(Rio de Janeiro, 26 de novembro de 1911 — Rio de Janeiro, 30 de maio de 2002)
O compositor, letrista, poeta, radialista e ator Mário Lago nasceu no Rio de Janeiro, em 26 de novembro de 1911.
Filho do maestro Antônio Lago e de Maria Vicencia Lago, descendente de italianos.
Aos 7 anos de idade, em 1918, foi internado na Santa Casa vítima de gripe espanhola. No mesmo ano começou a estudar piano com Lucília Villa-Lobos, mulher do maestro Heitor Villa-Lobos
Em 1923, entrou para o Colégio Pedro II, tradicional colégio carioca. Na instituição, liderou uma greve de estudantes contra o uso obrigatório de canetas. Foi o começo de sua militância política
Em 1924, Mário Lago desistiu do piano piano, pois o estudo lhe exige muita disciplina. Entretanto, continuava a ouvir da casa do seu vizinho, o maestro Villa-Lobos, o som da flauta, do saxofone e do violão de Cartola e Pixinguinha que costumvam visitar a casa do músico
Aos 15 anos de idade, Mário Lago publicou seu primeiro poema, "Revelação", na revista "Fon-Fon"e começou a trabalhar no jornal "O Radical".
Formou-se advogado, mas só exerceu a profissão por três meses.
Em 1932, Mário Lago foi preso pela primeira vez. Após um comício na porta da fábrica de tecidos Mavilis, da América Fabril, foi surpreendido pela polícia próximo a uma bandeira do PCB. Ficou dois dias na cadeia. Nessa época passou a ser conhecido no partido pelo nome de "companheiro Pádua"
Em 1933, Mário Lago passou a escrever textos para o teatro de revista e, a partir de 1944, trabalhou durante cerca de 20 anos no rádio. Em 1954, entrou para a televisão, no programa Câmera 1, da TV Rio. Em 1964, o "Compañero Pádua", seu codinome no PCB, teve cassado o seu emprego na rádio Nacional.
Mário Lago manteve o engajamento político por toda a vida e participou de várias campanhas eleitorais após a democratização do país, em 1985. Teve presença também nas campanhas pelas eleições diretas, em 1984, e pela anistia, no final dos anos 70.
Sua estréia como letrista de música popular foi com "Menina, Eu Sei de uma Coisa", parceria com Custódio Mesquita, gravada em 1935 por Mário Reis. Três anos depois, Orlando Silva gravou "Nada Além", da mesma dupla de autores.
Em 1936, Mário Lago e Custódio Mesquita escrevem a peça "Sambista da Cinelândia" que alcançou 200 apresentações. No ano seguinte, tornou-se membro do Cordão do Bola Preta, um dos clubes carnavalescos mais populares do Rio. Em fevereiro, entrou em cartaz a peça "Mamãe Eu Quero", resultado de mais uma parceria com Custódio Mesquita. A peça "Rumo ao Catete" foi encenada em julho do mesmo ano.
Também fez as canções "É Tão Gostoso, Seu Moço", com Chocolate, "Número Um", com Benedito Lacerda, o samba "Fracasso" e a marcha carnavalesca "Aurora", em parceria com Roberto Roberti, que ficou consagrada na interpretação de Carmen Miranda.
As românticas composições de Mário Lago, assinadas com Custódio Mesquita e Sadi Cabral, ganharam o país principalmente na voz de Orlando Silva.
Em 1942, o diretor teatral Joracy Camargo convidou Mário Lago para substituir o galã principal da peça "O Sábio", que não estava satisfazendo o diretor. Assim, por acaso, Mário Lago tornou-se ator. Compõs, no mesmo ano e em parceria com Ataulfo Alves, o samba "Ai, que Saudade da Amélia". Segundo Mário Lago, a 'Amélia' da música seria Amélia dos Santos Ferreira, lavadeira que trabalhava na casa de Aracy de Almeida e de seu irmão, o baterista Almeidinha, e que era capaz de fazer qualquer sacrifício por sua família ou por qualquer pessoa que a ela recorresse.
Os versos "Amélia não tinha a menor vaidade/ Amélia é que era mulher de verdade", ficaram tão populares que se tornaram sinônimo de mulher submissa, dedicada aos trabalhos domésticos, entre outras adjetivações.
Em 1944, Mário Lago começou a trabalhar na Rádio Pan-Americana, de São Paulo, a convite de Oduvaldo Vianna. Na rádio, fez os programas de auditório "Roda Gigante" e "Enigmas Musicais". No mesmo ano, a música "Atire a Primeira Pedra", parceria com Ataulfo Alves, foi gravada e fez enorme sucesso
Em 1945, Mário Lago passou a trabalhar na Rádio Nacional.
Em março de 1947, Mário Lago conheceu Zeli Cordeiro, filha do dirigente comunista Henrique Cordeiro, em um comício do Partido Comunista no Largo da Carioca. Em novembro do mesmo ano, os dois se casaram.
Demitido da Rádio Nacional, em 1948, Mário Lago começou a trabalhar na rádio Mayrink Veiga, onde escreveu a novela radiofônica "Pertinho do Céu".
No ano seguinte, Mário Lago foi preso na redação do jornal clandestino "A Classe Operária". Após ser libertado, deixou a rádio Mayrink Veiga. Em julho do mesmo ano, começou a trabalhar na rádio Bandeirantes, em São Paulo, após convite de Dias Gomes.
Com o PCB na ilegalidade, em 1950, Mári Lago foi candidato a deputado estadual pelo PST (Partido Social Trabalhista) paulista. Durante a campanha, fez um discurso inflamado onde chamou o governador de São Paulo, Ademar de Barros, de calhorda. Mário Lago foi demitido porque Ademar era o dono da rádio Bandeirantes. No mesmo ano, voltou a trabalhar na Rádio Nacional.
Em 1951, produziu o programa "Dr. Infezulino". Ao lado de Paulo Gracindo, foi um dos narradores da famosa novela cubana "O Direito de Nascer". Começou a escrever o seriado "Presídio de Mulheres" que ia ao ar diariamente, durante cinco anos.
Compôs, em 1953, com Chocolate, a música "É Tão Gostoso, Seu Moço", gravada por Nora Ney. Participou do filme "Balança, Mas Não Cai", de Paulo Vanderlei.
Em 1954, Mário Lago estreou na TV no no programa "Câmera Um", na TV Rio. No mesmo ano, compôs, em parceria com Lúcio Alves, o samba "Só Errando o Português".
Em 1955, Mário Lago passou a produzir o programa de variedades "Vitrine Walita" que ia ao ar três vezes por semana. Também atuava no programa "Teatro Moinho de Ouro", da TV Rio.
Viajou, em 1957, para a então União Soviética em companhia de seu cunhado, o jornalista Henrique João Cordeiro.
Em abril 1964, Mário Lago foi preso em sua casa, em Copacabana, no Rio, pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e levado para a ilha das Flores. Foi transferido para o presídio Fernandes Viana, na Frei Caneca, e ficou preso por 58 dias. Foi demitido da Rádio Nacional por ter sido da diretoria do Sindicato dos Radialistas. Passou por situação financeira difícil. Para sustentar a família, começou a trabalhar em fotonovelas.
Em março de 1966, Mário Lago foi contratado como ator pela TV Globo. Seu primeiro papel na emissora foi o de Otto Von Lucher, um poderoso coronel nazista, na novela "Sheik de Agadir". Trabalhou no filme "O Padre e a Moça", de Joaquim Pedro.
No ano seguinte, fez o papel de um oficial do Exército no filme "Terra em Transe", de Glauber Rocha
Em 1968, adaptou para a TV Tupi de São Paulo o seriado "Presídio de Mulheres" e atuou no filme "Bravo Guerreiro", de Gustavo Dahl, além de atuar na peça "Os Inconfidentes" que teve direção de Flávio Rangel, poesia de Cecília Meireles e música de Chico Buarque. No dia 14 de dezembro, um dia após a edição do AI-5, Mário Lago foi preso antes de entrar em cena na peça "Inspetor, Venha Comigo". Foi libertado no dia 31 de dezembro do mesmo ano.
Voltou a ser preso em 25 de fevereiro de 1969, por ter feito a tradução de um livro sobre o Vietnã. Voltou à prisão na época da visita do senador norte-americano Nelson Rockfeller ao Brasil.
Em 1979, Mário Lago lançou o livro "Manuscrito do Heróico Empregadinho de Bordel" e também "Reminiscências do Sol Quadrado", em que relata seus meses de prisão nos primeiros dias do regime militar
Em 1980, Mário Lago e outras 35 pessoas foram anistiados e reintegrados à Rádio Nacional.
Sempre atuando na televisão e no cinema, em 1989, Mário Lago participou da campanha eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República.
Em comemoração aos seus 80 anos, em 1991, criou um show com músicas e histórias de sua autoria intitulado "Causos e Canções de Mário Lago". No mesmo ano, foi lançado o disco "Nada Além". Recebeu, também, o título de Cidadão Benemérito do Rio de Janeiro e lançou o livro "Segredos de Família", que reúne poesias, crônicas e fotografias dele e dos filhos
Em 1992, Mário Lago estreou o show "Mário Lago - Suas Histórias, Suas Músicas". Em 1996, fez o show "Mário Lago - Histórias e Músicas".
Em 26 de novembro de 2001, a rua Júlio de Castilho, em Copacabana, pára para homenagear o seu morador mais ilustre nos seus 90 anos. Lago participou da festa, ouviu o "Parabéns pra Você" e disse estar "torcendo para chegar aos 100 anos"
Em 16 de janeiro de 2002, recebeu em sua casa, das mãos do presidente da Câmara dos Deputados, Aécio Neves, a medalha do Mérito Legislativo, homenagem aos seus 90 anos.
Na sua última entrevista ao Jornal do Brasil, Mário revelou que estava escrevendo sua própria biografia. Convincente nas palavras, estava certo de que chegaria aos 100 anos. "Fiz um acordo com o tempo. Nem ele me persegue, nem eu fujo dele".
Mário Lago era contratado da Rede Globo e sua última atuação foi a participação na novela "O Clone", em que repetiu o personagem Dr. Molina, médico que combatia a clonagem e a inseminação artificial, já interpretado na novela "Barriga de Aluguel", também de Glória Perez.
Morreu no dia 2 de setembro de 2002, de enfisema pulmonar, aos 90 anos de idade, em sua casa, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
Viúvo desde 1997, deixou cinco filhos e nove netos.
Fontes: Sites Wikipedia; MPBNet; Cliquemusic; Folha On Line UOL.
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