domingo, 25 de novembro de 2012

Romeu Féres

(São Paulo/SP, 1918 ******* Santos/SP, 2009)

Cantor. Regente. Barítono. Tocava alaúde, um dos mais antigos instrumentos de cordas do mundo, o qual aprendeu com o poeta árabe Nahat, que foi o fabricante do alaúde no Brasil.

De origem árabe, filho de pais libaneses, desenvolveu carreira artística por mais de 30 anos. Considerado o primeiro intérprete profissional da música árabe no Brasil.

Iniciou a carreira artística na década de 1940. Cantava em sete idiomas (italiano, português, francês, espanhol, alemão, russo e árabe).

Atuou no Cassino da Urca, ao lado de Elvira Rios, Pedro Vargas e José Mojica.

Estreou em discos em 1945, quando assinou contrato com a Continental e gravou a serenata "O' marenariello", de G. Otaviano e Gambardella, e a canção "Torna", de P. Vento e N. Valente. Em 1946, gravou as modinhas "Quem sabe?", de Carlos Gomes, e "Morena, morena", de motivo popular com acompanhamento de Gabriel Migliori e sua orquestra. Dois anos depois, gravou o slow "Malinconica luna", de C. A. Bixio, e a canção napolitana "Na sera e maggio", de Cloffi. Em 1949, numa apresentação especial, foi recebido por Eva Perón na Casa Rosada, tendo Evita patrocinado seu recital no Gran Theatro Splendid.

Em 1952, gravou as canções "Paixão (Passione)", de Bovio Galente e Tagliafeeri Falcão, e "O beijo", de Felipe Lutesallah e Sergio Falcão. Em 1953, gravou o slow "Mamãe por quê?", de R. Rascel e Mauro Pires, e a canção "Mãe querida", de F. Russo, E. Nutile e Domingos de Castro Lopes. Em 1955, contratado pela Odeon gravou as baladas "Mais um pouco de amor", de Ronin e Broszky, e versão de Haroldo Barbosa, e "Eu tive que te beijar", de Robin e Brodszky, e versão de Ghiaroni. No mesmo ano, gravou "Malagueña",de Ernesto Lecuona, e versão de Júlio Nagib, e "A la virgen del Pilar", de Spartaco Rossi e Armando Mota. Em 1956, gravou com acompanhamento de Luis Arruda Paes e sua orquestra a canção "Santa Lucia Luntana", de E. A. Mário e Júlio Nagib, o fox-canção "Olhar cigano", de Monti e Júlio Nagib, e as canções "Lamento de amor" e "Uma voz ao telefone", que tiveram adaptações suas. No mesmo ano, lançou o LP "Jóias árabes" com oito temas árabes tradicionais com adaptações suas: "Dança regional (Ya Ghozayel)"; "Lamento de amor (Waili minéi garami)"; "Uma voz ao telefone (Hakini al telefón)"; "Sonho de primavera (Saifie)"; "A deusa do amor (Zabiatal unsi)"; "Folklore libanês (Al yédi)"; "Dança típica (Dalóna)", e "Aloma (Aloma)". Esse foi o primeiro disco com gravações de canções árabes no Brasil e tornou-se um disco histórico e raro. Em 1957, também com acompanhameento da orquestra de Luis Arruda Paes, gravou o beguine "Dá-me tuas rosas", de Ernesto Lecuona, e o fox "Scapricciatiello", de F. Albano e P. Vento, ambas com versões de Júlio Nagib. Nesse ano, lançou o LP "Tardes orientais" com as canções "Sonho de amor"; "Minha saudade"; "Minha morena"; "Rosana"; "Barhum"; "Machal"; "Marmar Zamani", e "Dabki", todas de sua autoria em parceria com o compositor árabe Tanios Baaklini. Em 1958, com acompanhamento de Ciro Pereira e sua orquestra, lançou os boleros "Quedo", de Hammerstein II, Romberge Camacho, e "Leila", de Nelson Novais. Em 1959, apresentou-se na cidade italiana de Roma, e numa apresentação no restaurante Alfredo deixou os espectadores impressionados com sua voz.

No ano de 1960, gravou com acompanhamento da Orquestra de Luis Arruda Paes os foxes "Mustafá", de B. Azzam e E. Barclay, e "Baciere, baciere", de J. Niessem e W. Dehmel, ambos com versões de Sidney Morais. Em 1962, gravou com acompanhamento de Waldomiro Lemke e sua orquestra o rock-balada "Sonho de amor", de Pachequinho, e o bolero "Vurria", de Rendine e Pugliese. Participou da fundação da TV Tupi de São Paulo ao lado de nomes como Homero Silva, Maurício Loureiro Gama, Airton e Lolita Rodrigues, Márcia Real, e Hebe Camargo. Ao longo da carreira atuou ao lado de Maurice Chevalier e Jean Sablon, entre outros.

A partir de 1967, radicou-se na cidade paulista de Santos.

Recebeu por três vezes o Troféu Tupiniquim, e por cinco vezes o troféu Roquete Pinto. Apresentou na TV Tupi o programa "Antarctica no mundo dos sons".

Na cidade de Santos fez parte do Departamento Cultural do Clube Atlético Santista, do qual foi o criador do coral. Na década de 1990, organizou e regeu o coral do Clube Sírio-Libanês. Foi diretor artístico de várias entidades, dentre elas a Sociedade Italiana. Gravou discos pelas gravadoras Continental e Odeon.

Em 1997, sua vida e obra foi perpetuada no Museu da Imagem e Som (MIS) do Centro de Cultura de Santos.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB.

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