terça-feira, 27 de novembro de 2012

Almirante

(Rio de Janeiro/RJ, 19/02/1908 ******** Rio de Janeiro/RJ, 22/12/1980)

Nascido Henrique Foréis Domingues, Almiante era cantor, compositor, pesquisador e radilaista.

Entre 1926 e 1927 fez o serviço militar na Marinha, onde ganhou o apelido que o acompanhou pelo resto da vida.

No ano de 1928 integrou o grupo tijucano "Flor do Tempo", atuando como cantor e pandeirista. Mais tarde, com o ingresso de Noel Rosa, o grupo se transformaria no "Bando de Tangarás". No carnaval de 1930 o grupo conseguiu seu primeiro sucesso com "Na Pavuna", de autoria de Almirante e Homero Dornelas.

Em 1931 separou-se do grupo e iniciou uma carreira solo, notabilizando-se com sambas e músicas de carnaval, como "O Orvalho Vem Caindo" (N. Rosa/ Kid Pepe), "Yes, Nós Temos Bananas" e "Touradas em Madri" (J. de Barro/ A. Ribeiro). Participou dos filmes "Alô, alô Brasil", "Estudantes", "Alô, alô carnaval" e "Banana da terra".

Em 1938 inicia a carreira de radialista onde lhe é atribuído o “slogan” A Mais Alta Patente do Rádio. Em 18 anos de atividade no rádio, estreou mais de vinte programas. Entre eles, destacamos: Caixa de perguntas (1938), A canção antiga (1941), Campeonato brasileiro de calouros (1944), Carnaval antigo (1946), Incrível! Fantástico! Extraordinário (1947), No Tempo de Noel Rosa (1951), Recolhendo o folclore (1955), entre outros.

Seu programa Curiosidades Musicais (1938) foi o primeiro no Brasil a usar técnica de montagem. Na década de 40 Almirante abandonou a carreira de cantor e passou a se dedicar exclusivamente à atividade de radialista. Em 18 anos, comandou 20 programas de rádio. Uma de suas principais batalhas, nos anos 50, foi pela recuperação de músicos já então esquecidos, como Donga, João da Baiana, Pixinguinha e outros.

Almirante destacou-se como um grande pesquisador da MPB, reunindo e colecionando dados relativos à história de nossa música popular. Desse modo acabou por se tornar uma das maiores autoridades no assunto. Em 1965 seu arquivo foi incorporado ao MIS (Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro).

Em 1963, Almirante publicou o livro "No Tempo de Noel Rosa", a primeira biografia eficaz do Poeta da Vila. Em 1990, Sérgio Cabral publica o livro "No Tempo de Almirante - Uma História do Rádio e da MPB".

O relato a seguir foi feito por Almirante:

Certa tarde, Almirante entrou num bar do Rio de Janeiro e encontrou seu amigo e companheiro de Bando de Tangarás, Noel Rosa, recém despertado, sentado à última mesinha, num canto, sozinho, com um grande copo de cerveja e outro de cachaça à sua frente, ambos os continentes repletos de seus respectivos conteúdos. Naquela altura Noel já era sabidamente tísico, portador de uma tuberculose galopante que iria rapidamente causar sua prematura morte e obviamente não podia sequer passar perto do álcool. Almirante espantado perguntou: “Noel, o que é isso?”, apontando para os impávidos recipientes. Noel então explica, com sua sapiência de quase médico: “Almirante meu caro, não é comum perder a fome depois de se ingerir certas quantidades de cerveja ?! Pois então, você sabe que a cerveja contém inúmeras proteínas, sais minerais e portanto alimenta! Eu estou aqui almoçando oras!”

Inconformado com a resposta típica de Noel, tentou então a última cartada: “Tá bom Noel, mas e a cachaça?”, ao que Noel retruca: “Meu querido, almoçar sem tomar um aperitivozinho antes também não dá, não é?!!!”

Em 1980 Almirante morreu devido a um aneurisma cerebral.

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