segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Adoniran Barbosa

(Valinhos/SP, 6 de agosto de 1912 — São Paulo/SP, 23 de novembro de 1982)


Adoniran Barbosa, nome artístico de João Rubinato foi compositor, cantor, humorista e ator. Nasceu na cidade de Valinhos, SP, em 06 de agosto de 1912.

Rubinato era o sétimo filho de Ferdinando e Emma Rubinato, imigrantes italianos da localidade de Cavárzere, província de Veneza. Aos dez anos de idade, sua certidão de nascimento foi adulterada para que o ano de nascimento constasse como 1910 possibilitando que ele trabalhasse de forma legalizada: à época a idade mínima para poder trabalhar era de doze anos.

Ainda menino, Adoniran Barbosa mudou-se com a família para a cidade de Jundiaí, SP. Abandonou a escola e começou a trabalhar nos vagões de carga da estrada de ferro, para ajudar a família. Dentre outras atividades, foi entregador de marmitas e varredor.

Em 1924, com apenas doze anos, mudou-se para a cidade de Santo André, SP. Lá, foi tecelão, pintor, encanador, serralheiro, mascate e garçon. No Liceu de Artes e Ofícios aprendeu a profissão de ajustador mecânico.

Ainda adolescente, João Rubinato já compunha algumas músicas e participava de diversos programas de calouros.

Em 1933, depois de ser desclassificado inúmeras vezes devido à sua voz fanha, Adoniran conquistou o primeiro lugar no programa de Jorge Amaral cantando "Filosofia" de Noel Rosa. Em 1935, quando passou a usar o nome artístico "Adoniran Barbosa", compôs, em parceria com o maestro e compositor J. Aimberê, a música "Dona Boa", eleita a melhor marcha do Carnaval de São Paulo naquele ano.

O sucesso dessa música levou-o a decidir casar-se com Olga, uma moça que namorava já há algum tempo. O casamento durou pouco menos de um ano, mas foi dele que nasceu a única filha de Adoniran: Maria Helena.

Na rádio Cruzeiro do Sul ficou até 1940, transferindo-se, em 1941, para a rádio Record, a convite de Otávio Gabus Mendes. Ali começou sua carreira de ator participando de uma série de radioteatro intitulada "Serões Domingueiros".

Essa foi a oportunidade para Adoniran começar a criar sua galeria de personagens, sempre cômicos. O linguajar popular de seus personagens encontrava par em suas composições.

A maneira de compor sem se preocupar com a grafia correta tornou-se sua maior característica e lhe rendeu críticas de gente como o poeta e compositor Vinícius de Moraes. Adoniran não deu importância às declarações de Vinícius, tanto que musicou uma poesia do escritor carioca transformando-a na valsa "Bom Dia, Tristeza".

Às críticas que recebia Adoniran rebatia: "só faço samba pra povo. Por isso faço letras com erros de português, porquê é assim que o povo fala. Além disso, acho que o samba, assim, fica mais bonito de se cantar."

Na Record, Adoniran conheceu o produtor Osvaldo Moles, responsável pela criação e pelo texto dos principais tipos interpretados por ele. Os dois trabalharam juntos durante 26 anos. No rádio, um dos maiores sucessos dessa parceria foi o programa "Histórias das Malocas", onde Adoniran representava o personagem Charutinho. O programa ficou no ar pela rádio Record até 1965, chegando a ter uma versão para a televisão.

No Rádio Record interpretava uma série de personagens, baseados no linguajar coloquial, como o terrível e sábio aluno Barbosinha Mal-Educado da Silva, o negro Zé Cunversa, o motorista de táxi do Largo do Paissandu, Giuseppe Pernafina, o gostosão da Vila Matilde, Dr. Sinésio Trombone, o autor de cinema francês, Jean Rubinet, e o malandro malsucedido Charutinho. Com esse último, um dos personagens do programa "Histórias das Malocas", escrito por Oswaldo Moles, atingiu o clímax do humor e alcançou popularidade. "Trabaio é boca? Trabaio num é boca. É supurtura, é tumo", falava Charutinho.

Em 1949, Adoniran Barbosa casou-se pela segunda vez com Matilde de Lutiis que foi sua companheira por mais de 30 anos e compôs com ele as músicas "Pra que Chorar?" e "A Garoa Vem Descendo".
Dessa união nasceram, entre outros clássicos, "Tiro ao Álvaro" e "Pafúncia". Em 1945, Adoniran começou a atuar no cinema.

Paralelamente à carreira de cantor e compositor, Adoniran Barbosa foi disc-joquey, locutor, ator de programas humorísticos e de cinema, onde estreou em 1945 no filme "Pif-Paf" .

Criador de um samba tipicamente paulistano, Adoniran Barbosa elaborava as letras a partir das trágicas cenas de vida e da linguagem cheia de sotaques, gírias, inflexões e erros de habitantes de cortiços, malocas e bairros característicos da cidade, como Bexiga e Brás. "Pra escrevê uma boa letra de samba a gente tem que sê em primeiro lugá anarfabeto", dizia.

Seu melhor desempenho no cinema, aconteceu no filme "O Cangaceiro" (1953), de Lima Barreto, na Vera Cruz.

A união entre o humorista e o músico, nos anos de 1950, representou seus maiores sucessos musicais: "Saudosa Maloca" (1951), "Malvina" (1951), "Joga a Chave" (1953), "Samba do Arnesto" (1955), "As Mariposas" (1955), "Iracema" (1956) e "Trem das Onze" (1965).

Os "Demônios da Garoa" foram grandes intérpretes de suas composições, principalmente os sambas que citavam vários locais da cidade de São Paulo como os bairros Jaçanã (Trem das Onze), Brás (Samba do Arnesto), e Avenida São João (Iracema) e Bixiga (Um Samba no Bixiga).

A música "Iracema" nasceu de uma notícia de jornal - quando uma mulher havia sido atropelada na Avenida São João.

Elis Regina gravou "Iracema" e "Tiro ao Álvaro", pouco antes da morte de ambos que viriam a falecer quase na mesma época.

Além dos filmes dos anos 50 e anos 60, participou, como ator ,nos anos 70 de telenovelas da TV Tupi, entre elas, "Ovelha Negra"; "Os Inocentes" e "Mulheres de Areia", na qual fazia um personagem que se dizia autor dos sambas de Adoniran Barbosa.

Grande boêmio, sua frase famosa de uma canção foi utilizada em um comercial de TV para uma cervejaria era: "Nós viemos aqui para beber ou para conversar?".

Foi um grande colecionador de amigos, com seu jeito simples de fala rouca, contador nato de histórias, conquistava o pessoal do bairro, dos freqüentadores dos botecos onde se sentava para compor o que os cariocas reverenciaram como o único verdadeiro samba de São Paulo.

O reconhecimento a Adoniran Barbosa aconteceu somente em 1973, quando gravou seu primeiro disco e passou a ser respeitado como grande compositor.

Adoniran Barbosa faleceu em São Paulo, em 23 de Novembro de 1982, aos 72 anos de idade. Seu corpo está enterrado no Cemitério da Paz, no Morumbi, São Paulo.

Existe, em São Paulo, o "Museu Adoniran Barbosa", localizado na Rua XV de Novembro, nº 347. No bairro do Ibirapuera há um albergue para desportistas que leva seu nome e, no bairro de Itaquera existe a "Escola Adoniran Barbosa". No bairro do Bexiga, Adoniran Barbosa é uma rua famosa e na praça Don Orione há um busto do compositor. Adoniran Barbosa é também um bar e uma praça. No bairro do Jaçanã existe uma rua chamada "Trem das Onze".

Adoniran Barbosa deixou cerca de 90 letras inéditas que, graças a Juvenal Fernandes, um estudioso da MPB e amigo do poeta, foram musicadas por compositores do quilate de Zé Keti, Luiz Vieira, Tom Zé, Paulinho Nogueira, Mário Albanese, dentre outros.

O músico paulista Passoca (Antonio Vilalba) lançou o CD "Passoca Canta Inéditas de Adoniran Barbosa". As 14 inéditas de Adoniran foram zelosamente garimpadas entre as 40 já musicadas. Entre os primeiros 25 CDs da série Ensaio, extraídos do programa de Fernando Faro da TV Cultura, está o de Adoniran em uma aparição de 1972.

A gravadora Kuarup lançou um CD com a gravação de um shcw de Adoniran Barbosa realizado em março de 1979 no Ópera Cabaré (SP), três anos antes de sua morte. Além do valor histórico, o disco serve também para mostrar música menos conhecidas do compositor, como "Uma Simples Margarida" (Samba do Metrô), "Já Fui uma Brasa" e "Rua dos Gusmões".


Principais composições

Malvina, 1951
Saudosa maloca, 1951
Joga a chave, 1952
Samba do Arnesto, 1953
As mariposas, 1955
Iracema, Adoniran Barbosa, 1956
Apaga o fogo Mané, 1956
Bom-dia tristeza, 1958
Abrigo de vagabundo, 1959
No morro da Casa Verde, 1959
Prova de carinho, 1960
Tiro ao Álvaro, 1960
Luz da light, 1964
Trem das onze, 1964
Trem das Onze com Demônios da Garoa, 1964
Agüenta a mão, 1965
Samba italiano, 1965
Tocar na banda, 1965
Pafunça, 1965
O casamento do Moacir, 1967
Mulher, patrão e cachaça, 1968
Vila Esperança, 1968
Despejo na favela, 1969
Fica mais um pouco, amor, 1975
Acende o candeeiro, 1972


Fontes: Sites MPBNet, Wikipédia, Adoro Cinema Brasileiro; NetSaber; Almanaque UOL; Sampa.Art

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