(Cabo de Santo Agostinho/PE, 27/9/1910 ******** São Paulo/SP, 23/3/1993)
Manuel Pereira de Araújo, artisticamente conhecido como Manezinho Araújo, foi um cantor, compositor, jornalista, pintor e serígrafo brasileiro.
Manezinho Araújo, era filho de Joventina Pereira de Araújo e de José Brasilino de Araújo, um funcionário que trabalhou durante quarenta anos na estrada de ferro pela companhia Great Western, que é a segunda mais antiga do país e foi inaugurada por Dom Pedro II na antiga vila do Cabo no ano de 1858.
Quando jovem, fazia o Curso de Comércio. Foi em Casa Amarela, subúrbio do Recife, que aprendeu a embolar com Severino de Figueiredo Carneiro - Minona (1902-1936) - um dos primeiros divulgadores desse gênero musical sertanejo.
Quando rebentou a revolução de 1930, Manezinho Araújo viajou com um contingente do Exército. Quando o navio já se aproximava do Rio de janeiro a revolução terminou com a vitória dos liberais. Mas a tropa seguiu até seu destino. Naquela época Manezinho Araújo já era conhecido como cantor de embolada por seus companheiros de farda. Na volta da tropa para o Recife também viajavam no mesmo navio alguns artistas famosos, entre os quais Carmen Miranda, Almirante, Josué de Barros e outros. Foi, então, organizado um show a bordo e Manezinho Araújo dele também tomou parte, por insistência de seus companheiros de farda. E a participação do desconhecido cantor foi um verdadeiro sucesso; todos gostaram de suas emboladas, gênero musical pouco conhecido. O sucesso foi tão grande. que Josué de Barros prometeu lançá-lo no mundo artístico da então capital do país.
Três anos após, incentivado por seu mestre Minona e amigos, Manezinho Araújo foi tentar a vida no Rio de Janeiro, onde, em novembro de 1933, gravou, em selo Odeon, seu primeiro RPM que tinha de um lado A Minha prantaforma e, do outro, Se eu fosse interventô, duas emboladas de sua autoria, procurando satirizar a política e os políticos da época.
Com o sucesso de seu primeiro disco abriram-se as portas para o jovem cantor pernambucano e vieram outras gravações como Pra onde vai, Valente?, embolada motivada por sua ,ida, como soldado, para a Cidade Maravilhosa durante a revolução de 1930.
Todas as composições de Manezinho Araújo, notadamente as emboladas. continuavam a fazer sucesso. Seus discos eram muito vendidos em todo o país e sua música caiu na boca do povo, como também aconteceu com "Cuma é o nome dele?" e o "Caminhão do Coroné".
E Manezinho Araújo, da noite para o dia, passou a ser um cantor popular. Tão popular que em 1936 participou de um filme de Julien Mandel, Maria Bonita, cantando suas emboladas. Sabe-se até que ele foi o primeiro artista brasileiro a gravar jingles no Brasil, como o do sabonete Lifebuoy. E o óleo de Peroba patrocinou algumas de suas numerosas excursões e programas nas difusoras do país.
Dando continuidade a esse sucesso tão marcante, Manezinho Araújo prosseguiu sua carreira artística cantando e gravando toadas, cocos e notadamente emboladas, sua especialidade, chegando a ser considerado como Rei da Embotada.
Mas Manezinho Araújo não gravou somente composições de sua autoria. Faziam parte de seu repertório composições de parceria com outros autores.
Nos meados da década de 1950, "a música nordestina passou a ceder lugar a novos ritmos, muitos deles importados. Desapontado com o ambiente artístico e pressentindo o fim de uma época, Manezinho Araújo despediu-se de seu público, aos 44 anos, em 1954, num espetáculo no Tijuca Tênis clube que lotou o auditório com 15 mil pessoas. Com a renda, montou no Rio um restaurante, o Cabeça Chata, servindo culinária nordestina e inclusive inventando pratos que até hoje levam seu nome.
Por volta de 1960 passa a dedicar-se à pintura, em estilo primitivo. Passava para as telas cenas da infância, da juventude e da maturidade, retratando as raízes do Nordeste do Brasil: cidades, paisagens, palafitas, barqueiros, marinhas, pescadores e baianas. Segundo a Fundação Joaquim Nabuco, realizou mais de trinta exposições e os seus quadros sempre foram bem vendidos. Algumas de suas pinturas se encontram em museus regionais, como o de São Luís (MA), o de Araxá (MG), de Feira de Santana (BA). Duas telas do autor, inclusive, estão expostas no museu da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, Portugal.
Manezinho Araújo morreu esquecido por sua cidade natal e pelo povo pernambucano.
Fonte: O Nordeste / Gazetanossa.
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