursão a vários países da Europa.

Depois de 14 anos de ausência, volta ao Brasil em dezembro de 1954 — faz breve escala em São Paulo. Estava com profundo esgotamento nervoso. Matou as saudades, compareceu a teatros e festas, foi muito homenageada. Restabelecida, volta aos E.U.A, em 4 de abril de 1955.

De Maio a Agosto de 1955, trabalhou em Las Vegas, Havana em Cuba e na televisão.

No dia 5 de agosto de 1955, Carmen Miranda morre em sua casa de Beverly Hills (Bedford Drive 616), Los Angeles, com 46 anos de idade, vítima de um colapso cardíaco, após filmar com Jimmy Durante um programa para a televisão.

Em 12 de agosto de 1955, chega o corpo de Carmen Miranda embalsamado, realizando-se o velório na antiga Câmara de Vereadores do Rio. Das 13 horas desse dia até às 13 horas do dia 13, mais de 60.000 pessoas desfilaram perante seu corpo.

Seu corpo é sepultado em 13 de agosto de 1955, no Cemitério de São João Batista, em lote cedido pela Santa Casa de Misericórdia. O acompanhamento —entre 500.000 a um milhão de pessoas — foi o mais concorrido de toda a história do Rio, debaixo de profunda comoção popular, apesar dos 15 anos sem nenhuma apresentação pessoal de Carmen no Brasil e já transcorridos 8 dias de seu falecimento. O Hospital Souza Aguiar atendeu a 182 casos de crise emocional. Uma das dezenas de missas rezadas pela sua alma foi na Catedral da Sé de São Paulo, por Frei José de Guadalupe Mojica.

Em 5 de dezembro de 1956, o prefeito Negrão de Lima assina a Lei nº 886, que cria o Museu Carmen Miranda, para guarda, conservação e exposição do acervo da artista, doado pelo marido, constante de sapatos, roupas, jóias e troféus.

Em 7 de novembro de 1960, é inaugurado o busto de Carmen Miranda, esculpido por Matheus Fernandes e do busto de Francisco Alves, no Largo da Carioca. Posteriormente, em virtude de obras no local, foi recolhido a um depósito.

Fontes: Cronologia elaborada pelo jornalista e historiador Abel Cardoso Junior (1938-2003), no site Carmen Miranda.Nom

Nenhum comentário:

Postar um comentário