segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Zequinha de Abreu

(Santa Rita do Passa Quatro/SP, 19 de setembro de 1880 ******* São Paulo/SP, 22 de janeiro de 1935)

José Gomes de Abreu, conhecido como Zequinha de Abreu, era compositor, instrumentista e regente.

Filho do farmacêutico José Alacrino de Abreu, estudou na escola de São Simão, cidade vizinha, transferindo-se depois para o Colégio São Luís, em Itu/SP.

Em 1894, entrou para o seminário episcopal, em São Paulo/SP. Dois anos depois, fugiu e retornou à Santa Rita do Passa Quatro para trabalhar na farmácia do pai.

Estudou harmonia no seminário com o padre Juvenal Kelly (José Pinto Tavares). Datam de 1896 as composições "Flor da estrada" e o maxixe "Bafo de onça".

A Casa Sotero, do Rio de Janeiro (RJ), lançou as suas primeiras composições editadas, "Soluços d'alma" e "D'alva". Nesse período organizou uma banda e uma orquestra, que se tornaram conhecidas nas cidades do interior de São Paulo.

Num baile em Santa Cruz da Estrela (SP), conheceu a professora Durvalina Brasil, com quem veio a se casar em 1899. Residindo naquela cidade, abriu uma farmácia e afastou-se da música por um período, que seria breve.

De volta à Santa Rita do Passa Quatro, retomou seu envolvimento com as partituras, criando a Lira Santa Ritense e a Orquestra do Cinema Smart. Conseguiu um emprego como escrevente da coletoria e, em 1909, tornou-se secretário da câmara municipal. Além desssas atividades, continuava a compor e a coordenar a Lira Santa Ritense.

Em 1917, num baile em Santa Rita do Passa Quatro, apresentou um chorinho inacabado e ainda sem nome, que se tornou uma das músicas brasileiras mais gravadas em todos os países do mundo. Contam que, ao final da interpretação do número, impressionado com os pares que pulavam freneticamente, disse aos músicos: "Até parece tico-tico no farelo!" Surgiu daí o título definitivo, "Tico-tico no fubá", que, mais tarde, seria divulgada internacionalmente pela interpretação de Carmen Miranda.

Compôs também outro grande sucesso, a valsa "Branca", dedicada à filha do chefe da estação ferroviária local, Branca Barreto.

Uma de suas primeiras composições gravadas foi o tango "Astro apagado", por Arthur Castro.

Em 1919, mudou-se para São Paulo (SP), onde passou a trabalhar como pianista demonstrador da Casa Beethoven e na Orquestra do Bar Viaduto. Reforçava o seu orçamento interpretando ao piano suas composições e vendendo as partituras para famílias abastadas.

Em 1924, lançou o choro "Sururu na cidade", que fez grande sucesso devido à forma bem-humorada na qual retratava os dias agitados da Revolução Paulista daquele ano.

No ano de 1927 Zequinha de Abreu teve o samba "Pé de elefante" gravado por Francisco Alves na Odeon. Em 1930 teve a marcha "Patinando", parceria com Vicente de Lima gravada por Arnaldo Pescuma na Victor. Em 1931 a Orquestra Copacabana lançou de sua autoria a valsa "Coração amargurado". No mesmo ano, a Orquestra Colbaz lançou pela Columbia, seus dois maiores sucessos, o choro "Tico-tico no fubá" e a valsa "Branca". No ano seguinte, Jaime Vogeler gravou a valsa "Mulher", parceria com Naro Demóstenes e a Orquestra Típica Victor gravou as valsas "Morrer sem ter amado" e "Último beijo".

Em 1933, pouco antes da sua morte, foi fundada com 25 músicos a Banda Zequinha de Abreu. No mesmo ano, Celestino Paraventi gravou na Odeon as valsas "Tardes em Lindóia", parceria com Pinto Martins e "Longe dos olhos", parceria com Salvador Morais e Francisco Alves gravou de sua parceria com João de Barro, a valsa "Amor imortal".

No fim da sua vida, foi inúmeras vezes ao Rio de Janeiro/RJ, onde conheceu, por intermédio do compositor Bororó, o poeta e compositor Catulo da Paixão Cearense.

O acordeonista Antenógenes Silva gravou, em 1934, as valsas "Elza" e "Súplicas de amor" e a Orquestra Típica Victor, as valsas "Beijos divinais" e "Primavera de beijos".

Em 1942, Ademilde Fonseca gravou "Tico-tico no fubá", com versos de Eurico Barreiros. Em 1952, a Companhia Vera Cruz produziu, sob a direção de Fernando de Barros e Adolfo Celi, o filme "Tico-tico no fubá", baseado na sua vida, estrelado por Anselmo Duarte e Tônia Carrero. No mesmo ano, a Orquestra Star, da gravadora do mesmo nome lançou três dicos com composições de sua autoria, entre as quais, as valsas "Tardes em Lindóia", "Pensando em ti", "Tentadora" e "Aurora".

Em 1954, teve três obras regravadas em discos Copacabana pelo citarista Avena de Castro: o choro "Sururu na cidade", e as valsas "Branca" e "Tardes de Lindóia".

Já na década de 60, em 1962, Waldir Azevedo regravou "Tico-tico no fubá" na Continental. Em 1968, sua clássical valsa "Branca" foi regravada por Gilberto Alves no LP "E as valsas voltaram".

Em 1979, os pianistas Jacques Klein e Ezequiel Moreira lançaram pela gravadora Eldorado um LP com 12 canções de sua autoria, incluindo "Branca" e "Tico-Tico no fubá", além de resgatarem outras não tão gravadas, como "Tardes em Lindóia" e "Rosa desfolhada", confirmando, mais uma vez, a estreita ligação, no Brasil, entre músicos eruditos e compositores populares.

Boêmio , faleceu durante uma noitada, num quarto do Hotel Piratiniga, em São Paulo/SP, de ataque cardíaco.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB.

Nenhum comentário:

Postar um comentário