segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Stellinha Egg

(Curitiba/PR, 18 de julho de 1914 ********** Curitiba/PR, 17 de junho de 1991).

Stellinha Egg (Stella Maria Egg) nasceu numa família de seis irmãos (três meninas e três meninos: Jovita, Carlos, Stellinha, Arthur, Daniel e Rosinha) e cresceu recebendo a influência do ambiente musical existente em sua família - o pai cantava no coral e tocava flauta horizontal, a mãe tocava bandolim. Com cinco anos começou a cantar em festas da Igreja Evangélica. Posteriormente, participou de um concurso de cantores para PRB2, tirando o primeiro lugar, sempre acompanhada do seu violão. Mas tarde deixou de tocar violão e dedicou-se ao canto.

Sua carreira profissional se iniciou na Rádio Clube Paranaense, em Curitiba. Venceu um concurso de melhor intérprete do folclore brasileiro e foi contratada a partir daí pela Rádio Tupi de São Paulo, para onde se transferiu logo depois.

Na capital paulista trabalhou nas Rádios São Paulo e Cultura.

No início da década de 40, transferiu-se para a Rádio Tupi do Rio de Janeiro, onde se apresentou ao lado de Dorival Caymmi e Sílvio Caldas. Em 1944, gravou seu primeiro disco, pela gravadora Continental, interpretando a toada "Uma lua no céu... outra lua no mar", de Jorge Tavares e Alaíde Tavares, e o coco "Tapioquinha de coco", de Jorge Tavares e Amirton Valim.

No ano de 1945, casou-se com o maestro Lindolfo Gaya, que conhecera na Rádio Tupi, de São Paulo, e que a partir daí trabalharia nos arranjos de suas músicas, e de quem gravou, entre outras músicas, o samba "Não consigo esquecer você", a toada "Mais ninguém", parceria com Eme de Assis e o samba canção "Um amor para amar".

Em 1949, gravou de Ary Barroso, o samba canção "Terra seca". Em 1950, gravou o baião "Catolé", de Humberto Teixeira e Lauro Maia. No mesmo ano, foi eleita no Congresso Internacional de Folclore, em Araxá, Minas Gerais, como a Melhor Cantora Folclórica.

Em 1952, gravou a rancheira "Toca sanfoneiro", dela e Luiz Gonzaga, e a canção "Luar do sertão", de Catulo da Paixão Cearense. Em 1953, gravou, de Dorival Caymmi, as canções "O mar e Vento". Gravou também do mesmo autor, o samba canção "Nunca mais". Em 1954, gravou ainda de Caymmi, os batuques "Noite de temporal" e "A lenda do Abaeté".

Entre 1955 e 1956 excursionou à Europa, apresentando-se na URSS, França, Polônia, Finlândia, Itália e Portugal, acompanhada do maestro Lindolfo Gaia.

Em 1956, gravou o xote "O torrado", de Luiz Gonzaga e Zé Dantas e o clássico baião "Fiz a cama na varanda", grande sucesso de Dilu Melo. Em 1960, gravou na Odeon cantando com o Trio Yrakitan a limpa-banco "Entrevero no jacá", de Barbosa Lessa e Danilo Vital.

Dedicada ao estudo e pesquisa do folclore brasileiro, gravou diversas composições de domínio público e folclóricas, tais como a toada "Garoto da lenha de Angico", a toada "Boi Barroso", "Samba lelê", "A moda da carranquinha", "Cantigas do meu Brasil" e outras. Gravou ainda o LP "Luar do sertão", com composições de Catulo da Paixão Cearense, Ernesto Nazareth e Anacleto de Medeiros.

Gravou diversos LPs dedicados a distintos aspectos da música popular e folclórica, entre os quais: "Modas e modinhas", com modas de viola e modinhas, antigas e modernas; "Vamos todos cirandar", com canções de roda; e "Músicas do nosso Brasil", com canções tradicionais brasileiras.

Além de cantora e compositora era também atriz. Gravou 160 discos 78 rpm, 15 elepês e mais de 20 compactos gravados, entre 1943 3 1975.

Ao lado de Sylvia Telles formou a dupla caipira Mara e Cota para a gravação, no ano de 1959, de duas músicas de Tom Jobim, "Eu sei que vou te amar" e "Eu não existo sem você" (Leia mais em matérias relacionadas).

Stellinha também foi "professora primária", lecionando pela primeira vez em Antonina. De lá foi transferida para Curitiba, para um colégio anexo à Escola Normal, onde mais tarde se especializaria em Educação Física.

Stellinha e Gaya tiveram um casamento extremamente amoroso e harmonioso mas nunca tiveram filhos, pois julgavam que atrapalharia a profissão. Mais tarde, quando resolveram ter um filho, Stellinha não conseguiu engravidar.

O último show de Stellinha foi no Teatro Guaíra, em Curitiba. Adoeceu logo depois, ao mesmo tempo que o marido. Quando o marido morreu, ela não resistiu a perda, não perseverou em seu tratamento e faleceu.

Abaixo, transcrevemos trechos de algumas críticas sobre Stellinha Egg, em jornais da Europa:

“... Stelinha Egg est la plus remarquable spécialiste de l´art populaira brèsilien. Elle nous donne um rapide mais três savoreux authenticité aperçu de cris de la rua, ceux dês vendeus dês marchandes dês fleurs, bien doutre encore. Tapage éblouissant et d´une colur nouvelle qui termine heuresement ce disque, que nous recommandons vivement”. (Henry Jacques)
“Disque”, Paris.


“... Estava reservada uma surpresa ao público que acorreu a assistir Stelinha Egg... encontrar-se perante uma artista de excepcional grandeza, com uma personalidade e um talento que a situou para além do melhor que nos tem sido apresentado”.
“Diário de Notícias”, Portugal.


“... não é somente a cantora de voz magnífica e modulada. Stelinha Egg é sobretudo, uma grande atriz dramática de recursos extraordinários, vivendo e fazendo-se sentir o que canta... não faz diferença que as palavras sejam pronunciadas em língua estranha, pois ela com sua arte expressiva, fala a todos os povos na mesma linguagem...(Constantin Vishnevetski)
“A Tarde”, Moscou.

Fontes: Cantoras do Brasil e Atrilha.blogspot

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