segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Aroldo Melodia

(Rio de Janeiro/RJ, 19-4-1930 ******** Rio de Janeiro/RJ, 02-7-2008)

Nascido na própria Ilha em 19 de abril de 1930, ainda menino se torna engraxate na Ribeira e mergulhador se jogando nas águas para capturar moedas atiradas ao mar, assim surge a voz que se espalha pelo vento e sopra na noite boêmia das gafieiras. Conquistando espaço até chegar a presidência do bloco Paraíso Imperial, dali rompeu fronteiras e chega até a humilde União da Ilha,

Aroldo Melodia pode ser considerado o pai de um tipo de puxador de samba: o “enterteiner”, um animador de público e da escola, avô dos atuais MC’s (mestres-de-cerimônias na cultura hip-hop). Antes, havia dois tipos: um cantor profissional que, na época de carnaval, defendia um samba-enredo na avenida (Jamelão, Jorge Goulart, Elza Soares, Pery Ribeiro, Marlene, Roberto Ribeiro) e um sambista da comunidade, que dava a largada nas primeiras viradas do samba no desfile (Noel Rosa de Oliveira no Salgueiro, Garganta de Ferro na Vila Isabel, Silvinho do Pandeiro na Portela).
É neste cenário que chega Aroldo Fiorde, apelidado “Melodia” graças ao vozeirão e a pecha de compositor moldada nas rodas de samba e gafieiras da Ilha do Governador. Passou por diversos blocos carnavalescos do outro lado da Baía de Guanabara (Guerreiros da Ilha, Boi da Ilha) até chegar à União da Ilha do Governador na época em que desfilava na Praça XI. Aroldo Melodia foi um dos protagonistas da projeção e da fase áurea que a escola tricolor teve – da segunda metade dos anos 70 até a primeira metade da década de 80 – quando consagrou o estilo bom, bonito e barato de fazer carnaval, apesar de nunca ter conquistado um título no Grupo Especial.

Aroldo Melodia foi responsável por instituir os hoje obrigatórios gritos de empolgação tanto para a escola que desfila (vamos lá, bateria; gira minhas baianas) quanto para o povo que assiste (canta, meu povo). Após marcar sua passagem na União da Ilha, Aroldo também emprestou seu talento à Mocidade Independente de Padre Miguel, Acadêmicos de Santa Cruz, Caprichosos de Pilares, Unidos da Ponte e até na pequena Camisolão, de Niterói. Em 1986, foi contemplado com um Estandarte de Ouro de melhor puxador.

A trajetória de Aroldo Melodia foi interrompida devido a um derrame sofrido logo após o carnaval de 1996, o que obrigou o velho intérprete a andar de cadeira de rodas e se afastar do microfone no desfile principal. Seu último registro fonográfico está presente no CD do Grupo de Acesso de 2006, em que gravou, com Rixxa, a faixa da escola de samba Flor da Idade. Aroldo faleceu em 2 de julho de 2008, vítima de falência múltipla dos órgãos causadas por insuficiência cardíaca e respiratória. Seu estilo deixou diversos discípulos, entre eles, seu filho Ito, que começou como apoio de seu próprio pai.

Aroldo Melodia gravou alguns discos solo nos anos de 60, 70 e 80, entre LPs e compactos.


INÍCIO: blocos carnavalescos da Ilha do Governador, como os Guerreiros da Ilha e o Boi da Ilha.
1970 a 1983 – União da Ilha do Governador

1981 a 1983 – Camisolão (Niterói)

1984 – Mocidade Independente de Padre Miguel

1985 (Grupo Especial) e 1986 (Grupo Acesso) – Acadêmicos de Santa Cruz

1986 e 1987 – União da Ilha

1989 (Grupo Especial) e 1990 (Acesso) – Unidos da Ponte

1990 – Caprichosos de Pilares

1991 e 1992 – União da Ilha

1995 e 1996 – União da Ilha

GRITO DE GUERRA: Canta, minha Ilha

GRITOS DE EMPOLGAÇÃO: “segura a marimba”; “há-hay”; “eu falei”; “segura, segura, segura”, “lindo, lindo, lindo”.

Principais composições: “Lendas e festas das Yabás” (74, com Leôncio), “O que será?” (79, com Didi), “Azul, vermelho e branco” (samba de quadra).

Estandarte de Ouro: 1986 

Nenhum comentário:

Postar um comentário