(Rio de Janeiro/RJ, 31/12/1907 ****** Rio de Janeiro/RJ, 4/10/1981)
Conhecido como o “Bacharel do Samba”, Mário da Silveira Meireles Reis, foi um dos mais populares cantores da era do rádio.
Filho de um próspero comerciante, passou sua infância no bairro da Tijuca. Cursou o primário e secundário no Instituto Lafayette.
Aos 15 anos de idade jogou como meia esquerda na equipe juvenil do América Futebol Clube.
Nascido em uma família carioca abastada, começou a ter aulas de violão com Carlos Lentine na mesma época em que ingressou na faculdade de Direito, por volta de 1926. O segundo professor foi Sinhô (que conheceu na loja A Guitarra de Prata), conhecido como Rei da Samba, que, impressionado com o aluno, resolveu levá-lo para uma gravadora.
Mário Reis inaugurou em estilo de cantar diferente do que havia no Brasil até então. Ao contrário dos vozeirões do rádio, cantava coloquial, com outro timbre e uma divisão rítmica mais ágil, dando uma interpretação diferente às canções.
Seus primeiros sucessos foram gravações de músicas de Sinhô, como "Que Vale a Nota sem o Carinho da Mulher" "Jura" e "Gosto que Me Enrosco", essas duas últimas do compacto que foi seu primeiro grande êxito.
Foi colega de Ary Barroso na Escola de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, e foi o primeiro intérprete a gravar uma música do então desconhecido pianista e compositor: o samba "Vou à Penha", em 1929. No ano seguinte começou a gravar uma série de discos em dupla com o vozeirão de Francisco Alves, fórmula que mostrou-se extremamente bem-sucedida, e imitada, entre outras, pela dupla Jonjoca e Castro Barbosa. Apesar de ter-se formado em 1930, não chegou a advogar.
Apresentou-se cantando nas Rádios Sociedade, Clube, Philips (programa Casé) e Mayrink Veiga.
Na década de 30 firmou-se como um dos maiores intérpretes de Noel Rosa, que também foi seu parceiro. Entre essas gravações estão a de "Filosofia" (Noel/ André Filho) e "Meu Barracão".
Por ser contratado exclusivo da Odeon, em 1931, visitando São Paulo, gravou na Columbia um disco com o pseudônimo de C. Mendonça. As faixas: Não me perguntes, de Joubert de Carvalho e Quem ama não esquece, do próprio Mario Reis.
Ainda em 1931, excursionou com Francisco Alves, Carmen Miranda, Luperce Miranda, entre outros, por Buenos Aires, Argentina.
Gravou, em 1933, dois grandes sucessos de Lamartine Babo, "Linda Morena" e "A Tua Vida É um Segredo", e no ano seguinte "Alô Alô" (André Filho) em dueto com Carmen Miranda.
Em sua carreira fez parte do elenco dos filmes Alô, alô, Brasil, cantando Rasguei a minha fantasia, Estudantes, cantando Linda Mimi e Linda Ninon (ambos os filmes de Wallace Downey de 1935) e Alô, alô, Carnaval, cantando Cadê Mimi e Teatro da vida (filme de Ademar Gonzaga de 1936).
Outro grande êxito foi com "Agora É Cinza", de Bide e Marçal, que nos anos 80 voltaria a ser sucesso com Mestre Marçal, filho do compositor.
Afastou-se da vida artística somente voltando em 1939, a pedido da 1ª dama Dona Darcy Vargas, no espetáculo “Joujoux e Balangandãs” realizado no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Nele interpretou “Voltei a cantar” e, em dueto com Maria Clara Correia, “Joujoux e Balangandãs”, ambas de autoria de Lamartine Babo. Por esta ocasião gravou ainda três discos, dentre as músicas “Voltei a cantar”.
Mário Reis se apresentou vestido de casaca e na entrevista que concedeu à Rádio Jornal do Brasil ele diz que esta foi a primeira vez que o samba entrou no Municipal e de casaca. A festa ocorreu nos dias 28 e 30 de julho de 1939 e tratava-se de uma seqüência de cenas costuradas por um texto de Henrique Pongfetti, Lea Azevedo da Silveira e Ilda Boavista transformando-se no show de elite mais comentado da época. Depois de gravar essas músicas, e mais dois discos na Columbia, afastou-se novamente da vida artística.
Não era de dar entrevistas, não gostava de ser fotografado ou aparecer em público, daí talvez a razão de seu declínio na vida artística. Trabalhou então como oficial do gabinete da prefeitura do então Distrito Federal.
Em sua carreira gravou ao todo de 163 músicas, quase que exclusivamente sambas e marchinhas.
Em 1957, passa a residir no Copacabana Pálace Hotel e em 1960 aceita o convite de Aluísio de Oliveira para gravar o LP “Mário Reis canta suas criações em Hi-Fi”. Em 1967, ao lado de Billy Blanco, Aracy de Almeida e Ciro Monteiro grava o LP “O melhor do samba”. Em 1971, lançou novo LP gravando novamente antigos sucessos e um novo, “A Banda” de Chico Buarque. Este LP foi lançado com apenas 11 músicas pois uma foi censurada, “Bolsa de amores”, de Chico Buarque.
A forma inovadora de Mário Reis cantar, adiantando ou atrasando a melodia nos compassos, influenciou pelo menos dois dos maiores cantores brasileiros, Orlando Silva e João Gilberto.
Mário Reis morreu aos 74 anos, mas deixou o legado de se ser o primeiro inovador na música popular brasileira e ao contrário do que ele poderia pensar, os seus sucessos em discos de 78 rpm não desapareceram e estão sendo catalogados, restaurados e digitalizados agora pelo Collector´s Studios, para deleite de seus fãs e das novas gerações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário