segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Antônio Vieira

(São Luis/MA, 9 de maio de 1920 ******* São Luis/MA, 7 de abril de 2009)

Nascido em São Luís, na rua São João, Antônio Vieira foi criado por um parente próximo da família, tendo, em sua infância, a oportunidade de estudar e concluir seus estudos, coisa rara para um menino negro da época.

O filho de dona Maria cresceu próximo ao Mercado Central, local de efervescências sociais e culturais, com seus muitos personagens. Era a gente do povo. Naquela época, quando nem se sonhava com supermercados, a cidade borbulhava de vendedores típicos ambulantes, os chamados pregoeiros, que vendiam (ou compravam) de tudo de porta em porta, anunciando-se com seus pregões cantados e bem-humorados, que tanto fascinavam o menino. Tudo isso, e a paz de uma cidade ainda civilizada,ficou para sempre gravado na memória de Seu Vieira.

Começou a se interessar por música e a compor muito jovem. Ainda menino, prometeu à sua segunda mãe:"minha madrinha, quando eu souber escrever, eu vou fazer o poema para o azul, a cor que eu mais gosto". Aos 16 anos fez sua primeira música, com o entusiástico título de "Mulata Bonita", um samba cadenciado e bem moderno para a época. Mais tarde compôs o "Poema Para o Azul", cumprindo a promessa de menino. Para compor, Vieira usa sua marca registrada, a simplicidade. Ao longo de sua extensa carreira, a sua principal fonte de inspiração tem sido a vida do homem comum, da gente das ruas, o amor e o sofrimento das pessoas simples.

Formado em ciências contábeis, Vieira entrou no Exército, chegando ao posto de sargento. Antes disso, havia tentado a vida como comerciante. Em meio a essas atividades, compunha sambas. Sua primeira música foi “Mulata bonita”, composta aos 16 anos.

Vieira compôs mais de 400 canções (a maioria inspirada em ditos populares), mas seu primeiro disco só foi apresentado em 1986 (“Os Pregoeiros”, com músicas dele e de Lopes Bogéa).

O CD "O Samba é Bom" do cantor e compositor Antônio Vieira é o primeiro disco solo de sua carreira. Aos 89 anos, Mestre Vieira foi representante de uma geração de músicos maranhenses da qual se tem pouco registro. Gravado ao vivo nos dias 19 e 20 de janeiro de 2001 no Teatro Arthur Azevedo em São Luís, o disco tem participações de Elza Soares, Sivuca e Rita Ribeiro, além de seu produtor e idealizador Zeca Baleiro.

Em 1997, a cantora maranhense Rita Ribeiro, até então desconhecida, decidiu gravar duas músicas do “mestre”: “Tem quem queira” e “Cocada” – esta última foi indicada ao Prêmio Sharp 98 de Melhor Canção. Com este trabalho, Rita Ribeiro alcançou projeção nacional.

Depois, vieram os CDs “O samba é bom”, produzido por Zeca Baleiro, e “Antoniologia Vieira”, produzido por Adelino Valente.

Em 2004, os sucessos “Tem quem Queira” e “Banho Cheiroso” fizeram parte da trilha sonora da novela “Da cor do pecado”, da Rede Globo, que teve trechos rodados em São Luís do Maranhão e que apresentou pela primeira vez na Globo uma protagonista negra, papel desempenhado pela atriz Taís Araújo.

Com um acervo de mais de trezentas composições - entre sambas, valsas, boleros e ritmos regionais, como baralho e carimbó maranhense - seu trabalho permaneceu praticamente desconhecido do grande público, a exemplo de outros grandes artistas brasileiros, como Cartola, Nelson Cavaquinho, Nelson Sargento, Clementina de Jesus e Batatinha, que só tiveram suas obras reconhecidas tardiamente, e hoje fazem parte da história musical do país.

O artista morreu por volta das 7h30, vítima de falência múltipla dos órgãos, ocasionada por um acidente vascular cerebral (AVC). Ele estava internado no Hospital UDI/Jaracati.

Muitos nomes da música maranhense estiveram presentes no cemitério do Gavião, na Madre Deus, para homenagear "o mestre", como era conhecido Seu Vieira.

Fonte: NordesteWeb.

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