segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Waldir Azevedo

(Rio de Janeiro/RJ, 27 de janeiro de 1923 ******* São Paulo/SP, 20 de setembro de 1980)

Criado nos subúrbios do Rio de Janeiro, o compositor e instrumentista Waldir Azevedo aprendeu flauta, violão e cavaquinho.

Na infância, passada no bairro do Engenho Novo, costumava apanhar passarinhos que depois vendia. Foi assim que conseguiu dinheiro para comprar seu primeiro instrumento, uma flauta, quando tinha sete anos de idade. Pouco depois, trocou a flauta por um bandolim e começou a se reunir com amigos para tocar música, aos sábados. Do bandolim foi para o cavaquinho, instrumento com o qual se tornaria conhecido nacionalmente anos mais tarde.

Na década de 1930, quando o violão elétrico entrou na moda, Waldir Azevedo abandonou o cavaquinho por algum tempo. Já que a flauta havia sido seu primeiro instrumento, não é de se estranhar que sua primeira apresentação em público tenha sido exatamente como flautista. Aconteceu no Carnaval de 1933, quando tocou "Trem Blindado", de João de Barro, no Jardim do Meyer.

Sonhava ser aviador, mas como sofria de problemas cardíacos pôs de lado os planos de aviação e conseguiu um emprego na Light, casando-se em 1945. Até meados da década de 1940, a música era para Waldir Azevedo uma atividade de amador.

Iniciou a carreira artística em 1940 quando montou um conjunto regional e passou a se apresentar em diversos programas de calouros. Em 1942, foi vencedor de dois concursos de calouros, um na Rádio Cruzeiro do Sul e outro na Rádio Guanabara. Na ocasião, recebeu nota máxima pela interpretação do choro "Camburá", de Pascoal de Barros ao violão. Foi contratado em seguida pela Rádio Guanabara.

Em 1943, Waldir Azevedo passou a atuar profissionalmente no conjunto regional de César Moreno. Logo depois do casamento, ainda durante a lua-de-mel em Miguel Pereira (RJ), em 1945, que soube de uma vaga para cavaquinista no regional de Dilermando Reis, em um programa da Rádio Clube do Brasil. Acabou sendo aceito por Dilermando que lhe passou a liderança do conjunto, dois anos mais tarde.

No final da década de 1940, compôs o choro "Brasileirinho", quase que por acaso, que seria gravado com bastante sucesso tanto por ele quanto por Ademilde Fonseca.

Em 1949, trabalhando na Rádio Clube, que ficava no mesmo prédio da gravadora Continental, Waldir Azevedo foi ouvido pelo diretor artístico, o compositor Braguinha, que o convidou a gravar. No mesmo ano, gravou com seu regional seu primeiro disco na Continental interpretando de sua autoria os choros "Carioquinha" e "Brasileirinho", este, por sinal tornaria-se um clássico da música popular brasileira com diversas regravações.

Em 1950, gravou seu primeiro disco solo na Continental interpretando ao cavaquinho os choros "Cinco Malucos", de sua autoria e "O que é que há", de Dilermano Reis. Em seguida, gravou, também solando ao cavaquinho, os choros "Quitandinha", parceria com Salvador Miceli e "Vai por mim", de Francisco Sá e Risadinha do Pandeiro. No mesmo período, registrou com seu regional o baião "Delicado", outra de suas composições que se tornou não apenas um grande sucesso, como também um clássico da música popular, tornando-se um recordista de vendagens em 78 rpm e entrando para o hit parade da revista americana Cash box como uma das mais vendidas em todos os tempos. Acompanhou também na mesma época, com seu conjunto, a cantora Ademilde Fonseca na gravação do choro "Brasileirinho", que recebeu letra de Pereira Costa.

Em 1951, Waldir Azevedo gravou os choros "Pedacinho do céu", de sua autoria e "Camundongo", parceria com Risadinha do Pandeiro. Nessa época, formou um conjunto e gravou no mesmo ano o choro "Paulistinha" e o frevo "Cachopa no Frevo", de sua autoria. No ano seguinte, gravou solando ao cavaquinho o choro "Mágoas de um Cavaquinho", parceria com Fernando Ribeiro e a valsa "Chiquita", de sua autoria. Também em 1952, gravou com seu conjunto o choro "Vai Levando", de Risadinha do Pandeiro e Jorge Santos e o baião "Mengo", parceria com Edinho.

Em 1953, gravou "Ave Maria com prelúdio", de Gounod e Bach, "Brincando com o cavaquinho" e "Vôo do marimbondo", as duas de sua autoria. Em 1954, gravou com seu conjunto, com vocal de Albertinho Fortuna, o samba "Já é Demais", parceria com Jorge Santos e a marcha "Amigo do Rei", de Alberto Rego e Norival Reis. No mesmo ano, gravou na Todamérica com o Trio Madrigal o choro "Madrigal", de sua autoria. Ainda na Continental acompanhou com seu conjunto gravações de Aracy de Almeida e Dilermano Reis.

Em 1955, gravou os sambas "Na Baixa do Sapateiro", de Ary Barroso e "Amigos do Samba", de sua autoria e, com seu conjunto, os choros "Meu Sonho", de Risadinha do Pandeiro e "Conversa Fiada", parceria com Jorge Santos.

Excursionou pela América do Sul e pela Europa, algumas vezes a convite do Itamarati, na Caravana da Música Brasileira, criada pela Lei Humberto Teixeira. Excursionou ao Oriente Médio com o multiinstrumentista Poly. Teve músicas gravadas no exterior, principalmente em países como Japão, Alemanha e Estados Unidos. Nesse último, o baião "Delicado" foi gravado por Percy Faith e sua orquestra vendendo mais de um milhão de cópias.

Participou, ainda, de um programa na B.B.C. de Londres, Inglaterra, transmitido para 52 países. Em 1956, gravou com seu conjunto o samba "Para Dançar" e o choro "Nosso Amor", ambos de sua autoria. Em 1957, gravou o frevo "Evocação", do pernambucano Nelson Ferreira e o baião "Vai com Jeito", de João de Barro. No ano seguinte, gravou em forma de baião a modinha "Luar de Paquetá", de Freire Jr. e Hermes Fontes. Em 1960, Waldir Azevedo gravou os choros "Contando Tempo", de sua autoria e "Catete", de Humberto Teixeira. No ano seguinte registrou com seu Quarteto, de sua autoria, o choro "Jogadinho" e a valsa "Você, Carinho e Amor". No mesmo ano, lançou o LP "Waldirizando", no qual interpretou, entre outras composições, a música título, "Balada Oriental" e "A Voz do Cavaquinho", todas de sua autoria.

Em 1962, Waldir Azevedo lançou com o multiinstrumentista Poly o LP "Dois Bicudos Não Se Beijam", no qual os dois interpretaram "Boogie Woogie na Favela", de Denis Brean, "A Voz do Violão", de Horácio Campos e Francisco Alves, "De papo pro ar", de Joubert de Carvalho e a música título, de sua autoria, entre outras.

Em 1963, lançou "Longe de Você", seu terceiro LP na Continental, interpretando músicas como "Só Danço Samba", de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, "A Lua é Camarada", de Armando Cavalcânti e Klécius Caldas e "Pois Não", de sua autoria. Na Continental gravou um total de 38 discos em 78 rpm.

Em 1964, Waldir Azevedo sofreu um grande revés com a morte de uma das filhas e com isso diminuiu suas atividades artísticas.

Em 1967, retornou aos estúdios e lançou o LP "Delicado" pela London/Odeon interpretando uma série de clássicos da música brasileira, entre os quais, a música título, de sua autoria, "Prelúdio para ninar gente grande", de Luiz Vieira, "Kalu", de Humberto Teixeira, "Asa branca", de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira e "A saudade mata a gente", de Antônio Almeida e João de Barro. Este é considerado por muitos, como seu último grande trabalho como instrumentista.

Em 1970, Waldir Azevedo aposentou-se como diretor artísitico da Rádio Clube do Brasil.

Em 1971, mudou-se para a cidade de Brasília. No mesmo ano, sofeu um grave acidente com um cortador de grama, no qual quase perdeu um dedo, ficando afastado durante alguns anos das atividades artísticas. Em 1975, após cirugias corretivas e longas sessões de fisioterapia conseguiu voltar às atividades artísitcas e gravou o LP "Melodia do Céu" pela Replay/Continental, interpretando diversas composições de sua autoria tais como "Turinha", "Guarânia sSrtaneja", "Melodia do Céu" e "Chorando Escondido".

Gravou o LP "Minhas Mãos, Meu cavaquinho", em 1976, título dado em homenagem à pintora Cléa Maria Novelino que pintou um quadro a ele dedicado com o mesmo título e que foi premiado em um salão de belas artes. Ao final da música título, incluiu trechos da "Ave Maria", de Gonoud, num agradecimento ao seu restabelecimento e retorno à vida artística após o grave acidente em que quase perdeu o dedo anelar. Em Brasília teve contato com chorões da cidade e tornou-se um dos fundadores do Clube do choro da cidade.

Em 1977, lançou mais um LP pela Continental interpretando "Flor do Cerrado", de sua autoria e uma homenagem à capital brasileira. No mesmo disco, interpretou "Brejeiro", de Ernesto Nazareth e "Chão de Estrelas", de Sílvio Caldas e Orestes Barbosa.

Em 1978 gravou o LP "Lamento de um cavaquinho", registrando entre outras composições o "Choro Doido", de sua autoria, a "Valsa para uma Rosa", de Avena de Castro, "Naquele Tempo", de Benedito Lacerda e Pixinguinha e "Viagem", de Paulo César Pinheiro e João de Aquino. Em 1979, foi homenageado com um show comemorativo aos seus 30 anos de carreira numa grande roda de choro que contou com a presença de Paulinho da Viola; César Farias; Raphael Rabelo; Ademilde Fonseca; Arthur Moreira Lima; Copinha; Carlos Poyares; Isaías e seus chorões; Paulo Moura; Osmar Macedo e Celso Machado, além de João de Barro, o Braguinha. No mesmo ano, realizou show no Teatro Municipal de São Paulo do qual resultou um LP gravado ao vivo no qual interpretou obras de sua autoria como "Mágoas de um cavaquinho" e "Pedacinho do céu", e de outros compositores como "Vassourinhas", de Capiba e "Carinhoso", de Pixinguinha.

Em 1980, começou a preparar a gravação de um novo disco, e como era muito meticuloso em seu trabalho, gravou instruções em uma fita cassete tanto para os músicos que o acompanhariam como para o maestro Messias. Faleceu entretanto, em 20 de setembro de 1980, poucos dias antes de iniciar as gravações do novo trabalho. O disco foi gravado postumamente com a presença do músico Canhotinho, que ficou encarregado de substituí-lo. O LP recebeu o nome de "Luzes e Sombras", título de uma composição de sua autoria e teve incluídas as falas gravadas por ele como instrução para a realização do trabalho.

Waldir Azevedo deixou mais de 70 obras de sua autoria e gravou mais de 200 músicas, sendo considerado um marco na história da execução do cavaquinho.

Em 1999, foi homenageado por ocasião dos 50 anos de seu choro "Brasileirinho" com o lançamento de um songbook com sua obra lançado pela Todamérica e com um show na Cobal do Humaitá, RJ, com Henrique Cazes, Omar Cavalheiro, Marcelo Gonçalves e Beto Cazes.

Em 2000, foi lançada sua biografia assinada pelos jornalistas Sérgio Cabral e Eulícia Esteves. Em 2003 e 2004, o choro "Brasileirinho" voltou ao cartaz ao ser executado durante as apresentações solo da ginasta Daiane dos Santos inclusive na Olimpíada de Atenas, Grécia.


Fontes: Site Pedacinho do Céu; Dicionário Cravo Albin de MPB.

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