domingo, 25 de novembro de 2012

Aniceto do Império

(Rio de Janeiro/RJ, 11/3/1912 ******* Rio de Janeiro/RJ, 19/7/1993).

Aniceto de Menezes e Silva Jr. nasceu no bairro do Estácio. Sua data de nascimento oficial é 22 de março, devido à demora de seus pais, o estofador e lustrador Aniceto de Menezes e Silva e a dona-de-casa Crispiana Braga de Menezes da Silva, em registrá-lo.

Devido à sua facilidade de expressão, seus professores consideravam que ele prejudicava as aulas, devido a suas intervenções acima da média das de seus colegas. Deixou os estudos em 1926, antes de completar o primário.

Começou a freqüentar os ambientes do samba, jongo e partido alto aos 16 anos, tendo travado amizade com Paulo da Portela, Xangô da Mangueira, Alberto Lonato e outros bambas. Frequentador da agremiação Prazer da Serrinha, foi fundador da escola de samba Império Serrano, em 1947, ao lado de Antonio Fuleiro, Molequinho, Mocorongo e outros. Entretanto, nunca fez parte da Ala dos Compositores da escola, por não gostar de compor sambas-enredo.

Destacou-se no estilo partido-alto, firmando-se como um dos grandes partideiros da história, sem economizar nas construções gramaticais rebuscadas e no vocabulário pouco usual. Por causa deste talento, era o orador oficial da escola.

Grande conhecedor do jongo, gênero disseminado na região da Serrinha, dominava a ciência de outras manifestações musicais-religiosas da tradição africana, como o caxambu. Em 1977 gravou o disco "O Partido Alto de Aniceto & Campolino" (MIS) ao lado de Nilton Campolino, produzido por Elton Medeiros, com nove composições de sua autoria.

Aniceto do Império Serrano, como era conhecido, trazia nas veias as raízes do partido alto, onde em versos diretos, como ele, nunca existiu igual. Além de levar as raízes do jongo, do lundu, da capoeira, e de toda nossa origem musical.

Aniceto dividia sua vida entre o samba e o Cais do Porto, onde era estivador e o líder do Sindicato dos Arrumadores. O Cais do Porto era uma área de malandragem, onde vários sambistas trabalhavam, por serem de origem negra ou pobre. Aniceto se reunia com os outros sambistas, depois do horário do trabalho, para cantar sambas batucadas ou duros, sempre terminando num gostoso partido alto, com o destaque do próprio, que mandava seus versos de improviso, que eram admirados por todos os presentes.

Considerado pelos sambistas como um dos últimos mestres do partido-alto de raiz, tinha mais de 600 composições catalogadas, mas poucas foram gravadas. Seu único disco individual saiu em 1984 pela CID, "Partido Alto Nota 10", com participações de sambistas famosos como Martinho da Vila, Dona Ivone Lara, Roberto Ribeiro, João Nogueira, Zezé Motta e Clementina de Jesus. Já idoso e reverenciado como referência para os mais jovens, apresentava-se ao lado de outros representantes do partido-alto, como Wilson Moreira e Nei Lopes.

Pouco antes de morrer, Aniceto foi entrevistado para o documentário "Fio da Memória". Tratava-se da sua última performance, pois quando lhe perguntaram sobre o seu estilo de samba baseado em improviso (Partido Alto), começou a compor versos em ritmo de entrevista, encabulando o repórter, que por sua vez, preferiu mudar de assunto. Foi-lhe indagado sobre sua doença - diabetes -, ele deixou entender que não se lamentava, e até deu graças a Deus por isso. Como justificativa finalizou dizendo: Ele (Deus) sabe o que faz e eu não sei o que quero".

Já cego, faleceu em 1993.

Fontes: Samba & Choro, Wikipédia e Cliquemusic.

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