domingo, 25 de novembro de 2012

Cristina Maristany

(Cidade do Porto/Portugal, 11/8/1906 ******* Rio Claro/SP, 27/9/1966).

Transferiu-se com a família para o Rio de Janeiro com poucos meses. Formou-se em piano e como possuía uma voz de soprano de muita qualidade passou a estudar canto, tendo como professora Cândida Kendall.

Em 1930 lançou seu primeiro disco pela Odeon, ainda com o nome de solteira, Cristina Costa. O sobrenome Maristany era do marido, o jornalista Breno Maristany.

Gravou seu primeiro disco em 1930, pela gravadora Odeon, cantando a canção "Saudade sombria", de Bento Mossurunga e Silveira Neto e a valsa "Solidão", de Eduardo Souto e Osvaldo Santiago com acompanhamento da Orquestra Guanabara. Nessa época, apresentava-se com o nome artístico de Cristina Costa. Em seguida, com acompanhamento da mesma orquestra gravou os sambas-canção "Violinha" e "O sorrir brasileiro", de Henrique Vogeler e a valsa "Glorificação", de Peri Pirajá e Osvaldo Santiago. Nesse mesmo ano, transferiu-se para a gravadora Brunswick e lançou com acompanhamento da Orquestra Brunswick sob a direção de Henrique Vogeler a canção "Passarinho cantador", de Henrique Vogeler e Iveta Ribeiro e o samba "Pálida canção", de Henrique Vogeler e Josué de Barros. No ano seguinte, gravou com acompanhamento da mesma orquestra as canções "A roceirinha", de Henrique Vogeler e "É primavera", de M. C. Paim e Aratimbó.

Lançou pela Columbia em 1935 as serenatas "Estrellita", de Ponce e "El clavelito em tus lindos cabellos", de Francisco Mignone com o acompanhamento da Orquestra de Concertos Columbia.

Após ter feito grande sucesso cantando na Rádio Splendid, na Argentina, em 1937, transferiu-se para a Europa com o intuito de ficar dois meses, pois não tinha nenhum contrato de trabalho em vista. Nesse período, teve aulas com Madame Poukine. Mas a sua voz conseguiu reconhecimento na França e logo ela estava cantando árias de Mozart com a Orquestra Sinfônica de Paris. Suas apresentações se estenderam por Londres, Haia, Hamburgo e Berlim, onde os críticos alemães a consideraram o "Rouxinol brasileiro" e "a maior intérprete de Mozart" chegando a gravar discos na Alemanha pela Polydor.

Em 1939, foi acompanhada por Camargo Guarnieri, em Paris, para onde o compositor se transferiu para estudar contraponto com Charles Koechlin. Com a eclosão da 2.ª Guerra Mundial, Cristina Maristany retornou ao Brasil apresentando-se com orquestras e na Rádio Tupi do RJ, sendo considerada na época a mais importante cantora de câmara brasileira, cujo canto "penetra no ambiente de cada canção com rara autenticidade", para usar as palavras de Villa-Lobos.

Em 1940, gravou na Victor as canções "Canção negra", de Clutsan e Francisco Galvão e "Gaita", de Radamés Gnattali e Augusto Meyer. Nesse ano, foi contratada pela Rádio Tupi do Rio de Janeiro onde permaneceu por 16 anos. Em 1943, gravou uma série de três discos para a o acervo histórico-fonográfico da Discoteca Pública Municipal de São Paulo com as "Treze Canções de Amor", de Camargo Guarnieri, que fez os acompanhamentos ao piano.

Em 1949, gravou na Continental as canção "Canto de negros"; "Assombração"; "Toada número 3" e "Refrão do mutm", de autores desconhecidos. Nessa época, participou com razoável frequencia dos programas radiofônicos especialmente as do radialista Renato Murce, que por ela nutria grande admiração.

Em 1950 voltou a cantar na Europa fazendo grande sucesso em Roma e em Paris.

Em 1952, voltou a gravar na Odeon e registrou as canções "Prenda minha" e "Casinha pequenina", de motivo popular com acompanhamento do quarteto de cordas de Célio Nogueira. Em 1953, foi uma das fundadoras da Academia de Música Lorenzo Fernandes. Em 1955, na Odeon, regravou a canção "Estrelita", de M. Ponce e gravou a canção "Oh! Doce mistério da vida", de Herbert, Rida Johnson e versão de Alberto Ribeiro. Nesse ano, gravou as modinhas "Tormentos que eu padeço" e "Foi numa noite calmosa", com harmonias de Batista de Siqueira.

No ano de 1965 recebeu a medalha Carlos Gomes oferecida pela Academia Brasileira de Música.

Em 2002, o selo Revivendo lançou o CD "Quem sabe?", com destaque para a música título, de Carlos Gomes - Bittencourt Sampaio, e também para a "Ave-Maria", de Schubert com adaptação sua. Fazem parte ainda do disco as suas interpretações para as músicas "Saudade sombria", de Bento Mossurunga e Silveira Netto; "Solidão", de Eduardo Souto e Oswaldo Santiago; "Violinha", de Henrique Vogeler; "Glorificação", de Pery Pirajá e Oswaldo Santiago; "O sorrir brasileiro", de Henrique Vogeler; "Passarinho cantador", de Henrique Vogeler e Iveta Ribeiro; "Pálida recordação", de Henrique Vogeler e Josué Barros; "Canção negra", de Clutsam e Francisco Galvão; "Tuas mãos", de Francisco Mignone; "Variações sobre o tema de Luar do sertão", de Radamés Gnattali e Augusto Meyer; "Quando uma flor desabrocha", de Francisco Mignone; "Sou tão feliz", de Carlos Helm e Ariowaldo Pires; "Poema", de Zdenko Fibich e Ariowaldo Pires; "Canção da guitarra", de Marcelo Tupinambá e Aplecina do Carmo; "Tristeza (Tristess), de Chopin, com adaptação sua; "Hei de amar-te até morrer", de Moniz Barreto; "Se os meus suspiros pudessem", de domínio público e "Era tão lindo o meu amor", de Carolina Cardoso de Menezes.

Além dos discos no Brasil, gravou também em Paris, Berlim e Buenos Aires. Foi considerada por muitos como a maior intérprete de Villa-Lobos e também a mais importante cantora brasileira de música de câmara.

Faleceu na cidade paulista de Rio Claro, em 27 de setembro de 1966, aos 60 anos de idade.

Fonte: CCSP e Dicionário Cravo Albin da MPB.

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