segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Heitor dos Prazeres

(Rio de Janeiro/RJ, 23 de dezembro de 1898 ------- Rio de Janeiro/RJ, 4 de outubro de 1966)

Seu pai era marceneiro e tocava na banda da Policia Militar, atividades seguidas por Heitor que se iniciou como polidor de móveis e encontrou sucesso na área musical.

Estudou até a quarta série do primário e mesmo trabalhando desde os sete anos foi preso, por dois meses, aos treze, por vadiagem. Sua adolescência transcorreu entre a praça Onze e o Mangue, em contato com os "chorões" e os bambas do samba.

Começou a compor em 1912, aprendendo as lições da cultura popular com mestre Hilário Jovino, que o iniciou nas rodas de samba, em que era respeitado por ser um dos bons de pernada. Não perdia a Festa da Penha, onde mostrava suas composições, carregando o cavaquinho, que aprendeu a tocar antes de completar dez anos.

Já conhecido no ambiente do samba, participou da criação de algumas escolas, tendo sido um dos fundadores da "De mim ninguém se lembra", além de contribuir para o surgimento de outras como a "Deixa Falar", a ""Mangueira" e a "Portela", nos anos 20.

Em 1929, venceu um concurso de samba, patrocinado pelo jornal "A Vanguarda" e realizado na casa do mangueirense Zé Espinguela. O samba "A tristeza me persegue" seria gravado nos anos 70 pela Velha Guarda da Portela, com grande êxito. Começa então sua maior disputa com Sinhô, envolvendo a autoria de diversos sambas e que acabou rendendo, de parte a parte, algumas jóias da música brasileira.

Francisco Alves gravou "Ora vejam só" e "Cassino Maxixe", sendo suas autorias atribuídas exclusivamente a Sinhô, que com a reclamação de Heitor fez o samba-conselho "Segura o boi". Heitor replica com "Olha ele, cuidado!" e a briga ficaria por ai se "Cassino Maxixe" não fosse gravada por Mário Reis no ano seguinte (1928), com o título definitivo de "Gosto que me enrosco".

Heitor dos Prazeres voltou ao ataque com "Rei dos meus sambas", alusivo ao título de Rei do Samba de Sinhô, que tentou inutilmente impedir a gravação do protesto. Mais tarde Heitor recebeu trinta e oito mil-réis por sua parte na parceria de "Cassino Maxixe", acordo que lhe valeu também o reconhecimento da autoria.

"Deixaste o meu lar" é um samba só de Heitor, mas gravado em 1930 trazendo apenas o nome de Francisco Alves como autor, comprovando o comércio, a venda de sambas pelos compositores pobres aos ricos cantores do rádio.

Em 1931, casou com Glória dos Prazeres e, em 1932, apareceu como parceiro de Francisco Alves em "Mulher de malandro", época em que abandonou as escolas de samba para se tornar profissional de rádio. Criou um grupo para acompanhá-lo, batizado como "Heitor e Sua Gente".

Com Noel Rosa compôs o maior êxito do Carnaval de 1936, "Pierrô apaixonado". No ano seguinte, descobriu a pintura.

Sem abandonar o samba, iniciou-se como pintor primitivista, o que o levou a participar da Primeira Bienal de São Paulo em 1951, voltando a ela em 1953 e 1961. Esteve também em mostras coletivas em quase todas as capitais sul-americanas, em 1957; na exposição Oito Pintores Ingênuos Brasileiros, em Paris, em 1965; Pintores Primitivos Brasileiros em Moscou e outras capitais européias, em 1966. No mesmo ano em que morreu, representou o Brasil no Festival de Arte Negra, em Dacar; no Senegal.

Em 2009 o GRES Alegria da Zona Sul, escola de samba do carnaval carioca escolheu Heitor dos Prazeres como enredo, trazendo para a avenida: "Heitor dos Prazeres! Carioca da Gema - Um artista de corpo e alma".

Fonte: Site Cifrantiga.

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