(Rio de Janeiro/RJ, ******* Belo Horizonte/MG, 14/11/1980)
Lia Portocarrero de Albuquerque Salgado mudou-se ainda criança para Belo Horizonte, considerando-se mineira de coração, onde realizou seus estudos de canto no Conservatório Musical de Belo Horizonte, sob orientação de Nahyr Jeolás.
Lia estreou na cena lírica no ano de 1947, nas comemorações do Cinquentenário de Belo Horizonte, com “Cavalleria Rusticana”. Em 1949, apresentou-se no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, interpretando “La Bohème”, e desde então participou de todas as temporadas até 1972, em inúmeras óperas.
Cantou ao lado de celebridades como Mario Del Monaco, FerruccioTagliavini, Siminato, Boris Christoff, Guelfi, Italo Tajo, Rossi Lemeni, Georgi Mellis, Gottlieb, Tadei e Damiano.
Lia Salgado especializou-se em música erudita brasileira e dedicou-se à sua difusão no exterior.
Em 1959 gravou o disco "Interpretando Autores Brasileiros", pela Sinter. Já nos anos 60 lançou "Canções Brasileiras", pela Chantecler. Nestes discos foi acompanhada de Alceu Bocchino e Camargo Guarnieri, dois nomes de peso da música erudita brasileira, presentes não apenas nas músicas interpretadas, mas também (e principalmente) junto com a cantora, acompanhando-a ao piano. Vejam vocês a responsabilidade de Lia Salgado neste momento, gravando ao lado dos próprios autores. Mais que isso, a competência. Pois, poucos tiveram a oportunidade de estar em seu lugar, vivendo mais que um momento mágico, histórico!
Os dois discos foram relançados em 2009 em um álbum, em um delicado formato de livro, apresentado ao público num lançamento acontecido no Museu Histórico Abílio Barreto, em Belo Horizonte.
Um dos maiores nomes na música de câmara, hoje lembrada apenas num pequeno círculo musical, Lia Salgado foi talvez o nome mais expressivo, como intérprete da música erudita nos anos 50 e 60. Solista da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do RJ e da Sinfônica de Belo Horizonte, Lia também atuou nas mais importantes obras de gêneros camerístico, lírico e coral da época.
Foi casada com o médico Clóvis Salgado, figura de destaque na medicina, artes e política mineira. Clóvis Salgado foi vice-governador, governador e ministro da Educação e Cultura na fase de Juscelino Kubitschek. O casal teve três filhos.
Gravou 10 LPs de música brasileira, incluindo a primeira gravação de música colonial mineira, “Missa em Fá”, de Lobo de Mesquita. Apresentou-se com êxito em palcos da Itália, França, Espanha, Portugal, Inglaterra, Argentina e Estados Unidos.
Seu acervo com quase 600 itens (reúne fotografias, recortes de jornais, programas de óperas, partituras, diplomas, correspondências pessoais, estatuetas de premiação, além de discos de vinil gravados pela soprano ao longo de sua carreira) foi doado pela família para o Museu Histórico Abílio Barreto, em Belo Horizonte. Lá estão gravados domesticamente todos os seus LPs.Ela foi a cantora preferida dos compositores brasileiros, tais como Villa-Lobos, Mignone, Bocchino, Siqueira.
Fonte: Blog Toque Musical.
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