segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Augusto Calheiros

(Maceió/AL, 5 de junho de 1891 ****** Rio de Janeiro/RJ, 11 de janeiro de 1956)

Transferiu-se ainda muito jovem de Maceió para o Recife, entrando em contato com a família do bandolinista Luperce Miranda onde todos eram músicos.

Tornou-se conhecido como "A Patativa do Norte", por sua voz afinada e estilo peculiar de interpretação. Foi convidado a ser o cantor do grupo formado pelos irmãos Luperce (bandolim), João (bandolim), Romualdo Miranda (violão), Manoel de Lima (violão) e João Frazão (violão). Por sugestão do historiador Mário Melo foi escolhido o nome de "Turunas da Mauricéia", em lembrança aos tempos do domínio holandês e do governo de Maurício de Nassau.

Em 1927, os Turunas chegavam ao Rio de Janeiro, sem Luperce Miranda, que mudou para a Cidade Maravilhosa apenas alguns meses depois. Cantavam emboladas e cocos, ritmos até então desconhecidos na cidade, e trajavam roupas sertanejas, com chapéus de abas largas erguidas na frente, onde se podia ler: "Guajurema", "Riachão", "Periquito" e "Patativa do Norte".

Estrearam com sucesso no Teatro Lírico, em espetáculo patrocinado pelo Correio da Manhã. Suas apresentações na Rádio Clube marcaram época. A embolada "Pinião", de sua autoria e Luperce Miranda, que integrava o repertório do grupo, foi cantada em toda a cidade, constituindo-se em grande sucesso da carnaval de 1928. Ainda em 1927, Augusto Calheiros participou das primeiras gravações com os Turunas da Mauricéia que registraram outras composições de sua parceria com Luperce Miranda como a canção "As belezas do sertão" e o samba "O pequeno Tururu".

Em 1929, os Turunas da Mauricéia gravaram quatro composições de sua autoria, os sambas "Eu vi camaleão", "É boi"; "Minha viola é boa" e "Trem passageiro".

Em 1930, Augusto Calheiros lançou pela Odeon seu primeiro disco solo, interpretando os sambas "Teu olhar", de Miguel Silva e "Foram dizer", de Vantuil de Carvalho e passou a atuar em carreira solo. No mesmo ano, gravou na Parlophon a marcha "Didi meu bem", de Eduardo e o samba "Perdoa e confessa", de P. F. dos Santos e André Filho. Nesse período, apresentou-se na Casa de Caboclo, casa de espetáculos no Rio de Janeiro, criada e dirigida pelo dançarino Duque.

Em 1931, gravou na Parlophon as marchas "Lalá" e "A canoa virou", ambas de Nelson Ferreira. No ano de 1933, gravou a valsa "Revendo o passado", de Freire Júnior, um de seus maiores sucessos e, a canção "Flor do mato", de Zeca Ivo e J. Francisco de Freitas. No mesmo ano, lançou pela Victor as canções "Alma de tupi", de Jararaca e "Céu do Brasil", de Henrique Vogeler e Jarararaca.

Em 1934, gravou "E me deixou saudade...", valsa de Costa e M. Amaral; "Caboclo de raça", canção de Jerônimo Cabral e Jararaca e "Mané Fogueteiro", samba canção de João de Barro. Em 1935, gravou a marcha pernambucana "Tô te oiando", de Nelson Ferreira; a canção "Meu sertão", parceria com Jararaca; "Falando ao teu retrato", de Jaime Florence e De Chocolat e o samba canção "O tocador de violão", de Claudionor Cruz e Pedro Caetano. Gravou em 1936, dos Irmãos Valença, as marchas canção "Que esperança, meu bem" e "Boneca sem coração". No mesmo ano, gravou de Jararaca os sambas canção "Cabana triste" e "Ilusão". Em 1937, lançou a valsa "Quero-te cada vez mais", de João de Freitas e Zeca Ivo e o samba canção "No meu sertão", de Ataulfo Alves. No mesmo ano, compôs com Manezinho Araújo o coco "Foi da Bahia" e a canção "Seresta do norte".

No ano seguinte, em 1938, Augsuto Calheiros gravou com Jararaca e Zé do Bambo os rojões "Do pilá" e "Engenho moedô", de autoria dos três. Em 1939, gravou as valsas "Minha vida em tuas mãos", de Luiz Bittencourt e Mário Rossi e "Vontade de amar", de Amado Regis e Avelar de Souza. No mesmo ano, gravou um disco com Antenógenes Silva interpretando as valsas "Ave Maria", de Erotides de Campor e Jonas Neves e "Se amas és feliz", de Antenógenes Silva e Osvaldo Santiago. Em 1940, gravou as valsas "Trinta minutos", de J. Portela e Portelo Juno e "Visão do passado", de Ratinho e Aldo Cabral e a canção "Rancho da encruzilhada", de sua parceria com Ratinho.

Em 1945, gravou o samba "Senhor da floresta", de René Bittencourt e a valsa "Bela", de sua autoria. No ano seguinte, gravou o samba "Meu ranchinho", de Miguel Lima e a valsa "Dúvida", de Luiz Gonzaga e Domingos Ramos. Por essa época era um dos campeões de vendagens de discos.

Desempenhou papel fundamental na iniciação profissional do violonista Dino Sete Cordas, ao convidá-lo a participar de espetáculos em circos nos quais se apresentava.

Em 1950, gravou na RCA Victor as toadas "Adeus Pilar" e "Pisa no chão devagar", ambas de sua autoria. Em 1952, gravou as canções "Serenata matuta", de Levino Ferreira e "Sonhando ao mar", de David Vasconcelos. No mesmo ano, passou a gravar na Todamérica onde estreou com a valsa "Grande mágoa", de José Luiz e José Rezende e o samba canção "No Rio Tietê", de José Batista. Em 1953, gravou a valsa "Sonho de ilusões", de sua aurtoria e a canção "Cabocla pureza", de Átila Nunes.

No ano de 1954, regravou a embolada "Pinião" e gravou a toada "Helena", de sua autoria. No mesmo ano, gravou a valsa "Pisando corações", de Antenógenes Silva e Ernâni Campos, a embolada "Samba do caná", de sua autoria e a canção "Chuá-chuá", de Pedro de Sá Pereira e Ari Pavão, além de algumas regravações. No mesmo ano, gravou na Todamérica as valsa "Meu dilema" e "Audiência divina", ambas de Guilherme de Brito. Em 1956, pouco antes de sua morte, foi lançado seu último discos com a valsa "Alda", de Mário Ramos e Salvador Morais e a canção "Flor do mato", de Francisco Freitas e Zeca Ivo, em gravação realizada em fevereiro do ano anterior.

Gravou os LPs "A patativa do Norte" e "Caboclo de raça", lançados pela Odeon.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB.

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