terça-feira, 27 de novembro de 2012

Braguinha

(Rio de Janeiro/RJ, 29 de março de 1907 – Rio de Janeiro/RJ, 24 de dezembro de 2006)

Carlos Alberto Ferreira Braga, nasceu no Rio de Janeiro, em 29 de março de 1907, foi o primogênito de um casal de classe média : Jerônimo José Ferreira Braga Neto e Carmen Beirão Ferreira Braga.

Residente na Gávea, tendo também Botafogo como cenário de sua infância, passou sua adolescência em Vila Isabel, onde seu pai era diretor da Fábrica de Tecidos Confiança.

Cursou o ginasial no Colégio Batista, onde conheceu Henrique Brito, violonista, que lá foi estudar com uma bolsa de estudos que ganhara do então governador de sua terra natal (RN), tamanho eram seus dotes de instrumentista. Essa amizade despertou em Braguinha o interesse e a vocação pela música, fazendo com que ele, aos 16 anos, compusesse sua primeira obra (letra e música), de nome "Vestidinho Encarnado".

Foi essa mesma paixão pela música que acabou por reunir colegas de colégio e amigos, surgindo em meados de 1928 um grupo chamado Flor do Tempo. Formado basicamente por Braguinha, Henrique Brito, Alvinho, Noel Rosa e Almirante, apresentavam-se em casas de amigos e clubes.
Impulsionados por Almirante, em 1929, transformaram-se no "Bando dos Tangarás", gravando 19 músicas, sendo 15 de autoria de Braguinha.

Chamado de Carlinhos na família e de Braguinha pelos amigos, foi com esse grupo que surgiu "João de Barro". Estudante de arquitetura, inspirou-se no pássaro arquiteto para criar o pseudônimo, uma vez que seu pai não queria o nome de família envolvido com música popular, devido aos preconceitos que marcavam essa época.

O "Bando dos Tangarás" desfez-se em 1933, mas foi durante sua existência que sua carreira começou a se afirmar. Braguinha fez parte da geração que cantou e encantou a chamada "Era de Ouro" do carnaval brasileiro (1930/1942).

Em 1934, o então João de Barro conheceu duas pessoas que marcariam sua carreira: Alberto Ribeiro, seu maior parceiro e Wallace Downey, um americano que o conduziu a carreira do cinema e da indústria de discos.

Uma das facetas pouco divulgadas de Braguinha foi sua participação como roteirista e assistente de direção em filmes da Cinédia. Juntamente com Alberto Ribeiro, escreveu argumentos e composições para a trilha sonora de filmes como "Alô, Alô, Brasil" e "Estudantes", cuja personagem principal, Mimi, foi estrelada por Carmem Miranda.

Atuou como diretor artístico da Columbia, no Rio de Janeiro, participando da escolha de repertório e formação de elenco, componentes fundamentais para o sucesso que a gravadora viria a ter no mercado fonográfico.

No cenário da música popular brasileira, continuou compondo sucessos, destacando-se o inesquecível "Carinhoso" (1937, com Pixinguinha), um de seus maiores sucessos internacionais, e "Sonhos Azuis" (1936, com Alberto Ribeiro).

Em 28 de janeiro de 1938, casou-se com Astréa Rabelo Cantolino, indo morar na Tijuca. Ano marcante em sua vida, teve neste carnaval nada menos que 3 marchas que se tornaram clássicos até hoje executados: "Pastorinhas" (com Noel Rosa), "Touradas em Madri" e "Yes, Nós Temos Bananas" (com Alberto Ribeiro).

Também em 1938, foi um dos responsáveis pela dublagem brasileira de "Branca de Neve e os Sete Anões", de Walt Disney, o primeiro desenho animado em longa metragem da história do cinema. Também participou das versões brasileiras de "Pinóquio" (1940), "Dumbo" (1941), "Bambi" (1942), dentre muitos outros.

Certamente sua esposa Astréa lhe trouxe sorte, além de uma alegria ímpar: em 02 de julho de 1939, nasceu Maria Cecília, sua única filha.

Apaixonado que ficou por estórias infantis, escreveu e adaptou, também musicando, diversas historinhas como "Os Três Porquinhos", "Festa no Céu", "Chapeuzinho Vermelho", e tantas quantas pudermos lembrar em nossa infância.

Em 1939, compôs "Noites de Junho" (com Alberto Ribeiro), gravada por Dalva de Oliveira, que seria um dos seus grandes sucessos no gênero junino.

Sucederam-se várias composições de carnaval, tendo em 1941, com parceria de Alberto Ribeiro, feito a versão de "Valsa da Despedida", tema do filme "A Ponte de Waterloo".

Aliás, como autor de versões, Braguinha brilhou em diversas canções com parceiros internacionais como Charles Chaplin em "Luzes da Ribalta" e "Sorri", regravada por Djavan, e também tema do anúncio de uma grande rede de lojas carioca, em 1996.

Extinta a Columbia no Brasil, em 1943, nasceu a Continental, também tendo Braguinha na direção artística.

Um de seus maiores sucessos internacionais foi composto em 1944: "Copacabana", gravada por Dick Farney, com orquestração de Radamés Gnattali, em 1946.
Foi o primeiro grande sucesso da Continental, e é a segunda composição mais gravada do repertório de Braguinha, tendo vários intérpretes em diversas regravações.

Em 1947, compôs outro sucesso traduzindo seu amor carioca: "Fim de Semana em Paquetá", também em parceria com Alberto Ribeiro.

Na sua linha carnavalesca, viriam as composições "Anda Luzia" (1947), "Tem Gato na Tuba" (1948), "A Mulata é a Tal" (1948) e "Chiquita Bacana" (1949).

Braguinha, em 1950, foi um dos fundadores da Todamérica, gravadora e editora musical, que, em 1960, passou apenas a atuar como editora.

Sua filha Maria Cecília casou-se em 1959, com o psiquiatra Jadyr de Araujo Góes, e deu a Braguinha 3 netos: Carlos Alberto, Maria Luiza e Maria Claudia.

Teve inicio, em fins de 1960, o declínio da canção carnavalesca tradicional. Ainda assim, Braguinha lançou o sucesso "Garota de Saint-Tropez" (1962), tendo Jota Junior como parceiro.

Em 1979, Gal Costa regravou "Balancê", que colocou Braguinha novamente em destaque no já novo cenário da MPB. Em 1985, em parceira com César Costa Filho, compôs "Vagalume", vencedora de concurso musical da TV Manchete.

Teve dois espetáculos montados em sua homenagem: "O Rio Amanheceu Cantando", na boite Vivará, em 1975, e "Viva Braguinha", na Sala Sidney Miller, em 1983.

Recebeu o Prêmio Shell para Música Brasileira, no Teatro Municipal, em 1985.

Braguinha teve sua grande consagração carnavalesca em 1984, ano da inauguração do Sambódromo, desfilando como tema da Mangueira, escola campeã daquele mesmo ano com o samba enredo "Yes, Nós temos Braguinha". O nome deste samba se transformou no título de sua primeira biografia, de Jairo Severiano.

Braguinha nunca soube ler música e só compôs de ouvido. Mas soube contagiar a multidão que, pedindo bis,fez com que a Mangueira retornasse ao desfile, desta vez percorrendo, no sentido contrário, a Marquês de Sapucai.

Braguinha morreu aos 99 anos no Rio de Janeiro, no dia 24 de dezembro de 2006, vítima de falência múltipla dos órgãos, causada por uma infecção generalizada. O músico foi internado após passar mal com alta taxa de glicose enão resistiu ao quadro avançado de "choque séptico de origem urinária".

O corpo de Braguinha foi velado na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro enterrado no Cemitério São João Batista, em Botafogo. O músico deixou mulher, uma filha, três netos e pelo menos seis bisnetos. 


Fontes: Sites Terra, Braguinha Ag, MPB Net.

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