segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Canhoto da Paraíba

(Princesa Isabel/PB, 19 de maio de 1928 ******* Paulista/PE, 24 de abril de 2008)

Francisco Soares de Araújo usava como nome artístico Canhoto da Paraíba e também Chico Soares.

Por ser canhoto, tocava com o violão invertido, mas sem inverter as cordas, pois precisava compartilhar o mesmo violão com seus irmãos, que eram destros. Embora fosse filho de pai violonista, não teve a oportunidade de aprender com ele exatamente por ser canhoto. Canhoto aprendeu a tocar sozinho o instrumento musical.

O músico compôs choros com um “agradável sabor nordestino”. Conta a lenda que ao ver Canhoto tocar pela primeira vez, Radamés Gnattali ficou tão impressionado que teria gritado um palavrão e jogado seu copo de cerveja para o teto e que o dono da casa, ninguém menos que Jacob do Bandolim , nunca teria apagado a mancha do teto para lembrar o momento (tudo indica que é apenas lenda).

Pela extinta gravadora Rozenblit, gravou o disco “Único amor”(1968), que, recentemente, foi relançado em CD. Canhoto tinha a sensibilidade aguçada. Na ocasião, para acompanhá-lo, escolheu Henrique Annes, violonista de formação erudita que, mais tarde, viria a se tornar um dos maiores violonistas brasileiros. Já o produtor musical do disco foi Nelson Ferreira, grande maestro e arranjador de frevos.

Aclamado por muitos músicos como um dos expoentes do choro brasileiro e consagrado pela discografia antológica, Canhoto deixou algumas obras importantes, como: “Canhoto a Mais de Mil”, (1977); “O Violão Brasileiro Tocado pelo Avesso”, (1977); “Pisando em Brasa”, (1998); “Com Mais de Mil” (1997), produzido por Paulinho da Viola e “Pisando em brasa” (1993), que contou com as participações de Paulinho e do violonista Rafael Rabello. Junto com Paulinho da Viola, que produziu seu disco “O Violão Brasileiro Tocado pelo Avesso” percorreu o Brasil no Projeto Pixinguinha, divulgando o choro. Em 2005, o artista ganhou o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, tendo o trabalho de 75 anos de carreira.

Em 1998 sofreu um AVC que o deixou com o lado esquerdo do corpo paralisado, ficando assim impossibilitado de prosseguir com sua carreira e, em 2008, após infarto morreu aos 82 anos.

Reconhecendo o legado de Canhoto, Paulinho da Viola dizia que era comum Chico Soares roubar o show, sendo muito mais aplaudido do que ele. Paulinho também gravou em seu primeiro disco de 1971 o belíssimo choro “Abraçando Chico Soares”, que fez no estilo de composição do amigo.

Fonte: Site Janela Cultural.com

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